Capítulo Dezenove: Reencontro, Confronto Decisivo

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Ouço a porta no hall de entrada bater, imediatamente tento alcançar a chave que a Marryweather deixou para mim, ela está distante, meu braço e meu peito começam a doer, insisto o máximo que posso e após longos minutos consigo alcançá-la.

Está muito quente e a parede no extremo do quarto começa a queimar, o apartamento todo está tomado por fumaça que entra em meus pulmões, me causando um acesso de tosse. Vou para a escadaria, o fogo está mais forte nos andares de cima, eles já estão quase totalmente consumidos pelas chamas. A Marryweather deve ter começado o incêndio nos andares superiores para me dar mais tempo.

Visto a farda completa para ser visto na rua como um soldado, o que considero ser a melhor opção afim de não me denunciarem, mesmo sabendo que as tropas de Altair estão procurando por alguém disfarçado de soldado. Desço as escadas para o andar térreo, está muito escuro, como em todos os prédios fora da Grande Capital este não possui energia elétrica.

Não consigo sair do prédio, têm soldados cercando todas as saídas, eles não vão arriscar perder seus homens por nada, não entrarão no edifício em chamas, eles querem me encurralar, as únicas opções que me deixaram é sair e ser detido ou ficar e morrer queimado. Não tenho muito tempo está extremamente quente e a qualquer momento tudo pode desabar, uma janela se estilhaça perto da recepção e uma granada começa a liberar fumaça, querem me obrigar a sair!

Prendo a respiração ao máximo que posso, então colocando a barra do paletó sobre o rosto, volto para a escadaria e vou para o subsolo, a lavanderia. Antes de o papai ser preso eu e a Trice costumávamos brincar aqui, e acabamos encontrando essa saída, ela dá em um antigo canal de fornecimento de água, e hoje está alagado por uma água suja que fede a esgoto, ando até o alçapão no centro da sala, este é a minha última esperança.

– Que droga! – está trancado, olho ao redor e vejo uma barra de ferro, a pego e com apenas um golpe consigo quebrar o cadeado enferrujado e entro no subsolo.

Não consigo ver nada, pela primeira vez estou feliz por esses dutos estarem quase vazios, daqui a água ia para os apartamentos, junto com a rede de esgotos tenho acesso a todo o setor. Sigo pelos túneis até uma câmara, no outro extremo do local tem uma escada ao lado de uma velha porta de ferro, atravesso o centro inundado até o meu joelho por uma água imunda.

Tento abrir a porta, mas ela está trancada, forço um pouco, mas quando meu peito reclama desisto, é o mais longe que posso chegar, devo estar a uns dois quarteirões do prédio. Subo as escadas e saio dos esgotos da cidade, percebo que estou atrás de uma metalúrgica desativada, dou de frente para o cano de um M8A16 a poucos centímetros do meu rosto.

– Você achou que eu me esqueceria dessa saída, eu sempre vou estar a sua frente "filhinho".

Não vou ser preso!

– Você nunca foi a minha mãe! Eu te odeio! – ela sabia que se eu ainda estivesse no prédio iria sair por aqui, ela planejara tudo, hoje não há soldados sob seu comando a rodeando como sempre, ela reservara um momento para um encontro familiar.

Ela mira em minha perna e puxa o gatilho, espero pelo projétil e a dor agonizante de mais um tiro, mas não sinto nada, pela primeira vez a sorte está do meu lado e a arma falhou.

Walking For Silence - InsurreiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora