Capitulo 49

2.9K 321 70
                                    

I am human and I need to be loved

Just like everybody else does

# The Smiths - How soon is now?

DORIAN

   — Dorian!

O cobertor foi arrancado de cima de mim. O rosto do Roger entrou em foco.

— O que foi? — sussurrei.

— Você cochilou no sofá. Por que não vai para cama?

A última vez que eu olhei a hora era quatro da manhã, e ao julgar pela claridade invadindo a brecha da janela, não cochilei muito.

— Você ainda está com problemas para dormir, não está? — Não respondi. Eu me sentia doente, literalmente. — Tudo bem, garoto. Eu vou levar Chloe para o trabalho. Tenta descansar. Eu estou começando a ficar preocupado com você.

— Eu estou bem. — Passei a mão no rosto, sentindo as carnes trêmulas.

— Dorian, faça o que eu estou mandando. Descanse. Só não esqueça a terapia marcada para as quatro.

Isso definitivamente me despertou.

— O quê?

— Algum problema?

— Claro que sim, porra. Eu já disse que não vou!

Eu prometi para Angel que tentaria, mas foi no calor do momento. Ela estava nos meus braços, e não pensei direito quando concordei.

— Você sabe que precisa disso.

— Besteira! Eu estou bem! Eu não preciso de ninguém analisando a minha vida.

— Escuta, você vai! Eu sei disso porque você sabe que tem muita gente preocupada com você. Angel é uma delas.

Golpe baixo...

— Você não precisa usar o nome dela para conseguir me convencer.

— Vai descansar, tá bom? Eu preciso que você faça isso e... — Roger hesitou. — Eu espero que a gente possa conversar sobre Denise depois.

Meus ombros se enrijeceram.

— Não.

Virei às costas e caminhei até o quarto.

— Você precisa me ouvir, Dorian! — Roger veio atrás de mim. — Eu acho que já se passou um bom tempo para você digerir tudo o que aconteceu...

— Ah você acha? — Ri amargo. — É muito fácil mesmo aceitar que o meu pai não é, de fato, o meu pai. Que na verdade, eu sou filho de uma mentirosa...

Roger apontou o dedo no meu rosto.

— Não fale assim dela! Chega! Você está cruzando a porra da linha!

Juntei as sobrancelhas. Ele sempre foi calmo, ria de si mesmo e driblava qualquer desentendimento com seu jeito espirituoso. Muito diferente do homem na minha frente, trincando a mandíbula e mirando os olhos selvagens em torno dos meus, como se me desafiasse a continuar.

— O que foi? É a verdade! E para completar a novela, eu sou filho de um doente. — Ri sem humor. — Meu pai anônimo a qual eu nunca imaginei existir é um doente maníaco! A porra de um psicopata!

Roger fechou os olhos, tomando tempo para se acalmar. Quando os abriu novamente, um misto de dor e vergonha tomou conta do seu rosto. Meu coração disparou. Era a primeira vez que tocamos no assunto. O tema que nenhum de nós tinha coragem ou estômago para falar.

1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora