quadragésimo oitavo

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05 de novembro de 2004 – Columbus, Ohio

Hoje, enquanto eu esperava o Josh chegar, a Jenna passou por mim. Ela estava bonita (ela sempre está).

“Oi, Tyler,” ela falou. “Seu nome é Tyler, não é?”

“Sim,” eu falei. “Oi, Jenna.”

“A gente não se fala há um tempo, né?”, ela perguntou. Eu corei.

“A gente nunca se falou muito,” respondi. Achei que ela brigar comigo porque, pensando bem, eu posso ter sido um pouco rude. Mas ela riu, então tudo estava bem.

“Verdade,” ela disse. “Mas você e o Josh são bastante amigos, não é?”, Jenna falou. Eu sorri ao ouvir o nome dele.

“É,” falei. “Ele é meu melhor amigo.”

“Sabe, às vezes olho vocês juntos no almoço e fico pensando: ‘Puxa, queria ter uma amizade como a deles’. Vocês estão na minha turma de Química, né?”

A única coisa que me irritava nela era que ela falava ‘né?’ ao final de cada frase.

“Sim.”

“Olha, não que eu queira insinuar nada, mas...” ela pareceu pensar no que falar. “Não sei como falar isso sem parecer estranho, mas vocês são... bonitinhos juntos.”

Eu corei MUITO.

“Ah, meu Deus, você está corando,” a Jenna riu. Eu ri de puro nervosismo.

“Tudo bem,” falei. “Obrigado, eu acho.”

“Espera, não é... uma coisa, é? Acho que você entendeu.”

Eu olhei pra ela meio confuso.

“É ou não é?,” ela perguntou. Eu ainda estava nervoso, mas aí entendi o que a Jenna quis dizer.

“Não, não é,” eu respondi. Bem que eu queria adicionar um ‘ainda não’, mas isso seria meio arriscado, já que eu não sabia se o Josh gostava de mim do jeito que eu gosto dele.

“Bem... Eu espero que um dia seja,” ela piscou pra mim e entrou na escola. Eu adicionei mentalmente ‘eu também’, e aí o ônibus do Josh chegou.

Na aula de Química, eu ainda estava com as palavras da Jenna na cabeça. Eu queria falar sobre isso com o Josh, mas ele desconfiaria muito se eu falasse do assunto de forma direta. Tipo, acha que ele não desconfiaria se eu soltasse um ‘Hey, Josh, a Jenna acha que a gente deveria namorar!’?

Eu fiquei pensando por algum tempo no que falar, até que eu finalmente falei “Você já teve namorada?”.

Ok, não foi a melhor forma de abordar o assunto, mas pelo menos ele não desconfiaria de nada. Pelo menos eu espero que ele não tenha desconfiado.

“Não”, ele falou.

“Já quis namorar alguma garota?”, perguntei. Ele só mexeu a cabeça, o que não foi a resposta que eu queria. Eu queria um alto e sonoro ‘Não’.

“Por que você me perguntou isso, Tyler?”, Josh perguntou. Eu já deveria ter desconfiado que ele iria perguntar isso, então procurei a primeira desculpa que eu podia arrumar na hora. Apontei para a Jenna.

“A Jenna é tão bonita, né?” Sem querer, acabei pegando o hábito da Jenna. Tapa mental.

O Josh olhou pra Jenna. Não sei o que ele deve ter pensado quando falei que ela era bonita, mas ele não disse nada.

“Antes de você vir pra cá eu gostava dela”, eu menti. Tinha que dar uma desculpa. Aí o Josh olhou assustado pra mim.

Pensando bem, foi burrice minha ter falado isso. Tenho certeza que falei demais e agora ele desconfia que eu gosto dele. Dr*ga.

“Por que não gosta mais?”, Josh perguntou. Não tinha uma resposta mais óbvia do que ‘Porque eu gosto de você’, mas provavelmente isso seria como cavar minha própria cova. Não quero mais entregar aos outros as ‘armas’ para que eles destruam meu coração, mesmo que esses outros sejam o Josh. Ainda é muito cedo para que ele saiba disso.

Eu só dei de ombros. Pra piorar, ainda corei. Se o Josh não percebeu que eu gosto dele, então ele nunca se apaixonou por ninguém – ou é burro demais.

(Desculpa, Josh. Você não é burro.)

“Sei lá. Só não gosto mais,” eu falei. Pra não ter que passar mais vergonha, voltei a responder os exercícios de Química.

Se eu pudesse me estapear, passaria o resto do dia fazendo isso. Espero que o Josh não fique estranho comigo.

Goner (the one I'm not)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن