Capitulo 7

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Ela é um anjo

O único anjo

Ela é um anjo

Meu único anjo

• Harry Styles - Only Angel

DORIAN

  — Por que estamos fazendo isso?

— Porque faz tantas perguntas?

— Porque eu podia estar jogando vídeo game, assistindo a sexta temporada de The Walking Dead ou sei lá, me masturbar? Honestamente, eu não estou interessado em vigiar a vida amorosa da Angel. Eu nem sabia que ela poderia ter uma.

— Shhh!

Ergui o binóculo e mirei no Land Rover cinza estacionado alguns metros à frente, embora não dava para ver muita coisa do carro da Denise. Pensar no que poderia estar acontecendo lá dentro me incomodou mais do que eu estava disposto a admitir. E por quê? Porque as pessoas iam para um maldito Drive-in fazer coisas não... cristãs?

Peguei um cigarro e acendi depois de tentativas frustradas. Estava muito frio e ter um adolescente fazendo perguntas toda hora só deixava aquele momento mais embaraçoso.

"Você só está fazendo o que Robert ordenou", repeti para mim mesmo. "Vigiar a sua filha problemática e se certificar que ela não faça nenhuma besteira. E só"..

Certo?

— Meu refrigerante acabou. — Ed balançou o copo e fez os cubos de gelo ricochetear uns nos outros.

— Tá...

— Se vou fazer isso, preciso de refrigerante. E de mais pipocas. Talvez umas barras de chocolate também.

— Agora eu não posso...

— Então vou até lá pedir a Angel...

Estreitei meus olhos na direção dele. Ele sorriu.

— Chantagista mirim... Com quem aprendeu isso?

— Com você.

— Eu vou buscar, tá legal? Só espera um minuto.

— Você não acha que Angel vai surtar se descobrir o que estamos fazendo? — Enfiou um punhado de pipoca na boca.

— Ela não vai descobrir.

No telão extenso, a última cena do filme se desenrolava ao caos: Platão possui um revólver e a polícia age antes de perguntar. Jim e Judy estão desfocados em segundo plano enquanto Platão cai baleado.

— Eu acho que vai. — Ed continuou com sua linha de raciocínio. — Sinceramente, tenho medo dela.

Dei risada.

— O quê? Que história é essa?

— Certo dia bati na porta do quarto para entregar o livro que havia esquecido na sala. Ela me olhou como se quisesse me matar e enterrar meu corpo no jardim.

— Não exagera. Do jeito que você fala parece até que ela tem problemas de raiva.

De repente, a porta do Land Rover abriu e Angel desceu gritando furiosa. Chutou a lateral da lataria com o coturno, chamando atenção de alguns casais que circulavam por ali.

— Eu disse...

— Merda... Ed, fica aqui.

Desci do carro e avancei. Angel arregalou os olhos quando me viu, logo questionou o que eu fazia ali, porém nada respondi: muito focado no namorado para dar reposta.

1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora