Capítulo Trinta e Um: Adeus, Os Opostos se Encontram

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Pela primeira vez, não afogo minhas dores em lágrimas, juro me tornar mais forte com sua morte. Apenas Marshall mesmo para me fazer ficar tranquila mesmo de frente para um inimigo e ela sendo a única que realmente sente a mesma dor que eu, que compartilha esse momento lamurioso comigo.

Como também não me sinto totalmente à vontade, sou muito breve, me despeço de meu irmão mais rápido do que meu coração deseja e me afasto.

***

Sharon Kleyer

Bato a caneta no tampo da mesa enquanto espero impaciente na antessala pelo fim da votação, olho para o relógio pela milésima vez, parcialmente preocupada com o tempo, meus olhos se encontram com os de Walter Thistell, ele me encara com um sorriso otimista, desvio seu olhar para a Grande Capital com o céu matinal resplandecendo através na janela.

Hoje é o dia mais importante de minha vida, o dia que esperei por muito tempo e nada atrapalhará o meu humor.

Assim que a reunião fechada deles termina, volto seguida de Thistell para a sala do conselho, hoje a cadeira do líder supremo está desocupada, apenas esperando para ser minha.

O representante do conselho se levanta e começa a falar:

– Agora que todos os membros estão presentes, anunciarei o resultado. A Congregação Ministerial escolheu a Marechal Kleyer como Líder da Gloriosa Altair por um mandato de dez anos.

Olho para ele que me encara com ódio, seu sorriso otimista agora é de frustração. Eu já esperei tempo demais aguardando os dois últimos mandatos. Nem foi necessário eu usar minha última alternativa.

Assim que sou finalmente nomeada ao que sempre me pertenceu, levanto-me de onde estou e sento na tão esperada cadeira do líder na base da mesa do conselho. Sinto-me como a pessoa mais poderosa do mundo, e quando eu fizer Arcádia cair sob meus pés, serei mesmo.

– Peço que revoguem a decisão – tenta Thistell, mas ele já perdeu e nada me tirará esse posto agora. – Eu irei apresentar-lhes o resultado de algumas pesquisas que andei coordenando nas últimas semanas. – Ele sinaliza para um de seus homens que entra com uma pasta. Já estou cansada dessas chateações que Thistell inventa. – Aqui há provas de que a Comandante Kleyer está por trás de experimentos biológicos. – Suas palavras me atingem como uma descarga elétrica, ninguém pode saber disso ou estarei arruinada. – E foi uma das pessoas que omitiu e escondeu a Geração Fantasma, arriscando assim a segurança de toda Altair, o que é um crime gravíssimo.

– Me deixe ver isso!

Puxo a pasta do centro da mesa para mais perto de mim e a folheio, há varias fotos de experimentos que eu estou presente e textos com riqueza de detalhes do que fiz na época que tudo foi desmascarado pelo conselho e as pesquisas foram consideradas crime de estado. Thistell me encara hipocritamente, ele sempre soube das pesquisas e as financiou até se tornarem um peso para o sistema que criou.

– Além disso, tenho provas de que seu filho mais velho, Marshall é uma das crianças que devia ter sido eliminada, o que a obrigava a manter um convívio com grandes mentes da empreitada biológica, como o Dr. Willians Silence.

A raiva é crescente dentro de mim e parece-me que culminará numa explosão.

O regente do conselho se volta para mim com um falso pesar, certamente nem um pouco incrédulo, depois de ser investigada por associação aos Nacionalistas nunca mais deixaram de duvidar de mim.

– Comandante Kleyer, – começa ele entre um acesso de tosse devido ao peso da idade. – o que tem a dizer?

– Todos esses dados são falsos criados com o intuito de me tirar de meu posto recém-conquistado. Eu nunca trairia nossa gloriosa Altair.

– A partir desse momento, você será destituída de seu cargo de comandante, renunciará como líder de Altair e deixará sua cátedra na Congregação Ministerial de Altair. Será dado o prazo de três meses para que seja provada sua inocência e, se for o caso, você retornará aos seus postos. Nesse ínterim, o conselho manterá Walter Thistell no poder até que isso seja totalmente esclarecido.

Thistell armou tudo isso para caso eu saísse vitoriosa, ele também tem podres, é tão sujo quanto eu, mas ao contrário dele, não tenho provas para lhe acusar de sua participação nesses crimes, eu as entreguei ao Marshall quando ele desertou, se eu não tivesse feito isso, poderia impedir a vitória de Thistell, mas isso também não me colocaria na liderança do paìs, consolo-me pensando que eu ter entregado aquele fichário ao Marshall ao menos o fez matar muitos rivais meus.

Minha vontade é de matar Thistell agora mesmo, como já devia ter feito

há muito tempo, devia tê-lo matado quando éramos jovens e ele ainda não tinha poderes apenas um ideal como eu, mas sei que isso não é o melhor a se fazer agora, a morte de Thistell agora seria a minha declaração de traição a Altair, novamente tenho de contar com Marshall para me tornar a Líder Suprema.

Assim que a reunião termina, volto para minha sala.

Completamente frustrada, jogo tudo da mesa no chão e grito para tentar fazer a agonia e frustração deixarem-me em paz e repentinamente fico tonta e tenho de me apoiar na mesa para não cair, meu nariz começa a sangrar.

– Maldição, esse corpo velho e doente...

– Você está bem, senhora? – pergunta Austin entrando na sala ao ouvir o barulho.

Pego minha última ampola com o clone do sangue da Marshall e o injeto em meu braço, odeio estar sujeita a isso para manter os benefícios do Siruss em meu corpo e impedir os males que ele provoca, já estou me tornando dependente como se isso fosse droga e a cada dose que tenho de tomar dura menos tempo.

– Sim, eu estou bem.

– O Nacionalista está te esperando.

Recomponho-me, então Austin sai da sala e quando volta, ele está acompanhado. Uma silhueta surge de um canto escuro de modo que apenas metade de seu rosto cicatrizado me é totalmente visível, Austin em prontidão saca arma, sempre alerta em sua presença.

– O que a senhora irá fazer? – pergunta ele sem dar importância a Austin.

– Vamos continuar com o plano B – digo, Austin relaxa ao perceber que o conheço.

– Tem certeza que é isso que você quer? É muito perigoso ir adiante.

– Austin, eu esperei por vinte e cinco anos, não vou ficar quieta e apenas aguardar o fim desse mandato como das outras vezes e também não esperarei soldados virem me prender por meus crimes.

– Senhora, o que faço com Trice? – pergunta Austin sem tirar os olhos do nosso "visitante".

– A mantenha presa por alguns dias, se eu quero que tudo dê certo, Trice não pode ficar livre ou vai acabar abrindo uma brecha para Marshall realmente conseguir fugir, como sempre que teve a oportunidade o fez.

– Então, minha senhora, já está na hora de dar continuidade, pois logo será tarde para a segunda dose.

– Eu mesma irei para garantir que nada dê errado.

– Acho que não é necessário repetir que ela não seja ferida – me alerta novamente Brayan, odeio que me ameacem.

– Quanto a isso não se preocupe, tenho palavra.

Com a mão boa, ele pega a maleta de dinheiro do nosso acordo com Austine deixa a sala.

Walking For Silence - InsurreiçãoWhere stories live. Discover now