Capitulo 27

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It was the sweetness of your skin

It was the hope of all we might have been

That filled me with the hope to wish

Impossible things

• The Cure - To Wish Impossoble 


DORIAN

 — O que diabos houve com você?

Will me encarou em choque.

— Eu sei, pareço um tomate podre. ­— Ri amargo, zombando da minha própria desgraça.

O baterista abriu mais a porta. Deixei minhas coisas no chão antes de me jogar no sofá velho. A mesa de centro estava cheia de garrafas de cerveja e único barulho vinha da tevê.

— Você vai me explicar o que aconteceu? — Will se sentou na poltrona da frente, o cigarro pendurado em seus lábios. — Um trator passou por cima de você ou o quê?

Abri a boca para responder quando um grito feminino ecoou por todo o apartamento, me assustando. Ergui uma sobrancelha para Will, que apenas abanou a mão.

— É o Jhonny. Sam está em casa, então ele resolveu usar a minha casa para... atividades físicas.

Rimos baixinho. Ignorando o barulho da cama batendo contra a parede e os gemidos de quem estivesse lá com ele, tentei voltar ao assunto:

— Eu vou precisar do seu sofá.

— Isso eu já percebi. Mas o que aconteceu?

— Tem cerveja?

— Você precisa ir ao médico! ­— Will foi até a cozinha.

Respirei fundo, descansando a cabeça no encosto do sofá enquanto pensava no que deveria fazer da vida. Estava sozinho de novo, sem casa, sem estrutura alguma. Tudo o que eu tinha era o trabalho na loja, dar as aulas particulares de violão e... Droga. Como diabos daria aulas sem o bendito violão?

Ruídos de passos vindo do corredor rompeu meus pensamentos e Jhonny veio de lá com uma expressão de quem se divertiu com uma linda morena a tira colo. A autora dos gritos explícitos.

— Que merda! — Ele estacou ao me ver. ­— O que aconteceu com você, cara? Por que parece um tomate podre?

A morena riu, puxando o vestido pelas coxas. Inclinei a cabeça, observando o corpo curvilíneo.

— Você saiu com a mulher de alguém, não foi? ­— Will me entregou a latinha de cerveja.

— Não é nada disso. Armaram para mim.

— O quê? ­— Jhonny exclamou. ­— Quem é que vamos matar?!

Eu ri, abanando a cabeça.

— Quem foi o infeliz? ­— Will insistiu.

— O ex-namorado da Angel.

— Você trepou com ela e o cara ficou irritado?

O sorriso escorregou do meu rosto e, no instante seguinte, eu já estava pegando Will pela gola na camisa e empurrando o desgraçado contra a parede. Ele gemeu com o impacto e ergueu as mãos em rendição.

— O que você está fazendo?

— Se você se referir a ela desse jeito de novo... ­— ameacei.

— Calma aí, cara! ­— Jhonny puxou meu braço. Finalmente cedi. — Parece que alguém precisa se acalmar.

1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora