Capítulo 16 - Maratona 1K, 5 de 5.

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Último capítulo da nossa maratona de Shaira e Eliot, preparada especialmente para todos vocês. ❤
Espero que tenham gostado bastante de tudo, fiquem agora com mais um capítulo de ADC.

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No fim do expediente, Joseph fechou e eu o estava acompanhando.

— Podemos ir juntos? Ai falamos sobre minha mãe. – Eu assenti e ele se colocou ao meu lado enquanto caminhavamos. – Sabe, Shaira, meus pais se separaram há cerca de 3 anos. Eu estava saindo da adolescência, minha irmã estava começando um tratamento para seu déficit de atenção, e minha mãe acabava de descobrir um pequeno nódulo no seio. Ela não nos disse isso na época, o casamento dela com meu pai estava em colapso e acredito que ela não quis sobrecarregar ninguém. Acontece que o nódulo cresceu, ela se divorciou e quando iniciamos o tratamento, já estava quase no terceiro estágio. Só a quimioterapia não foi suficiente, ela teve que retirar a mama direita, teve e ainda tem uma depressão que conseguimos controlar a base de remédios, ela parou de trabalhar e, praticamente, virou um vegetal dentro de casa. Ela tirou o outro seio há mais ou menos 10 dias, a cicatriz infeccionou, e ela tem diabetes, que significa que temos que acompanhar a cicatrização dela. Antes de ontem ela passou a noite em observação no hospital, teve falta de ar e vomitou sangue, conseguimos controlar também, mas hoje ela se alterou um pouco e graças a isso descobrimos a pneumonia, que ela deve ter contraído no hospital mesmo. A quimioterapia abaixa a imunidade, deixa dores, traz fortes enjôos, náuseas e até sangramentos. E eu não posso fazer nada sobre isso. – Ele deu de ombros e abaixou a cabeça.
— Joseph... Eu nem sei o que te dizer, imagino que deve ser uma barra sustentar a casa e a sua faculdade, sem falar da sua irmã. Olha, não é de muita ajuda, mas se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo. Estou te conhecendo agora, mas tenho compaixão pelas pessoas. Qualquer coisa, está bem? – Sorri e acenei para ele, destranquei o portão e entrei.
— Obrigado, Shaira. – Ele murmurou. Sua figura diminuía a cada passo largo que ele dava.

***

Coloquei a banheira para encher com água bem quente e alguns sais de banho, eu poderia me dar esse luxo pelo menos uma vez na vida.
Tirei minha roupa e afundei lá dentro, deixando todos os causadores de minha ansiedade do lado de fora do meu pensamento, mas ele bateu em Zunduri, mais precisamente, no bebê dela. O menino vai nascer aqui, na Europa, no meu país. Eu não sei se estou pronta para isso. Sei tenho no mínimo, 3 meses para pensar sobre isso, mas a ideia não me agrada em momento algum. Não pelo fato de ter minha irmã aqui novamente, mas por Derek. Sentimentos não se apagam em uma semana, não existe isso. Tenho medo de acabar recaindo por ele e me magoar outra vez. Ouvi um bip do celular.

"[7/01 7:54 PM] Derek: Sei que está chateada, mas pode dizer pelo menos como está na Inglaterra?"

Pensei durante alguns minutos e acabei apagando a conversa é seu número da minha agenda. Quanto mais longe, melhor, mesmo que o número esteja gravado na minha mente há anos e anos.

Sai da banheira, me sequei e coloquei uma roupa aquecida. Preparei um macarrão e me sentei na sala junto com vovó.

— Como foi na entrevista? – Ela disse sem desgrudar os olhos da tevê.
— Muito boa, acho que consegui. Na próxima semana eles vão me enviar a carta de aprovação ou não. – Falei entre garfadas.
— Sua irmã quer ter o bebê aqui, você sabe disso?
— Sei. Vou pensar na ideia ainda, vovó. Talvez eu saia do país quando ela vier dar a luz. – Dei de ombros.
— Pense a respeito. Eu vou me deitar, boa noite.
— Boa noite. – Revirei os olhos.

***

Liguei para a minha mãe. Deixei chamar e antes de atender, desliguei. Dei um grande suspiro e tirei o telefone do gancho.
No jornal, procurei por quartos em repúblicas estudantis ou apartamentos nos classificados do jornal, mas não achei nada. Eu preciso sair dessa casa o mais rápido possível.

Liguei meu computador e comecei a assistir filmes nele, fiz uma pequena maratona de dois longas e resolvi dormir.

***

— Bom dia, dia lindo para todos vocês! – entrei no café e cumprimentei a todos a clientes e Joseph e Parker, talvez para compensar meu atraso. Todos os clientes sorriram para mim, mas não meu gerente.
— Atrasada, Senhorita Tutu. – Seu rosto estava vermelho, e não era de sol.
— Desculpe me, Parker, mas tive alguns imprevistos. – Menti. – Se o senhor me dá licença, tenho pedidos para anotar. – Sorri para ele e levantei meu bloco de notas.

Ele ficou me olhando de cara feira durante todo o meu expediente​, mas depois disso não me deu mais broncas.

— Joseph, como está sua mãe? – Perguntei e me sentei ao lado dele.
— Estável. Vai ficar bons dias internada, mas vai melhorar. – Ele forçou um sorriso. – E a sua entrevista?
— Semana que vem eles mandarão a carta. – Falei ao pegar dois copos grandes de papel e enchê-los de café. Entreguei um ao meu colega. – Sabe onde eu posso encontrar apartamentos pequenos ou mesmo um quarto em alguma república por perto da universidade?
— Shaira, você pode até encontrar, mas são muito caros. Um quarto nas pensões por aqui custa bem mais de 100 euros, não compensa devido as baixas condições. Por que quer sair da casa de sua avó?
— Ela... Gosta de ficar sozinha. – Omiti alguns fatos.
— Certeza? – Ele deu um gole no café, como não respondi, ele prosseguiu na sua fala. – Eu preciso ir, Shaira. Vou trancar o café, vamos?
— Sim, já vou também. Boa sorte com sua mãe no hospital. – Sorri.
— Quer carona?
— Não, você vai fugir da rota, obrigada. Eu preciso ir caminhando hoje.
— Sim, mas não chegue atrasada amanhã. – Ele deu um riso abafado e eu sorri.
— Pode deixar. – Pisquei e saímos para lados diferentes.

***

Ela foi entrevistada ontem, disse que está confiante. Não, Megan, ela ainda não fez as pazes com a irmã, falou que precisa de tempo. Eu a vi telefonando ontem a noite, não está preparada para vocês ainda. Vamos deixar as coisas correrem naturalmente. – Ela desligou o telefone e então eu entrei, como se nada tivesse acontecido.

Além da Cor - CompletoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora