Goner (the one I'm not)

trigésimo oitavo

24 de outubro de 2003 – Columbus, Ohio

Hoje o Josh não falou muito comigo. Quer dizer, ele passou mais tempo prestando atenção na aula de Matemática e fazendo anotações do que falando comigo. Ele está certo, de verdade. A gente precisa deixar de conversar na hora da aula. Se continuarmos desse jeito, as notas dele (e as minhas também) vão piorar.

Ele não quis comer nada na hora do almoço. Fiquei insistindo para que ele comesse. Ele parecia tão pálido, tão fraco... Será que ainda está doente? Eu fiquei tão preocupado na hora do almoço que acabei levando a mão à testa dele.

“O que foi, Ty?”, ele perguntou. Josh estava rindo, confuso. Eu tirei a mão da testa dele e sorri. Eu sou tão burro. Não sei por que me aproximei tanto dele e toquei em sua testa.

“Tô checando sua temperatura,” eu expliquei. Ele riu. “Tem certeza que você tá bem? Você parece com febre.”

Aí ele mesmo colocou a mão na testa dele e fez cara de “quê?”.

“Não tô, não,” Josh falou. Ele arrumou o cabelo dele. Ele está sempre desbotado. Tanto faz, continua sendo bonito.

“Joshie, você tem que comer alguma coisa,” eu estendi um waffle pra ele. Josh olhou pro waffle e acabou pegando para comer.

“Você anda tão preocupado comigo,” ele deu um sorriso de canto e olhou pra baixo. Deus, aquele sorriso.

“Se você morrer, a tia Laura vai pôr a culpa em mim.”

Ele olhou estranho pra mim.

“Eu não vou morrer, Tyler.”

“Um dia você vai,” eu falei, dando de ombros. Josh tinha parado de sorrir.

“Claro, mas não significa que eu vou morrer num futuro próximo.”

“Você tá certo,” eu falei, e ele voltou a sorrir.

“Ainda vou te encher o saco por muito tempo,” Josh falou. Eu sorria pra ele de uma forma que chegava a ser impossível parar. Eu não sei o que eu senti, mas sei que era bom. Algo que me fazia querer dar umas cambalhotas pela escola. É estranho dizer e pensar nisso, mas foi realmente como eu me senti. Josh não pode ir embora, ele não pode me deixar.

Da última vez que confiei tanto em alguém, a pessoa traiu minha confiança. Maldita Aimee. Eu deveria estar com um pé atrás em relação a Josh, mas, sabe... Não é preciso desconfiar dele. Eu não consigo achar um motivo para não confiar em Josh.

Deus existe e ele fez Josh Dun ser meu melhor amigo.