Capitulo Treze: Travessia, Salto Para Uma Nova Vida

83 31 134
                                    

Mellanie

Ponte três do rio Blake, fronteira entre o Setor Nove Korin e a Grande Capital, 23 de Outubro, 15h06min.

Desde o dia em que meu pai me resgatou da Sile Mëllen, eu sinto saudades de minha antiga vida e de todos que eu amo, mas acima disso o único sentimento que tenho é medo, sinto medo de perder meu pai, medo pelas minhas irmãs, medo pelo Marshall, queria tanto saber como ele está e aonde, poder ir até ele, estar envolta em seus braços novamente para tranquilizar seu coração que deve está rouco depois de ter me chamado por tanto tempo sem nunca ser respondido.

Perguntei muito sobre o Marshall e minhas irmãs para meu pai, mas até fugir recentemente ele esteve por muito tempo preso então não sabe de quase nada sobre eles, deduzo que o Marshall agora tem uma patente e está na Grande Capital, servindo em ΩMEGA, e meu pai disse que quando ele fora detido minhas irmãs ficaram com nossa tia e devem estar até atualmente, assim espero para podermos os localizar rápido, antes de me libertar meu pai tentou entrar em contato com a cunhada para saber sobre minhas irmãs, no entanto não teve êxito em nenhuma de suas tentativas.

É muito estranho pensar que passou tanto tempo desde quando nos vimos pela última vez, sinto como se tudo tivesse ocorrido ainda essa semana.

Ficamos alguns dias escondidos esperando a poeira abaixar e nós
podemos passar pelas fronteiras setoriais sem problemas. Agora meu pai e eu estamos no meio da ponte, de frente para um enorme portão de aço, há várias pessoas em uma fila esperando para atravessá-lo.

Com a guerra se aproximando desse setor e os refugiados querendo fugir para a capital, a fronteira setorial está praticamente fechada, apenas os que podem pagar muito e os privilegiados da sociedade podem atravessar o portão sem problemas, aqueles que não conseguem permissão para atravessar se aglomeram num canto onde começam a rebelar-se e a cada minuto o número de revoltados aumentam, há muito o sistema de Altair não consegue mais manter o controle rígido sobre a população.

O exército tenta inutilmente contê-los, oprimindo com avisos o que por muito pouco ainda não se tornou uma revolta armada como era tão comum na época da Revolução Separatista e na Nova Inquisição.

Decorre-se longos minutos praticamente sem a fila se mover e do céu começa a garoar e imediatamente o Grande Domo responde e dentro dele começa a cair finas gotículas de água muito geladas como a garoa, elas parecem penetrar em minhas roupas e chegar ao mais profundo de meu corpo, no interior de meus ossos para me congelar de frio. Tornando o ar noturno difícil de respirar e fazendo meu peito doer a cada vez que inspiro.

Após muito tempo na fila finalmente chega a nossa vez, provavelmente não teremos problemas já que meu pai trabalha para a Sile Mëllen Corporation e isso lhe dá um maior acesso a outros setores, mesmo ele não sendo ninguém renomado ou ao menos importante. Eu sei que ele deixou quase tudo preparado para nossa viagem.

Um enorme soldado se põe a nossa frente e exige nossa identificação, então tateio os bolsos procurando a minha carteira de identificação pessoal, o CIP, ele me encara frustrado e tão impaciente que não sei como ele não nos empurra e manda a próxima pessoa da fila nos passar a frente.

Encontro no bolso de trás de minha caça e lhe entrego. Ele pega o de meu pai, ele olha os documentos demoradamente e então no lugar de nos devolver e mandar nós prosseguirmos para tirar o código de identificação de nossos chips ele some de vista entrando em uma porta da guarida.

De um modo exagerado o sensor de clima do Domo faz a fina garoa engrossar, tornasse quase uma chuva enquanto o esperamos voltar, ele demora alguns minutos, provavelmente procurando por tudo sobre nós em algum banco de dados, me sinto apreensiva com a demora.

Walking For Silence - InsurreiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora