Capítulo Dezenove: Reencontro, Confronto Decisivo

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Sendo o mais ágil que posso desvio o cano da arma com a mão ferida antes dela puxar o gatilho novamente. É ela ou eu, lhe golpeio com a faca, mas ela recua evitando um ferimento grave, porém consigo lhe fazer um corte superficial na bochecha, pela primeira vez é seu sangue escorrendo não o meu como sempre.

Ela puxa a arma e me dá uma coronhada, minha cabeça começa a sangrar e vejo a minha volta girar. Não me recupero tão rápido quanto o necessito, ela saca sua antiga pistola do coldre, a mesma que matou meu pai e atira em meu braço direito.

Como todas as armas de fogo velhas fazem, sinto o ferimento queimar tanto que não consigo mais manter minha mão fechada, a faca cai tilintando no chão, outros soldados entram na fábrica e apontam seus Fuzis para mim. Acabou.

Minhas chances de escapar se esgotaram, os soldados diminuem o cerco a minha volta, um deles avança e injeta algo em meu pescoço, imediatamente perco o controle de meu corpo e caio. Ainda desperto me colocam em um caminhão, é muito mais fácil transportar prisioneiros inconscientes.

Quando acordo, estou na base militar MEGA, dois soldados arrastam-me pelos corredores extremamente brancos e iluminados por luzes fluorescentes, fora eles mais quatro militares sob o comando do meu ex-amigo Primeiro Tenente Clark me carregam pelo bloco de detenção militar, já estive aqui várias vezes, mas não como o prisioneiro.

Jogam-me em uma cela escura e me prendem em pé com duas correntes extremamente grossas fixadas no chão e no teto, os soldados prendem as algemas nas correntes, me deixando dependurado, pelo menos dessa vez fico suspenso de cabeça para cima. Ao saírem eles trancam as grades me deixando na escuridão da solitária.

Meu braço dói muito, nem consigo movê-lo, enquanto estava inconsciente fizeram um curativo, não querem que eu morra antes da hora, afinal que vantagem teria em me recapturar para me verem morrer.

Cometi um erro muito grande em permanecer em Kessler, mesmo naquelas condições eu devia ter fugido para Arcádia, mas não me arrependo de ter ficado, apenas queria fazer uma última coisa, cumprir minha palavra.

Ainda atordoado pelo que injetaram em mim sinto meu corpo mais pesado que o normal, a dor lancinante que incapacita meu braço parece mais intensa e profunda, não consigo me manter consciente, eu passo a delirar.

Acordo atordoado. Vejo dois soldados a minha frente e outro que me parece familiar, ele está fardado como Capitão, levo mais tempo que o necessário para reconhecê-lo, é o capitão que enganei para fugir da queda do helicóptero. Estavam me esperando despertar, o Capitão vem em minha direção com um sorriso sádico, seu rosto transmite perfeitamente o que ele sente em me ver... Ódio.

– Soldado Samon Yanako, certo? Que coincidência. – diz ele sarcasticamente. – eu estive nesta mesma tarde no enterro de um soldado com esse mesmo nome, ele foi encontrado a trezentos metros do ponto onde foram achados os destroços do helicóptero Redair III.

– Como... Você disse... Coincidência. – minha voz falha, como se estivesse extremamente cansado após correr uma maratona.

Ele me dá um soco tão forte que me dobro de dor, sinto o golpe em meu ferimento, se ele continuar me torturando assim, reabrirá o corte em meu flanco.

Walking For Silence - InsurreiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora