Capítulo 7

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Fiz o check in no aeroporto e fiquei esperando o horário do meu voo. Inconscientemente, olhei para os lados algumas vezes, como se estivesse esperando que alguém chegasse para se despedir.
Minha família não viria, suponho, pois atenderam meu pedido e não voltaram a tentar entrar em contato comigo. Zunduri me enviou algumas mensagens, mas não respondi. A mãe de Derek me ligou e conversamos um pouco, falei sobre a mudança, comentei a gravidez de minha irmã é a mentira que eles se envolveram. Para minha surpresa, ela já sabia de tudo e se sentia muito mal por não ter me contado nada antes, disse que estava envergonhada pela atitude do filho. Encerrei a chamada dizendo que precisava trabalhar.
Na sala de espera estava tudo silencioso, o sol estava nascendo e eu já podia sentir a temperatura se elevando.
Meu voo foi chamado pela última vez e me vi entrando naquele avião enorme e deixando mais um capítulo da minha vida para trás. Respirei fundo e disse a mim mesma que não iria desistir do meu sonho por uma desilusão boba. Sorri e finalmente entrei na máquina e fui procurar minha poltrona. Era ao lado da janela e eu pude ver o avião atravessar as nuvens e logo depois sobrevoar o imenso oceano azul. Eu era um pássaro deixando o meu ninho...

***

Algumas horas depois, pisei em território europeu. O clima era totalmente diferente de Lusaka. Estava frio aqui, mas ainda não nevava.
Peguei minhas malas e pedi um táxi para Oxford, a corrida não seria barata, mas era meu único meio de chegar na casa de minha avó.

Quando chegamos, pedi que o motorista me deixasse em um café a poucos metros de distância da casa da vovó Louise. A viagem me deixara faminta.
Um rapaz simpático me atendeu, e tive a impressão de conhecê-lo de algum lugar. Senti que ele também me achou familiar, mas não falamos sobre o assunto. Pedi chá de canela e alguns biscoitos de chocolate.
— Obrigada. – Agradeci quando ele me trouxe meu pedido.
— Hum, com licença. Qual o nome da senhorita? – Ele perguntou e vi seu rosto ruborizar.
— Shaira. Por que?
— Ah, nada. – Ele sorriu sem graça. – Apenas pensei que a conhecesse de algum lugar, desculpe pelo incômodo. – Ele acenou com a cabeça e entrou no estabelecimento novamente.
Terminei de comer e deixei algumas notas sobre a mesa, seria o suficiente para pagar minha conta e ele ainda receberia uma boa gorjeta.

Caminhei até a propriedade de minha avó e dei um toque na campainha. Não tive resposta. Tentei mais uma vez e ouvi gritos de dentro da casa. A senhora grisalha saiu na porta e me observou.
— Quem é? – Ela estreitava os olhos e tentava me enxergar.
— Sou eu, Shaira, vovó. Estou com frio, a senhora poderia abrir e me deixar entrar, por favor?
— Já estou indo. – Ela resmungou e fechou novamente a porta e destrancou cerca de dois minutos depois.

— A benção, vovó. – Estendi-lhe a mão e ela pegou meio com desprezo.
— Deus te abençoe, filha. Por que veio tão rápido? A viagem não seria só na próxima semana?
— A senhora tem falado com a minha mãe?
— Não. Aconteceu alguma coisa?
— É, podemos entrar?

Na sala de estar, lhe contei tudo, omitindo alguns detalhes menos importantes mas a deixei a par da situação.

— Entendi. Sua irmã está grávida do seu namorado. É isso que dá não ter se casado enquanto era tempo. Você nunca se preocupou muito com nada, quando era adolescente, confiava nesse rapaz e deixava que ele fosse a quaisquer lugares desacompanhados. Estava pedindo para ser traída. E Zunduri também foi burra de ter deixado que um homem a tocasse antes de se casar. O Senhor não gosta disso, minha filha. – Ela balançou a cabeça.
— Vó, as coisas não funcionam assim. Eu confiei nele e o relacionamento que tínhamos era baseado em confiança, eu acho... – Fui interrompida.
— Relacionamento esse que não deu certo.
— Tudo bem. Não vou discutir com a senhora. – Respirei fundo.
— Como estão todos? –Ela disse mudando de assunto.
— Se a senhora quer saber sobre meu irmão, ele está bem. Não trabalha e nem estuda, mas está excelente. A senhora me dê licença, mas vou organizar minhas coisas. Meu quarto ainda é o mesmo?
— Sim. – Ela estava inquieta.
— Algum problema?
— Por quanto tempo pretende ficar?
— Por quanto tempo a senhora gostaria que eu ficasse? – Perguntei já bastante impaciente.
— Filha, não estou dizendo isso. Mas você vai precisar de um lugar para morar, e acho que minha casa não é suficiente para você.
— Tudo bem vovó, eu ainda não sei. Pode deixar que eu não vou me demorar aqui, OK?
— Sim, mas não se apresse... – Ela me disse meio duvidosa e eu resolvi entrar no meu quarto para não prolongar a discussão.

***

Queridxs leitorxs, resolvi apressar os fatos na história pois já estava ficando maçante, batendo na mesma tecla. Foi um avanço pequeno mas notável, espero que não se importem.
Não estou podendo postar por esses dias, pois como sabem, acabei de me mudar e algumas coisas não estão ajeitadas ainda. Peço desculpas a vocês, mas enquanto não posso enviar capítulos novos, vou deixando-os escritos e com boas surpresas para vocês.

Boa leitura 😘

Além da Cor - CompletoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora