Bellevue

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Lyon, França - 27 de Junho de 1923 (12h49min)

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Lyon, França - 27 de Junho de 1923 (12h49min)

Lauren

- Lucy, você tem certeza que é uma boa ideia? - perguntei assustada.

- Claro que tem, Laur. Anastasia nunca mentiu pra mim! - ela afirma espionando por trás da parede esperando o momento certo para sairmos.

- Consigo pensar em uma série de situações em que essa frase se mostra uma mentira. - retruquei.

- Ela não mentiu, ela apenas gosta de me testar. Quer saber se eu sou esperta o bastante. - ela disse.

- Isso não quer dizer que você precisa se encrencar todas as vezes - falo ainda com medo das consequências.

- Ora, se formos pegas, você sai fica escondida, eu e Anastasia damos conta delas. Só falta alguns meses pra você sair daqui, não precisa se encrencar com a gente. - ela responde com um sorriso sincero nos lábios.

- Se você não a ouvisse você também sairia em pouco tempo.

- Meus pais me jogaram aqui, Lauren. Eles me abandonaram. Anastasia é a única família que tenho. - ela diz tristonha.

Eu coloco a mão em seus ombros e a viro para mim, olhando no fundo dos olhos da garota baixinha. Ela era alguns anos mais nova que eu, na verdade, muitos anos, mas ainda assim eramos muito amigas; provavelmente minha única amiga de verdade. Sempre me apoiava, me ajudava, me ouvia, mesmo que não entendesse pelo o que passo por ser muito nova, ela sabe exatamente como me sinto.

Eramos como irmãs.

- Você tem a mim. - digo a abraçando com força. Posso sentir ela sorrindo por cima do meu ombro. - Não precisamos de chocolate, a gelatina é já tem muito açúcar. - comento dando risada.

- Mas hoje é seu aniversário, Laur. Eu quero te dar um presente.

Ela se vira novamente voltando a espionar por trás da parede. Começa a contar nos dedos e então diz.

- E... Agora! - ela sussurra.

Olhamos para os dois lados e andamos quase engatinhando até a segunda porta a direita no corredor, fazia. A sala não era tão grande quanto imaginei, na verdade, era bem diferente. Era branca como todas as outras paredes, mas no centro, ao invés de uma mesa de metal, uma de madeira com uma cadeira bem confortável ao lado. Alguns quadros e avisos estavam espalhados pela sala, junto a um telefone e as chaves de todo o local.

Apesar de saber que o que conseguisse aqui a ajudaria a dominar todos os lugares aqui dentro, Lucy só estava concentrada em uma coisa: me dar chocolates. Ontem de noite eu disse a ela que sentia falta de comer chocolate, já que fazia tempo, então, hoje, no meu aniversário, ela resolveu me dar alguns.

Ela vai para trás da mesa e vasculha todas as gavetas, até achar a chave do armário da sala. Ela o abre e dentro há diversas coisas que as famílias trazes para as crianças, mas são proibidas aqui: brinquedos de plastico, madeira, metal ou qualquer outro que não seja um bichinho de pelúcia; garrafas de refrigerante, coisas de esporte, e muitos e muitos doces.

Simpler TimesWhere stories live. Discover now