Cigarros Coloridos

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Miami, U

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Miami, U.S.A —  30 de Julho de 2017 (12h38min)

Camila

Destranco a porta do apartamento "desconhecido" e deixo a chave sobre a bancada da cozinha. Com meus saltos nas mãos, saio pela porta na ponta dos pés, torcendo para que a garota não acorde antes de eu estar no saguão do prédio.—Já no elevador, calço meus sapatos novamente e olho no espelho arrumando meu cabelo e tirando o que sobrou do batom da noite passada. Ao passar a mão nos cabelos para prende-los, me deparo com uma pequena marquinha, próxima a veia do meu pescoço; um chupão. Reviro os olhos e pego minha base na bolsa, passando por cima para tentar amenizar a cor, mas terei de deixar meu cabelo solto.

Caminho tranquilamente pelo salão e o porteiro nem me da bola. Ao abrir a porta de vidro que dava acesso a rua, ouço o outro elevador chegar ao terio, permitindo que uma garota de idade, cabelo e olhos desconhecidos por mim saísse de dentro dele, gritando pelo salão alto, segurando o roupão e abanando o post it:

— Camila, você esqueceu de me dar o seu número. — ela grita com uma risada, como se isso tivesse sido se querer. 

Coloco os meus óculos escuros e a olho de canto enquanto fecho a porta, como se não tivesse visto ela correr em minha direção. Apenas sigo para meu Bentley do outro lado da rua, ligando o motor e saindo dali o mais rápido possível.

No caminho de volta para casa passo na Faculdade para esperar Dinah e Ally, que hoje sairiam mais cedo. Estava cansada, cheirava a Whsiky e cigarro de menta, apenas queria ir para casa tomar um banho, e cadê essas vacas que não aparecem?

Vejo minha prima descendo as escadarias da faculdade com sua amiga Ally, ambas tirando os jalecos de estudo e conversando. Buzino para elas verem que estava esperando, e ligo o motor novamente enquanto elas se aproximam. Elas vem na direção do veículo e Ally se senta no banco de trás, com Dinah no banco do carona.

— Tava na casa de quem? — Pergunta Dinah.

— Como se eu soubesse... 

Seguimos as estradas de Miami conversando, sentindo o vento soprando nos nossos rostos com a capota do conversível aberta. Dinah olhava para o mar durante toda a conversa, observando os navios que saíam e entravam no porto, o movimento das águas, as pessoas andando na areia da praia. Enquanto isso, eu apenas tentava não me distrair com barulho do oceano e das gaivotas piando em pleno voo sobre nós.

— Como foi a aula hoje?—pergunto a Dinah.

— Um saco. Quando eu resolvi cursar medicina eu deveria ter imaginado que eu ia acabar vendo corpos uma hora. — ela apoia o cotovelo na porta do carro e a cabeça sob a mão, como se estivesse pensativa. —  Eu estou cheirando a necrotério.

— Ainda bem que você não mora comigo. — sorrio.

— Nossa casa vai ficar cheirando a morto por uns três dias... — Ally comenta meio furiosa.

Simpler TimesWhere stories live. Discover now