Capítulo Trinta e Três: Sofrimento, A Sexta Tempestade Siruss

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 Com ela morta, volto para a antessala em que Whithelly me espera, quando ela me vê, seu sorriso retorna.

– Vamos embora.

– Eu sabia que você iria vir me buscar – diz ela me abraçando, agora feliz, o Lide não está mais em seu braço, Jimmy conseguiu removê-lo.

– Marry, foi Brayan, ele me deixou ser capturada – diz Whithelly com urgência. – Ele também entregou uma mala com mapas para uma mulher fardada.

– Brayan... – Não consigo imaginar ele traindo a ANR, ele e seu pai dedicaram suas vidas à revolução e agora Brayan entrega tudo assim? E se alia a Altair? Não entendo, mas acima disso, não entendo o que a mãe do Marshall queria com Whithelly e comigo.

– Ela também me deu uma injeção e disse que a ajudaria a alcançar seus objetivos.

Aquela maldita, eu sinto muita raiva dela por querer usar minha irmãzinha e também de Brayan, se existisse alguma chance de eu aceitar namorar ele, agora isso se extinguiu completamente, ele conseguiu fazer com que o carinho de irmã que sempre sentir por ele se tornar raiva.

– Agora eu estou aqui, esquece tudo isso.

– Tá...

– Feche os olhos e me prometa que não irá abrir até que eu mande.

– Tá, eu prometo.

Ela fecha os olhos. Minha vontade é pegá-la no colo, mas ela cresceu muito e o ferimento em meu peito se abriria, então apenas pego em sua mão e a conduzo com cuidado para fora daqui, por entre os corpos, Whithelly larga a minha mão e eu olho para ela, sua felicidade se fora e ela está chorado, olhando para o Marshall inerte.

– Eu mandei você não olhar... – Era para repreendê-la, mas não consigo ser dura com ela.

Whithelly corre até Marshall e abraça seu peito, com o coração pesado me aproximo com passos lentos, sabendo que sofrerei para tirá-la dele, e principalmente por saber que ela está sofrendo.

Espero um momento para deixá-la se despedir, então toco suas costas, ela larga Marshall e abraça minha barriga agora chorando descontroladamente, envolvo-a em um abraço apertado.

Ao ver Whithelly chorar em meus braços e não ter um perigo iminente nos cercando para focar minha atenção, eu sinto-me melancólica e tenho vontade de chorar, mas novamente faço-me de forte, agora para não desabar na frente de Whithelly, já é difìcil demais enfrentar uma morte sem presenciar isso.

Meus olhos se enchem de lágrimas que luto para controlar, abraço Whithelly e olho fixamente para o Marshall, memorizando uma última vez seu rosto, então vejo seu peito mover-se lentamente, tão devagar que passa imperceptìvel a olhares rápidos, me aproximo e verifico para ter certeza de que não foi uma impressão minha, encosto a cabeça em seu peito e ouço os batimentos de seu coração ficando cada vez mais fortes, lentamente normalizando, aos poucos tornando-se ritmado e forte.

Antes de tudo, sinto o cheiro inconfundível da Marryweather, uma colônia à base de lírios silvestres de uma antiga marca, abro os olhos e vejo os cabelos loiros dela espalhados a minha volta, cobrindo o meu peito.

Vejo que realmente tinha razão, ela não morreu com aquele tiro e aquele potinho no laboratório destinado a mim foi ideia dela, ela está aqui é a única prova de que preciso para ter certeza que foi obra dela, mas não era para a minha morte como presumi e sim para de alguma maneira eu continuar vivo, para ela me resgatar.

Sinto sua mão fria e tensa lentamente afagar meus cabelos lisos carinhosamente. Eu olho atônita para seu rosto e o vejo de olhos abertos me encarando, ele geme de dor com o meu movimento brusco e repentino, me afasto dele repentinamente envergonhada.

Walking For Silence - InsurreiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora