ANGEL
Dei duas batidinhas na porta do quartinho, escutando um "entra" rouco. Girei a maçaneta, entrando só o suficiente para colocar a cabeça lá dentro e...
As costas, tão largas e torneadas, entraram no meu campo de visão. Sempre achei as costas a parte mais atraente em um homem... A bagunça selvagem de cabelo úmido lhe deu frescor pós-sono e o tronco nu era uma benção da natureza...
— Angel, eu já estou de saída.
— Denise está chamando para o café da manhã.
Dorian pegou a camisa para vestir, todo distraído. O movimento foi rápido, mas peguei um vislumbre de pele se contraindo com o movimento antes do tecido esconder. Oh...
— ANGEL!
— O quê?
— Eu estou perguntando o que você quer já tem minutos. — Ele colocou a mão na cintura e ergueu uma sobrancelha. Quase ri pelo gesto cômico. — Você continua fazendo isso...
— Isso o quê?
— Me analisando como se eu fosse um quadro no museu. — Sentou na cama para calçar os coturnos.
— Eu fico, é?
— É um pouco assustador
Porque você é bonito...
Dorian parou o que estava fazendo e ergueu a cabeça. Ele parecia surpreso e... envergonhado?
— Obrigado. — Desviou o olhar, tímido.
Oh, meu Deus! Não acredito que eu pensei em voz alta. Por que eu simplesmente não conseguia manter a boca fechada? Que patética!
Talvez ele estivesse tão constrangido quanto eu, pois continuou se arrumando como se nada tivesse acontecido.
— Tudo bem, bonequinha do mal. Diz logo o que você quer.
— Como sabe que eu quero alguma coisa?
— Você está aqui, não é mesmo? — Passou a mão no cabelo de forma desconexa. — E me fez um elogio. Tipo, logo você!
Enruguei o nariz, tentando não me sentir ofendida. Sabia ser gentil, ora essa!
— Tudo bem. Eu preciso de um favor.
Tentei soar afetuosa, mas soube que não tinha sido bem sucedida quando Dorian, estupefato, gargalhou na minha cara.
— É tão engraçado vê-la tentando fazer papel de simpática. Por favor, continue.
— Eu preciso de um emprego temporário, tá legal? Pensei que talvez você pudesse... ajudar. — Cocei o pescoço, constrangida. — Se for bonzinho, ganhará um presente! — Pisquei um olho.
Ele riu.
— É mesmo? Que presente é esse, moça?
Com um impulso não tão característico da minha personalidade, colei meus lábios em seu ouvido. Cheiro forte de homem me fez ofegar, mesmo assim encontrei forças para dizer:
— Um erro. Talvez outro, depois outro...
Esperei que ele soltasse uma provocação cafajeste típica dele, porém o músico se afastou e ficou mais rígido do que a porta atrás de mim.
— Eu estou saindo para trabalhar agora. — Puxou a gola da camisa, sem encontrar os meus olhos. — Mas se você quiser, pode me encontrar lá na hora do almoço. Vou falar com o meu chefe se ele sabe de alguma coisa.
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1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)
Romance☆ Livro 1 da série Privilegiados: Memórias Ocultas Enviada para passar as férias de verão na casa do pai, Angel Levi não está disposta a conviver com a nova família do homem que desapareceu quando ela tinha nove anos. A garota impetuosa só n...