Capítulo Trinta e Um: Adeus, Os Opostos se Encontram

Start from the beginning
                                    

Pego sua mão e aceito que ele me conduza pela base, seguindo os corredores que levam ao pátio central onde ocorrem eventos abertos e execuções. Nessa semana, me habituei tanto a ΩMEGA e ter novamente a companhia de Clark sempre ao meu lado que parece que eu sempre servi aqui, como todo cadete deseja. Nem dá para eu acreditar que agora meu quartel seja MEGA e não Black Hawk, mesmo que seja temporariamente e eu esteja aqui por causa do reforço de pessoal para as eleições da Congregação Ministerial de Altair.

Nós passamos por alguns esquadrões apressados por alguma nova emergência no prédio principal, pergunto a Clark, mas ele não me responde o que realmente está acontecendo.

Não temos problema algum por eu estar fora de minha cela, eu ainda estou fardada, quase ninguém sabe que fui presa e todos estão apressados demais para reparar em mim. Logo chegamos ao pátio e o corpo de Marshall me é visível, ele está deitado, imóvel e inconsciente sobre uma maca que agora está deitada e a garota Nacionalista que dispensei no C.S.S. Kessler/Shail se encontra em pé ao seu lado, a mesma garota que fez Roxenne de refém.

Sinto raiva dela por isso, mas agora não é momento para esse tipo de sentimento, então, pelo Marshall, decido ser cordial com ela. Aproximo-me dela que se assusta com a minha presença e vira-se apressada para mim de maneira hostil, preparada para me confrontar, contudo não é isso que desejo.

– Não se preocupe não lhe farei mal, não hoje, afinal você também está sofrendo pela morte de meu irmão.

– Não estou chorando de dor e sim de ódio porque fui eu que o levei a ser pego. – Acho que existe muita mentira em suas palavras, mas é a primeira vez que ficamos de frente como pessoas e não soldados rivais.

Eu não a conheço em nada e por ser uma completa estranha, não sei se ela não quer demonstrar seus sentimentos a mim ou se realmente acredita no que diz.

Os braços de Marshall agora estão livres e as fivelas pendem em seus lugares de origem. Pergunto-me por que ela o soltou e como aqui não tem nenhum soldado, eu senti falta de oficiais em toda a base e justamente hoje que devia estar reforçado, com a reunião do conselho para eleger o novo lìder supremo, algo muito sério está acontecendo.

Vejo-a olhar para a tela no alto do prédio central de ΩMEGA que reproduz a morte de Marshall como se a execução fosse em tempo real e ele estivesse sendo envenenado agora.

– É apenas uma filmagem. A sentença foi cumprida um dia antes do programado para ninguém tentar resgatá-lo novamente. – Ela me encara quando começo a falar e continua calada.

– É melhor sair logo daqui, este lugar pode ser muito perigoso para alguém como você – digo uma vez mais negligenciando minha função como um soldado de Altair.

Ela relaxa toda musculatura, há pouco rígida demais para alguém que está em suas condições, visivelmente ruins. Assim que vê que não sou uma ameaça, volta a olhar para Marshall, ignorando-a, eu faço o mesmo.

Aproximo-me de seu corpo já sem vida sentindo o olhar dela em meus movimentos, sei que essa garota não baixará realmente a guarda enquanto eu estiver aqui. Toco o braço de Marshall carinhosamente, vendo seu rosto pela última vez e tentando memorizar cada detalhe.

Dobro-me sobre seu corpo e beijo sua bochecha fria.

– Você prometeu que tudo iria ficar bem, não está tudo bem agora –

digo em seu ouvido. Nem sei por que realmente cobro isso dele, já passou da hora de eu deixar de acreditar em contos de fadas.

Sinto-me culpada por sua execução realmente ter acontecido, sei que eu podia ter feito mais por ele. Muitas coisas me fizeram hesitar, como a dúvida de minha fidelidade, a esperança de que ele mesmo resolveria assim como prometeu, lealdade a Altair e acima de tudo medo das consequências que isso geraria, principalmente para Roxenne, que assim como nossa mãe, seria muito afetada por isso.

Walking For Silence - InsurreiçãoWhere stories live. Discover now