Flores em Paris

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Paris, França — Primavera de 1922

Lauren

Sinto o trem diminuindo a velocidade até finalmente parar; mamãe toca meu ombro para avisar-me que já tínhamos que sair, afinal, nossa viagem acabou.

Quando piso na estação, logo de cara percebo que não estamos em Marseille. Onde será que estamos? Pensei um pouco preocupada do que poderia acontecer agora.

— Mamãe, onde estamos? — pergunto puxando a manga de seu vestido.

— Estamos em Paris, querida. — ela diz com um sorriso agradável que eu senti falta.

— Paris? — repeti animada.

— Sim. Eu e seu pai achamos que seria bom uma viagem em família antes do início de suas aulas. — ela comenta.

Eu não queria voltar a estudar, não agora, mas sabia que não teria escolha... Já fazia um ano que não pisava os pés na escola e com certeza estaria atrasada até minha formatura, mas o que eu poderia fazer?

Papai se aproximou de nós com duas malas, mas ainda faltava a minha e a de Taylor. Mamãe olha para mim e me oferece o bebê em seu colo.

— Poderia segurar ela para mim até o hotel, meu bem? — ela pergunta educada.

Vejo aquele pobre bebê de apenas três anos que mal sabia andar. Ela sorri ao me ver. Eu estico meus braços para pega-la no colo e minha mãe tenta ajeita-la de vagar no meu abraço para que não caísse, mas assim que sinto o peso da criança em meus braços eu entro em pânico. Começo a balançar a cabeça rápido e pedindo que ela a pegasse novamente.

— Oh, querida. Não tenha medo. Taylor sabe andar, basta que segure a mão dela, assim não precisa pegar ela no colo. Consegue fazer isso por mim?

Estico o braço para pegar na mão da garotinha que segura forte os três únicos dedos que ela consegue pegar, mas assim que sinto aquela pene fininha de bebê tocando a minha, um lapso de memória vem em minha mente e tudo o que consigo ver é Chris me puxando pela mão e uma luz branca vindo na minha direção.

— Eu consigo levar as malas — antes que meus pais pudessem dizer algo eu sai correndo para o bagageiro do trem e procurei pelas malas que estavam com o meu nome e de Taylor, as levando para meus pais que me esperavam do lado de fora.

Minha mala estava pesada, mas era melhor do que segurar algo tão frágil em meus braços. Pelo menos sei que o pior que pode acontecer é o trinco dela se abrir e eu ter de reorganizar tudo outra vez.

O hotel era pequeno, mas aconchegante, como uma grande casa com vários moradores. Nosso quarto parecia um apartamento; tinha uma grande sala, dois quartos e uma cozinha. O que mais adorei foi o gramofone, poderia ouvir meus discos que trouxe sem que meu pai precisasse alugar um na recepção.

Eu e Taylor ficaríamos no mesmo quarto, e isso eu tentaria suportar, seriam só alguns dias afinal. — Depois de algum tempo um homem traz mais uma mala, só que bem maior, uma que eu não havia visto antes e dois grandes espelhos.

— Lauren, temos uma surpresa para você, querida. — papai me disse, pedindo para que eu o seguisse até um canto da sala que não havia nada.

Mamãe trouxe com dificuldade um dos espelhos enquanto ele trazia o outro, os colocando em cantos opostos da parede, me permitindo ter meu reflexo de dois ângulos diferentes. Ele abre a mala e de dentro sai uma série de barras e dois pares de rodinhas, sem entender muito, esperei que eles terminassem de montar e quando acabaram, havia um pequeno estúdio de ballet no canto da sala.

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