Halloween - Parte 2

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Miami, U.S.A. — 31 de Outubro de 2017 (00h34min)

Lauren

Eu havia ficado com Normani e Dinah enquanto Camila investigava mais um pouco, mas então havia cansado de ficar com aquele bando de desconhecidos gritando uns com os outros para descobrir qual deles "matou" a mulher, e acabo indo para a trilha de volta encontrando Camila olhando a bolsa da mulher com um frasco de remédios na mão.

— Ei, são os meus remédios? — perguntei.

— Por isso o nome era familiar. Encontrei isso na bolsa da mulher — digo mostrando a ela.

— O frasco está quase vazio. Ela deve tomar bastante isso.

— Parece que sim. — ela responde o analisando mais um pouco.

Voltamos para o jardim e percebemos que a água havia voltado ao normal, cristalina e sem cheiro de sangue. Aos poucos ela limpava o rio vermelho que escorria para o ralo na borda da fonte.

Eu e Camila paramos no meio do pátio e nos sentamos em um dos bancos de preta em frente a fonte, olhando para o céu noturno, observando as estrelas e a lua. Ouvia o silêncio da noite e o cri-cri dos grilos, assim como o barulho das corujas que cantavam ao longe. Era relaxante, e me fazia ter lembranças muito boas do meu primeiro beijo, na varanda de Camila em uma noite tão calma quanto essa.

Sinto ela pegando minha mão e entrelaçando nossos dedos. Ela acaricia as costas da minha mão com o polegar, mas não olha para mim diretamente, continua a olhar o céu de noite.

— Lauren... Quando encontrarmos Ariana e ela nos dizer o que aconteceu com o Luis, o que vamos fazer? — perguntou.

Essa pergunta me assustou um pouco, não estava esperando por isso e para ser sincera, eu ainda não havia pensando nisso. Eu andei evitando tantos assuntos ultimamente que esse acabou virando um deles, e eu realmente não fazia ideia do que iria acontecer.

— Eu não sei. Eu não pensei nisso ainda. — fui sincera mesmo sabendo que a desapontaria um pouco.

— Que tal se a gente fosse jantar em algum lugar? Depois ao cinema... Talvez dar uma volta na praia de noite... — ela começa a descrever algumas coisas muito fofas que me fizeram sorrir.

— Está me chamando pra um encontro?

— Bom, sim... — ela cora — em toda minha vida eu nunca quis realmente namorar alguém. As poucas pessoas que namorei foram por um pouco de pressão, e não porque eu queria realmente. Eu nunca tive um encontro e nunca tentei fazer alguém feliz. Achei que seria legal tentar.

Pela primeira vez percebi que nós nunca tínhamos falado sobre começar ou não um relacionamento real, apenas dissemos que eu poderia seguir em frente depois de descobrir o que houve, mas a palavra "namoro" me abriu os olhos para o que estava acontecendo, e também parecia algo tão... Certo e errado ao mesmo tempo.

Eu não sabia como reagir ou o que dizer.

— Desculpe... Eu notei que a gente nunca tinha falado nada em namoro, eu acho que eu te assustei. Desculpe mesmo. — ela pede olhando em meus olhos como se si sentisse culpada por ter usado essa palavra.

Eu sorrio e acaricio sua mão de volta. Puxo seu rosto com o dedo para um beijo delicado e acaricio seu rosto ao terminar, apenas a olhando com admiração e paixão.

— Um encontro seria legal. — respondo.

Começo a sentir os meus pés ficando molhados e sempre que mexia os pés um barulho de água aparecia. Olhei para o chão que estava com uma pequena poça a ser formada e então percebo que a água da fonte estava vazando. Me assunto e me levanto na hora me afastando da poça para não molhar meu vestido e não molhar ainda mais meus sapatos.

Camila vai até o registro de água na entrada do jardim e o fecha para que parasse de vazar, e aos poucos os ralos foram sugando a água que transbordava até chegar a um nível aceitava para a fonte. Vou até ela e observo a mulher que ainda flutuava dentro dela; admiro a persistência dessa atriz que deve estar sendo muito bem paga. 

Vejo a água limpa novamente e tão serena quanto a noite. Era bonito ver o reflexo da lua naquela água cristalina, e também ver meu reflexo que parecia pensativo. Camila chega por trás de mim e me abraça aparecendo também no reflexo, e foi o suficiente para me fazer sorrir. Mas é a primeira vez que percebo o quanto eu mudei desde que cheguei aqui, e aquilo não me incomodava.

Percebo então uma forma estranha dentro da água, era escura e parecia um bumerangue, ou algo assim. Não parecia fazer parte da fonte.

— Camila, olha aquilo. — digo apontando o que era

Ela observa com atenção a forma estranha e me solta. Tirou o chale que usava nos ombros e aproveitou a falta de mangas do vestido para enfiar o braço inteiro de baixo d'água, quase colocando também a cabeça, mas eu segurei seus cabelos para não se molharem. Ela retirou do fundo uma arma que provavelmente foi a usada no "assassinato".

— A arma do crime? — pergunto.

Camila pensa um pouco e então finalmente me olha animada e grita.

— Eu resolvi o mistério! — ela gritou várias vezes fazendo com que todos voltassem para o jardim principal.

Logo a multidão estava novamente reunida e todos olhando para ela que segurava a arma na mão.

— Ela não foi assassinada. Observem, estava estava com seu marido no outro patio quando eles foram atacados por lobos, infelizmente ele acabou sendo morto por eles, por estarem em uma grande alcateia. A mulher tinha problemas mentais, provavelmente depressão ou derivamos, o que explica o antidepressivo pesado que encontramos na bolsa dela. Ela estava muito triste por ter visto seu marido ser morto e devorado na sua frente, e provavelmente surtou, então, pegou a arma que levava para proteção e deu um tiro em si mesma, então não foi assassinato, foi suicídio. Bam! — ela diz toda animada batendo palmas assim que termina de falar, como uma comemoração.

Todos a olham de um jeito estranho e discutem entre si, e logo algumas vezes são escutadas de longe gritando "com certeza não é isso", "deixe de ser doida." e essas coisas. Camila rola os olhos.

Uma névoa então é percebida no jardim, e parecia só aumentar a cada minuto. Logo todos havia percebido ela e ela nos cobria dos pés a cabeça. Minha visão começa a ficar turva e não consigo mais raciocinar; meus membros ficam fracos e tudo o que consigo fazer é encostar de leve em Camila e ouvir ela dizendo "calma, vai ficar tudo bem" com uma voz fraca antes de simplesmente apagar.

MEU DEUS, ME DESCULPEM PELO PIOR MISTÉRIO DO MUNDO. Eu juro que sou mais criativa que isso, mas eu não pensei em nada melhor ;-; vamos fingir que foi bom, ok? Ok. Obrigada.  

Simpler TimesWhere stories live. Discover now