Capitulo 12

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 DORIAN

 O meu batimento ritmo cardíaco parecia uma bomba relógio enquanto eu me curvava no vaso sanitário. Roger estendeu toalhas de papel. Aceitei de bom grado.

— Você está melhor ou sente que vem mais por aí?

Respirei fundo e me ergui do chão, tentando acalmar as palpitações no peito. Vomitar, definitivamente, não era uma das atividades mais agradáveis...

— Eu acho que estou bem... agora.

— O que você comeu?

— Sei lá. Sanduíche natural, chocolate, hm... Um pequeno almoço na casa da mãe da Angel?

Abri a torneira e lavei o rosto com a água fria. As pernas ainda estavam bambas, mas já me sentia um pouco melhor. Roger fez uma careta esquisita.

— O que foi?

— Você estava na casa da mãe da enteada da Denise?

— Sim? Eu levei a garota até lá de carro e...

— Vocês passaram o final de semana juntos?

— Basicamente sim...

— Juntos? Só você e ela?

— Sim, Roger. Eu já disse que sim! Por que está me encarando desse jeito?

Ele estava com as duas mãos na cintura, o vínculo no meio das sobrancelhas.

— Dorian, eu tenho uma boa e uma má notícia para te dar. Qual das duas você quer primeiro?

Franzi o cenho.

— A boa?

— Você não está com qualquer intoxicação alimentar.

— E a má?

— Você está apaixonado.

Fiquei encarando Roger de forma cética e, em questão de segundos, a crise de riso veio.

— Sempre fazendo boas piadas, não é?

— Se você quer fingir que eu estou brincando para se sentir melhor...

— Por que acha que eu estou apaixonado?

— Por que você chegou aqui completamente ansioso e depois vomitou tudo o que comeu durante o dia. Vai por mim, ela te deixa nervoso.

— Sem chance.

Roger afagou o meu ombro e me conduziu até sala.

— Vá se sentar, sim? Eu vou te contar uma história.

— Lá vem...

Quando Roger Cooper começava suas histórias "brilhantes" de sua época na adolescência, não conseguia mais parar de falar.

— Apenas faça o que eu estou dizendo. Vou buscar umas cervejas.

Muito contrariado, eu fiz o que ele pediu. Era certo que eu respeitava sua opinião. Afinal, era o melhor amigo do meu pai, sempre esteve presente em todos os momentos da minha vida. Além de ser o meu chefe, dono da lojinha de música onde trabalhava. Mas, mesmo assim, parecia loucura... Apaixonado?

Roger Cooper retornou com duas latinhas. Sentou ao meu lado e começou a mudar de canal.

— Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe?

— Eu sei.

— Por que não é nada bom guardar as coisas dentro de si mesmo.

— Eu sei.

1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora