Capitulo 22

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  W'ell drive our ships to new lands

To fight the horde, and sing and cry

Valhalla, I am coming!

• Led Zeppelin - Immigrant Song  


ANGEL

   — Tem como você atender o seu telefone?

— Eu estou dirigindo, Angel.

— Então me deixe atender.

— Ninguém toca no meu telefone.

— Então enfia o seu telefone no...

— Tudo bem, eu vou atender! — Dorian ergueu o celular até a orelha enquanto conduzia o volante com a mão livre. — Fala, Jhonny. Já estamos a caminho. Sim, ela está comigo. Não! Você não pode dar em cima dela.

Ri e coloquei a cabeça para fora da janela. A corrente de ar esvoaçou meus cabelos. Depois de algumas outras trocas de palavras, ele finalmente desligou.

— Pronto, mulher! Feliz?

— O que ele disse?

— Que estamos atrasados.

— Vocês sempre vão lá?

— Não muito. Você vai gostar de lá. A casa é da cena underground da cidade, abrindo portas para que bandas novatas do cenário alternativo possam, finalmente, merecer atenção.

Eu estava animada para vê-lo tocar. Ele concordou cantar, já que um Alex gripado não poderia fazer isso. Os garotos disseram que o pobrezinho perdeu a voz devido a garganta inflamada.

Observei o perfil de Dorian e descobri que não conseguia olhar para as mãos dele sem imaginá-las passeando pelo meu corpo. Aquelas mãos de músico faziam coisas maravilhosas... Corei com a lembrança da noite passada. Não via a hora de estar sozinha com ele de novo no andar de baixo. O que fazíamos quando todos estavam dormindo...

Dorian estacionou na primeira loja de conveniências. Segui os passos dele até a caixa registradora, onde encontramos uma jovenzinha coreana girando na cadeira giratória. Parou com a nossa presença, corando assim que pousou os olhos puxadinhos e fofos no músico.

— Posso... a-ajudar?

Sorri um pouco, porque entendia o efeito que Dorian provocava nas garotas. Ela observou o torso nu exposto devido os botões da camisa negra estarem abertos e as tatuagens que escapavam da manga dobrada até o cotovelo. Lindo, daquele jeitinho todo desconcertado mesmo.

— Marlboro, por favor. Dois.

— C-claro!

Enquanto tirava a nota, a moça intercalou o olhar entre nós e sorriu tímida.

— Vocês são um belo casal.

— Não somos um casal. — Dorian foi quase rude.

A menina corou ainda mais, entregando os cigarros e o troco. Mas ela não foi a única a se sentir mal pelo corte.

— Vou esperar lá fora. — E caminhei apressada.

Entrei no carro, bati a porta com força e cruzei os braços, tentando acalmar os nervos. Não entendia bem porque me encontrava tão chateada... Dorian não falou nenhuma mentira. Porém o jeito que ele disse soou como se a ideia fosse... absurda.

1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora