octogésimo quinto

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23 de dezembro de 2003 – Columbus, Ohio

Jay acordou mais cedo que todo mundo hoje. Aí meus pais acordaram logo em seguida e depois me fizeram levantar da cama junto com eles. Hoje está bem frio, e eu até queria ficar na cama por mais tempo, só que não deu certo.

Maddie me convidou pra jogar Monopoly na sala depois do almoço com o Zack e o Jay. Zack odeia jogar Monopoly comigo porque eu sempre ganho. Meu pai às vezes diz que eu tenho alma de banqueiro.

Aí eu acabei jogando Monopoly com eles e o Zack teve que jogar comigo.

“Não tem graça nenhuma jogar com o Tyler,” ele falou. “Ele sempre ganha.”

“Aí é que tem graça, Zack,” a minha mãe falou. “Você tem que aprender a derrotar ele.”

Aí o Zack colocou as mãos no rosto e arrastou elas pra baixo, como se quisesse arrancar a pele do rosto.

“Ele é tipo o Deus do Monopoly,” ele falou, ficando meio chateado.

“Obrigado, Zack,” eu falei.

“Vou pedir pro Papai Noel me ajudar a ganhar de você nesse jogo,” ele disse. Aí todo mundo começou a rir, até o meu pai.

Depois disso a gente jogou Monopoly. Eu até pensei em deixar ele ganhar dessa vez, mas voltei atrás. Ganhei, é claro.

Se o Josh vier pro Ano Novo, vou convidar ele pra jogar Monopoly comigo. Não sei se deixo ele ganhar. Mas até que tem a possibilidade de ele ser melhor do que eu.

No meio da tarde meus pais saíram para fazer algumas compras de Natal. Aí eles levaram a Madison e o Jay, e eu fiquei em casa com o Zack. O Zack ficou na sala vendo TV, então eu fui ligar pro Josh, aproveitando que meus pais não estavam em casa.

Eu liguei pra lá, e uma menina atendeu.

“Oi, é o Tyler,” eu falei, assim que ela atendeu o telefone. “Você é a Ashley?”

“Não, eu sou a Abigail,” ela respondeu. “Com quem você quer falar?”

“Com o Josh,” eu respondi. “Ele tá em casa?”

A Abigail ficou um pouco em silêncio. Aí ela gritou “MÃÃÃÃEEEE” e logo eu ouvi a tia Laura falar com ela. Aí a irmã do Josh disse que era eu ao telefone.

“Oi, Tyler,” ela disse. Eu já estava triste, porque se o Josh estivesse em casa, a tia Laura chamaria logo ele assim que soubesse que eu estava na linha.

“Oi, tia Laura”, eu falei. “O Josh tá em casa?”

“Não, Tyler,” ela falou. “Ele saiu com o Jordan. O Jordan precisou ir ensaiar no coral da igreja e o Josh foi com ele. Sabe, apresentação de Natal.”

“Eu sei,” eu falei. “Posso ligar mais tarde?”

“Claro que sim. Vou dizer a ele que você ligou.”

Aí eu agradeci e desliguei.

Eu até ia ligar de novo, mas aí meus pais chegaram e logo depois chegou a minha tia Maribel com o marido e meus dois primos – que eu não gosto muito. Ela ocupou o telefone e, além disso, o Brett (um dos filhos dela) não parava de entrar no meu quarto pra brincar comigo. Quando eu disse que não ia brincar, ele foi até a cozinha e depois voltou aqui pra jogar suco de laranja na minha cara e rir como uma criança possuída.

Resumindo: eu não pude ligar pro Josh nem ter um pingo de sossego, nem dentro do meu próprio quarto. Parece que esse Natal vai ser o melhor de todos.

Goner (the one I'm not)Where stories live. Discover now