Capitulo Vinte e Quatro: Foragidos, Beijo de Dor

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Mellanie

Acordo no meio da madrugada e levanto-me, ouço um som que me era tão comum na época da academia, reconheço imediatamente, são de soldados marchando, e veículos pesados muito próximos.

Vou até uma janela, levanto uma lâmina da persiana e olho para fora, vejo quatro jipes e dois blindados militares se aproximando, subindo a rua em nossa direção, numerosos pelotões cobrem a rua e dividem-se para fazer batidas de casa em casa à nossa procura.

Sabia que enviariam soldados atrás de nós, no entanto jamais imaginaria que seriam tantos, há muitos criminosos nos setores pobres que Altair ignora, mas agora a situação é diferente, o inimigo está em sua querida e intocada capital, dessa vez não serão omissos.

"– Eu não voltarei a ser pega! Não passarei por tudo novamente!"

Viro-me e saio do quarto, o corredor está escuro e silencioso, não ouço a mulher ou o Sam, então posso ouvir os soldados lado de fora, escuto o estrondo de uma porta sendo arrombada na casa ao lado, logo estarão aqui, preciso encontrar o Sam logo, temos que sair daqui.

Desço as escadas e vou para a ala onde o Sam estava dormindo, não o vejo e nem o cobertor que ele cobria-se. Um soldado bate com violência na porta, mandando abrirmos, vou até a janela mais próxima e vejo muitos soldados esperando impacientes, sei que não esperarão muito, se a porta não for aberta logo, eles invadirão.

Não percebo uma aproximação, até uma mão por trás de mim, tapar minha boca, quase grito, mas me contenho.

Viro-me e vejo o Sam.

– Vem! – sussurra ele para mim e então pega minha mão, ele conduze-me de volta ao piso superior e passamos pela mulher que vai abrir a porta, vejo uma escada retrátil descendo de um alçapão no teto que leva a um sótão, subo primeiro, rápida e silenciosa, é tudo que tento ser, é o que mais importa agora, o Sam vem logo atrás e quando subimos ele puxa a escada com uma corda, ao ela terminar o alçapão se fecha ficando exatamente como estava antes de ser aberto.

O sótão é baixo mais espaçoso do que eu havia imaginado, sua extensão cobre toda a casa entre o forro e o telhado.

– Agora estamos seguros, vamos ficar aqui até eles irem embora. – diz o Sam agora mais sossegado.

– Não estamos eles vão olhar aqui, é óbvio demais, precisamos continuar.

Olho a minha volta, sendo completamente fechado é muito escuro e o único foco de luz é das frestas do alçapão, mas eu vejo um feixe de luz vindo do teto há alguns metros de nós, levanto e ando de gatinhas e meu braço ferido atrapalha, passo por baixo de uma madeira que sustenta toda a estrutura, o Sam me acompanha. Assim que chego ao feixe vejo que estava certa, ele se origina de um pequeno buraco no telhado, começo a tirar as telhas aumentando-o, o Sam me ajuda sem questionar e logo se forma uma abertura grande o suficiente para passarmos, eu vou primeiro, e sai para a noite, está um vento gelado que dói minha pele por meu corpo estar ainda quente, sinto o cheiro do mar e vejo o oceano, agora negro, hoje a lua está coberta por pesadas nuvens de chuva, o que deixa a noite mais escura.

Do alto vejo tudo a nossa volta, várias ruas e casas muito iguais, um bairro da Capital que já fora rico e assim como muitas cidades pelo mundo agora está falida, mas ainda não está tão arruinado quanto Salty, vejo melhor os soldados, estão em várias direções, andando por várias ruas, enquanto os veículos andam lentamente nas ruas principais iluminando com um holofote tudo a volta, um soldado giro o holofote e a luz varre o telhado passando muito próximo de mim.

Walking For Silence - InsurreiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora