Capítulo Trinta: Carinho, Reencontrando Amores

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– Isso está muito estranho... – comenta Brayan mais para si mesmo do que para mim. Agora que ele comentou reparo em tudo que vimos hoje, está faltando pelo menos à metade da segurança que tinha quando eu a invadi para salvar o Marshall.

– Fácil demais...

Numa das telas vejo o pátio de execuções onde muitos da ARN perderam suas vidas. Estão nesse momento preparando tudo para a execução do Marshall que começará em breve e assim como aconteceu com todas as outras pessoas que consideradas importantes, a dele será transmitida abertamente.

O Jimmy hackeia o sistema deles para mim, enquanto aproveita para copiar os dados do computador central. Praticamente sem dificuldades Jimmy consegue acesso total (novamente fácil demais para não desconfiar) e encontra um laboratório secreto no subsolo. Ele escreve a senha da porta num papel e me entrega.

– Esperem! – chama-nos Jimmy quando estamos nos afastando dele. – Vocês vão querer ver isso...

Ele clica numa pasta chamada "Filtragem" e o computador trava, sem responder nenhum comando de Jimmy. Em toda a sala surge nos telões dependurados do teto uma planta de Stantgrow, do prédio que o Brayan me levou em Dead Zone e as outras bases da ARN, mesmo as que ficam dentro de Arcádia. Todas precisamente marcadas de vermelho como alvo num mapa, e surge a frase em um canto dos monitores "operação iniciada em 2h 24m 13s".

– É uma armadilha, precisamos avisar todos das outras bases.

– Brayan coordene seu ataque, eu vou atrás de meu pai.

– Se cuida. – diz ele com um pesar obsessivo por não poder me acompanhar como tanto deseja.

Todos nós ouvimos uma salva interminável de tiros e alguns, homens do Brayan entram recuando do confronto. O Brayan posiciona seus homens, eu saio para o corredor antes que os soldados de Altair o tomem, sigo para o outro lado e me escondo quando uma esquadra passa correndo para cercar todos que estão no centro de comando.

Assim que eles somem de vista continuo meu caminho, guiada apenas pelo que memorizei da planta até chegar ao subsolo. Diferente dos pavimentos superiores este é escuro e as paredes são úmidas, todo o local fede a terra molhada, aqui há celas precárias e no fim do corredor principal uma porta com travamento biométrico que foi destravada pelo Jimmy.

Quando empurro a porta ela cede pesadamente e uma luz vermelha acende quando entro na sala adjacente, vejo um homem de pé injetando algo num garoto deitado inconsciente em uma maca.

Chego mais perto, não sei por que, mas agora hesito, meu coração dispara desatado quando toco em seu ombro e ele se vira para mim. Vejo o rosto de meu pai muito envelhecido, desgastado demais para apenas dez anos, seus cabelos estão compridos descendo até o ombro e a barba maior do que ele gosta de deixar.

Ele me encara momentaneamente sem me reconhecer.

– Pai! – chamo lhe abraçando, ele recua e tem de se apoiar na maca para não cair. Sempre soube que o verdadeiro motivo de meu pai ser preso era por que Altair queria usar suas pesquisas para produzir armas virais e assim usá-las na guerra... Ele só queria salvar vidas... Curar pessoas doentes como a minha irmã...

Nunca consegui saber onde, contudo tinha certeza que eles o mantinham vivo e preso por todos esses anos em alguma base militar.

– Minha filha por que está aqui? É muito perigoso.

– Eu vim te resgatar, vem comigo. – digo o puxando, então uma corrente chia ao raspar contra o chão, sigo a corrente com os olhos até a parede ao lado de um armário de remédios e tubos de ensaios enfileirados. Num dos extremos da pequena sala puxo um dos pés de uma bancada, ele logo cede quebrando em uma barra curta.

Walking For Silence - InsurreiçãoWhere stories live. Discover now