Capítulo Vinte e Seis: União, Dupla Perfeita

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Marshall

Embora as horas se passem muito lentamente o que é comum quando se está preso, sinto que meus últimos dias se passam mais rápido do que deveria. As correntes dependurando-me ferem meus pulsos exaustos, que imploram por um minuto de alívio.

Depois de eu ficar inconsciente na ala hospitalar ou confinado aqui por vários dias, não sei mais se é dia ou noite e nem quanto tempo ainda tenho de vida, só sei que a cada dia que se passa a execução se aproxima, conforme o tempo passa os meus ferimentos melhoram e as dores são cada vez menores, mas isso não faz diferença já que de qualquer maneira meu inevitável fim será uma morte pública.

Assim que se abre a porta de correr, eu sei que meu tempo acabou e que chegara a hora de minha execução. Preparo-me para sentir uma descarga de medo e agonia se espalhar por meu corpo correndo em minhas veias, mas estes sentimentos não chegam até mim. Diferente do que sempre imaginei não estou em pânico ou desesperado.

Meus olhos primeiro se fixam nas botas do guarda que entra, levanto o rosto e nem posso acreditar no que vejo, parece um sonho, mas estou olhando para os olhos excitantes da Marryweather me encarando com um sorriso perigosamente atrevido.

Ela está mais bonita do que da última vez que a vi, desconsiderando o fato estranho de ela estar vestindo uma farda militar, ela parece está mais arrumada como se enquanto eu estive preso ela tivesse passado esse tempo num SPA para se cuidar.

Ela se aproxima de mim, se estica para cobrir nossa diferença de altura e imprevisivelmente me beija, retribuo desejando que esse momento nunca chegue ao fim, entretanto ele é extremamente breve, nós dois sabemos que logo aqui estará cheio de soldados.

– Vim tirar você daqui. – Diz Marryweather se afastando de mim e guardando um revólver.

– Eu estava certo, você é louca mesmo... – digo brincando, sorrindo após um bom tempo, ela é a única que consegue despertar o humor em mim. – Você me colocou aqui e agora quer me soltar?

– Por isso eu vim, mas se querer ficar aqui tudo bem.

– Já que venho até aqui, não faz mal te acompanhar.

Ela tira um molho de chaves do bolso da farda roubada e liberta meus braços que estão pesados e doloridos, quase caio devido a uma fraqueza repentina, três dias sem ser Medicado fez meus ferimentos piorarem novamente e não sei quando foi à última vez que me alimentei.

Ela me ajuda apoiando-me com seu braço bom. Assim que a vertigem passa, nós saímos da cela, vejo dois guardas inconscientes ao lado da porta e outro no fim do corredor.

A Marryweather me entrega um mapa, para ser mais exato o mapa de ΩMEGA, me pergunto como ela o conseguiu.

Corremos lado a lado, percebo que ela reduz consideravelmente a velocidade para eu poder acompanhá-la. Meu corpo quer apenas aproveitar a liberdade do momento, gravar cada segundo que posso me mover como se fosse uma recompensa por ficar tanto tempo preso.

Está tudo tão quieto e silencioso que posso ouvir a respiração ofegante de nós dois. Guiados pelo mapa conseguimos chegar à entrada da ala presidiária sem problemas, mas a frente do portão há um bloqueio de duas fileiras de soldados armados com fuzis, o Clark e seu esquadrão agem com toda a calma, ainda se posicionando em pontos estratégicos, sabem que não iremos conseguir sair daqui. A Roseannie nos olha com uma expressão de satisfação, ela deve ter suspeitado de minha demora e alertado o irmão sobre mim.

Assim que os vejo engatilhando todos ao mesmo tempo, se preparando para atirar em nós, estendo o braço a fim de impedir que a Marryweather continue a caminhar para a morte certa e a puxo para a cabine de controle ao nosso lado, com o impacto ela cai sobre mim. Ela olha para mim esperando que eu arrume uma solução e assim podermos escapar daqui, sei que ela age apenas por impulso e isso agora a levaria ser fuzilada.

Walking For Silence - InsurreiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora