Capítulo Vinte e Oito: Execução, Morre um Herói

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Marshall


Desperto do pesadelo com a execução do meu pai debatendo-me com a tormenta de minhas memórias, as correntes novamente presas a meus pulsos estalando metalicamente com meus movimentos frenéticos e súbitos, sonhei novamente com aquele dia, mas dessa vez é por o dia da minha própria execução está se aproximando.

Desde que a Marryweather foi levada para longe de mim não paro de me preocupar com ela, de sentir constantemente sua falta, sinto uma necessidade incontrolável e crescente de saber o que aconteceu com ela e com a Whithelly, de saber como estão lidando o problema da Whithelly estar com o Lide preso ao pulso, de modo geral não consigo parar de me preocupar se estão bem e seguras.

Dessa vez estou vestido com um típico uniforme presidiário de ΩMEGA, vestido para minha execução, obviamente não me matariam fardado. A porta de correr se abre e dessa vez não é um anjo que veio me salvar, mas sim um executor frio que veio me matar. O Capitão Austin me encara odiosamente feliz.

O choro em minhas lembranças da Trice preenche o silêncio e a solidão entre as batidas ritmadas de meu coração acelerado, o som de centenas de vozes se destaca audíveis até mesmo daqui, não sei, mas toda a campanha que minha mãe criou com minha morte parece ter feito muitos desejarem assistir minha execução.

Pelo menos estarei livre de minhas memórias, lembranças mais opressivas e dolorosas do que as paredes de qualquer cela, do que qualquer coisa que me aguarde. Apenas lamento não poder cumprir minhas promessas para com a Trice, a Marryweather e principalmente a Mellanie que agora está morta. Eu acabei desenvolvendo o habito de prometer coisas impossíveis.

– Chegou à hora. – diz Austin limpando a garganta enquanto lê minha ficha, seu timbre pomposo é cheio de satisfação.

– Antes, me diga uma coisa, a Marryweather está viva? – Sei que é quase impossível dele me responder e mais difícil ainda ser a verdade, mas não consigo me conter, se fosse o Clark sei que mesmo por mera consideração a nossa antiga amizade, ele me diria.

– A Nacionalista que tentou te resgatar? – seus olhos brilham de satisfação e entusiasmo pela minha morte.

– Ela mesma.

– Ela deve estar feliz... Morreu como todo Nacionalista, lutando por ilusões idiotas.

Sei que as chances dele estar mentindo são muito altas, no entanto suas palavras realmente me afetam. Se a Marryweather não tivesse tentado me resgatar era para ela estar vivendo consideravelmente bem com a Whithelly em algum lugar temporariamente seguro e não estar presa ou até mesmo morta.

O único que me encara com pena é um homem ao seu lado, obviamente ele não é um soldado. Com a autorização do Austin ele me aplica uma injeção no pescoço, instantaneamente sinto toda minha força me deixar, abandonando meu corpo pesado como se eu estivesse extremamente desgastado fisicamente, com certeza é para me impedir de lutar.

– Guarda, solte o prisioneiro número 227.

Inquieto, Austin transfere o peso de um pé ao outro se mostrando impaciente. O guarda responsável por me soltar se mostra completamente hostil a mim.

Todos odeiam os Nacionalistas por acharem que eles lançaram as ogivas siruss e como todos, ele acha que sou o líder da ARN. Ele respira fundo, aproxima-se de mim um tanto cauteloso e tira um par de algemas do cinto de seu uniforme negro.

– Sem gracinhas. – diz ele libertando um de meus braços e já o prendendo num dos aros da algema. – Não estão muito apertadas, estão? – caçoa ele a todo o momento evitando olhar-me nos olhos, sinto vontade de lhe dar um soco.

Walking For Silence - InsurreiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora