Vinícius

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Durante as duas horas dentro da minivan, tudo o que fiz foi ouvir música e rir das piadas ruins que Carlos insistia em fazer para as crianças.

-Toc-toc.

-Quem é?

-Prato.

-Prato quem?

-Prato ver como essa piada é ruim.

Com piadas assim, Paulo e a irmã do Carlos, que descobri se chamar Luíza, passavam um bom tempo rindo, antes de alguma outra piada.

-Eles riem de qualquer coisa - comentou Hanna, que estava sentada ao meu lado.

-Eu percebi - olhei pela janela, de onde já era possível ver a casa onde ficaríamos. Ao redor dela, várias árvores formavam uma cerca viva e um lago despontava à esquerda - Vocês vem sempre pra cá?

-Uma vez por mês, às vezes duas - respondeu, cortando a conversa ali.

Assim que chegamos e descemos as malas, a mãe de Hanna avisou que a tia dela, Paola, estava viajando, então, ficaríamos sozinhos até domingo.

-Seguinte, tem três quartos de hóspedes. As garotas ficam em um, garotos em outro e as crianças em outro. Ninguém entra no quarto da minha tia, ouviram? - ordenou Hanna, depois que sua mãe já havia ido embora. Apenas assentimos e levamos as malas para dentro.

A casa era confortável. As paredes pintadas em tons claros deixavam o lugar ainda mais aconchegante.

Depois de arrumar as roupas e dar uma volta pela casa, Carlos chamou à mim e o Nick para dar um volta, dizendo que estava preparando uma pegadinha para as meninas.

-Você não vão gostar de ver a Hanna irritada. Ainda mais hoje - comentou, assim que saímos da casa. Passamos pelo mesmo lago que vi quando ainda estávamos na estrada e seguimos mata a dentro, entrando numa trilha, mas não sem antes ouvir um grito irritado - Ferrou. Corre.

-Espera! - Carlos já corria pela trilha, sem olhar para trás. Eu e Nick trocamos um olhar rápido e o seguimos, pulando galhos, desviando de troncos e deslizando no chão lamacento.

O alcançamos apenas quando chegamos à beira de um rio, onde ele se sentou, arfando. Não muito longe, podíamos ver um pé de pêssegos com algumas poucas frutas ainda penduradas. Depois de nos recompôr, juntamos algumas frutas e voltamos caminhando para casa. Com a disparada de Carlos, não notamos que havíamos ido longe demais da casa.

A conversa fluía com naturalidade e, das doze frutas que colhemos, fomos recebidos com apenas seis, no começo da noite.

Mais que rápido, as meninas juntaram guloseimas e doces, enquanto Carlos e Nick buscavam lenha, para acendermos uma fogueira. Paulo e Luíza fingiam fazer algum esforço, juntando galhos e folhas secas para dar início ao fogo.

Depois de tudo pronto, Hanna teve a brilhante ideia de contar histórias de terror para as crianças. Uma lanterna foi acesa e estendida para cada um de nós, como se sinalizasse que era a nossa vez.

Sonho de Açúcar Onde as histórias ganham vida. Descobre agora