Azul Caribenho

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Marseille, França - 25 de Julho de 1923 (10h30min)

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Marseille, França - 25 de Julho de 1923 (10h30min)

Lauren

O verão começou na França, mas não ficaria para ver as mudanças climáticas ou ir para ir ao interior com minha família. Também quebraria a tradição de ir para Monte Carlo no final do verão com mais primos mais velhos. Este verão será diferente para mim, pois em breve começaram minhas aulas em uma nova escola: A Academia de Arte Para Jovens Mulheres, Uma instituição única em todo o mundo que ensina a arte para mulheres dos 15 aos 25 anos, e para alegria de toda minha família, eu fui aceita em seu programa de estudos. Passarei os próximos 10 anos nos Estados Unidos aprendendo Ballet como matéria primária e Artes Plasticas como segundaria

É um sonho realizado.

Dou um último aceno para minha família já atrás da grade de proteção do navio, enxugando algumas lagrimas que rolavam sobre minha bochecha. Respiro fundo e me viro para olhar o local onde passaria os próximos 5 dias. Era enorme, com homens e mulheres andando para lá e para cá, a maioria indo direto para suas cabines, assim como eu, mas alguns paravam para admirar o lugar em que estavam, e não resisti a fazer o mesmo quando cheguei ao lobe do navio. É realmente incrível, cada detalhe feito a mão era como uma obra de arte que deveria estar em um museu, com toda a certeza. Eu só queria ter alguém com quem compartilhar isso.

Sigo para minha cabine observando todos a minha volta, mas sem levantar a cabeça. Não gosto de olhar diretamente para pessoas que não conheço, me causa uma sensação estranha de desconforto; sinto que estou sendo inconveniente. — A cabine não era muito grande, com certeza estava acostumada com quartos maiores, mas era tão luxuosa quanto meu quarto em casa, não era para menos com passagens de primeira classe.

Deixo as malas no canto do quarto, tiro o casaco que cobre meu vestido, coloco meu cloche sobre a cama e me sento, tirando um pouco os sapatos e massageio as solas nos pés, fazendo alguns exercícios por alguns segundos antes de calça-los novamente Tão lindos, mas não foram feito para andar. Parecem até sapatilhas.

Respiro fundo, olho para os lados e vejo que não há nada para se fazer, já que não havia trazido minhas telas. Procuro em minha bolsa algum de meus blocos de desenho, começando a traçar os contornos do rosto de um homem, ou o que me lembrava dele. Ah, Luis... Em breve nos veremos novamente. Sorrio ao começar a fazer os lábios dele, lembrando de seu sorriso. Será que um dia vou saber como é beijar esses lábios?

Ao longo do desenho acabei-me dando falta de som; estava acostumada a desenhar enquanto ouvia meu Gramofone, mas não havia nenhum aqui, e mesmo que houvesse, não havia pego nenhum de meus discos. Acho que só ouviria música da banda no salão de jantar durante toda a viagem. — Levantei-me, deixando o bloco e o estojo sobre a cama, saindo do quarto, indo pela direção que acreditava ser o restaurante.

Dei algumas voltas pelos corredores, completamente perdida. Já nem sabia mais se estava andando em círculos ou apenas em um labirinto. Em algum ponto desse carrossel de corredores, me dei conta que já nem mais ouvia o murmúrio das conversas atrás das portas ou no corredor ao lado, estava em um lugar deserto e totalmente silencioso; isso estava me assustando. Vou sair gritando até algum funcionário me achar, pensei, mas claro que não faria isso, onde estaria meu decoro? Mantenha a cabeça, Lauren, você é uma dama. Está em um navio totalmente seguro, nada de ruim acontecerá a você. Respiro com toda a força que meus pulmões aguentam, e então sigo mais para frente.

Simpler TimesWhere stories live. Discover now