Capitulo 40

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 We haven't spoke since you went away

Comfortable silence is so overrated

Why won't you ever say what you want to say?

Even my phone misses your call, by the way

Harry Styles - From The Dining Table


DORIAN

   Os meus olhos estavam fixos no noticiário da tv da sala de espera, embora a minha mente matutava as possibilidades de fugir. Eu me sentia vulnerável, fraco. Não estava pronto.

Respirei fundo e me virei para o homem otimista sentado ao meu lado.

— Roger — sussurrei, percebendo a recepcionista olhando para nós.

— Hum?

— Eu pensei melhor.

— Sobre?

— Não sei se consigo fazer isso.

Eu fiz menção em levantar, mas Roger me empurrou de volta na cadeira.

— Você nem entrou.

— Foi uma péssima ideia. Podemos ir?

— Você acha que vai ser julgado ou algo assim?

— Eu só não quero, tá bom? Como é que eu vou me abrir sobre a minha vida para uma estranha?

— Você não é obrigado a falar tudo. Não assim logo de cara. Não é assim que a terapia funciona.

— Dorian Leduc? — A recepcionista chamou a nossa atenção. — A dra. Emma está esperando.

Eu não consegui me mexer.

— Olha, eu não vou te impedir de ir embora. Mas pense no seguinte, você não tem muitas opções. Se decidir sair, sabe que haverá monstros te esperando do lado de fora. Essa é a chance de tentar entender tudo.

— Mas...

— Leve isso como uma experiência. Se você não se sentir bem com isso, eu juro que vamos encontrar outro jeito.

— Dorian Leduc? — A mulher insistiu.

Então eu fui. Emma estava sentada atrás da sua secretaria numa sala com ar acolhedor. Aparentava pertencer a casa dos quarenta com seu rosto simpático cheio de marcas expressivas, usando um vestido elegante azul e o cabelo afro solto.

— Boa tarde, Dorian! — Sorriu acolhedora.

Clareei a garganta.

— Boa tarde.

— É um prazer conhecê-lo. — Ela levantou e ergueu a mão. — Como já deve saber, eu sou Emma. Roger me falou muito sobre você.

Aceitei o cumprimento e forcei um sorriso.

— O prazer é meu.

— A terapia é simples. Você pode fazer o que quiser. O tempo é todo seu. — Ela se sentou na cadeira espaçosa e apontou para o sofá de couro. — Por favor, fique à vontade.

Eu me sentei e fitei o teto por incontáveis segundos. Por que isso tinha que ser tão constrangedor?

— Quero que saiba que você não precisa falar nada que não queira, mas eu preciso que você tente colaborar quando se sentir pronto. Aqui não há julgamentos, preconceito ou qualquer falta de ética. Tudo o que disser ficará preso dentro dessas quatro paredes. Apenas aqui, jamais lá fora.

1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora