. terceiro ▼ .

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“ pega “ a Lana fala passando-me um saco de reduzido tamanho com um pó já conhecido por mim . Eu sorrio abertamente . Vá le sempre a pena sujeitar-me a merdas como estas para no fim conseguir isto . Há quem não entenda o porque de eu o fazer , dizem que tive a sorte de sobreviver e que mesmo assim me degrado como se não estivesse satisfeita , como se não desse valor à vida . O problema é que não são essas pessoas que acordam todos os dias com pesadelos , que acordam todos os dias com a consciência pesada . Não são elas que têm que viver com a dor de saber que tudo poderia estar bem agora se eu não fosse mimada ao ponto de desbloquear todos os acontecimentos que levaram à morte dos meus pais e irmão . A minha vida não é um milagre , é um castigo .

Eu abro o saco e inclino-o cobre a pequena mesa de madeira . Uma linha torta é feita e eu agarro numa nota e enrolo-a o melhor que a minha ansiedade deixa . É sempre um sentimento diferente , é sempre uma nova forma de reagir ao ‘produto’ mesmo que ele seja sempre o mesmo . É sempre diferente .

“ Não abuses na dose Bárbara “ a Lanna fala e eu rolo os olhos , ela é mesmo um exemplo – ironia - . As sensações iniciais são horríveis .Sentimos ardor na narina e de seguida sentimo-nos como se o cérebro fosse explodir . Sensações de incomodo . Porem as sensações seguintes são bem loucas . Tirando as tonturas . Chegamos até a ver unicórnios .

*

“ Lanna controla-te por favor “ eu sussurro-lhe quando saímos do camarim . Hoje os trajes são ainda mais pequenos que o normal , tudo para que os convidados fechem a merda de um acordo . Tão estupido .

“ Eu acho que não consigo aguentar a noite toda “ ela fala com um sorriso na cara .

“ Tu vais “ eu ri-o demasiado agarrando-a e puxando-a para o palco . Isto está meio vazio hoje , talvez eles tenham alugado o espaço apenas para os empresários . Quem sabe .

“ Bo , o que é que o Martin quis dizer quando falamos há pouco ? “ ela está a voltar ao seu estado fundamental , ela está a ficar sóbria .

“ ele quis dizer que tens mesmo que deixar fazer tudo “ eu falo sentindo me mal comigo própria . Eu não quero deixa-la fazer nada disso .

“ Meninas “ a voz de Josh faz-se ouvir e eu caminho até ele saltando palco fora .

“ Eles chegaram “ ele fala baixo desta vez e aponta para a porta . Dois homens de meia idade engravatados com sapatos que , pela aparência , posso dizer serem italianos . Barba , rugas . Eles falam animadamente entre si e eu enojo-me pensando que a minha Lanna terá que dançar para eles , e para melhorar tudo ela está ainda um pouco fora de si . E se eles tentam algo com ela ? Não que eu esteja sóbria , pelo menos estou mais que ela . Essa é a verdade . Até eles caminha Martin com a rapariga que serve às mesas , para ela são atirados os casacos dos homens como se a pobre rapariga não passasse de um cabide inanimado . Ah isto deixa-me frustrada .  O Martin sorri , agora com a sua placa já o pode fazer . Ele olha para mim ainda com um sorriso e faz-me um sinal para que caminhe até eles .

“ Mas que bonita menina “ um dos homens fala e eu contorço-me mentalmente de nojo .” sou o António “ Ele beija as costas da minha mão , mas eu quebro a ligação rapidamente . Os seus olhares a percorrerem o meu corpo .

“ então vais ser tu esta noite ? “ o outro pergunta “ Dimitri , é o meu nome querida “ ele sorri.

“ Não , vai ser aquela rapariga , a Lanna “ eu esbugalho os olhos ,ele não pode revelar o nome verdadeiro , não o pode mesmo fazer , está inclusive no contrato . “ A Bárbara irá apenas servir-vos “ ele informa-os . Eu também não sabia .

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