Noragami - Férias de Natal

Capitulo 35 - O problema de Ouvir as Conversas às Escondidas

Casa da Kofuku e do Daikoku, 18h20...

Hiyori

"O que vai ser o jantar?" O Yukine perguntou ao Daikoku, provavelmente para acabar com o silêncio no qual a sala tinha ficado. "Ainda não pensei nisso... Mas provavelmente vai ser massa instantânea." O mesmo respondeu e tentei deixar de pensar no facto de a Maki e o Yato estarem juntos, mas não consegui.

"Eu vou dar uma volta... Ou melhor, vou procurar o Yato e a Maki." Acabei por ser direta, não valia a pena mentir quando aparentemente já todos sabiam que eu gostava do Yato... "Eu vou contigo." O Yukine disse e acabei por acentir.

Saímos ambos de casa e comecei a procurar o cheiro do Yato, mas não o conseguia encontrar. "Fazes alguma ideia de onde o Yato pode estar?" Perguntei ao Yukine. "Não... Mas talvez fosse melhor esperar que ele voltasse para casa, de preferência sozinho." O loiro disse e olhei para o chão enquanto andávamos.

"Podemos dizer que a Kofuku está com dores de barriga e que precisamos da ajuda dele, e depois quando chegássemos a casa ela já estava bem." Inventei e o loiro pensou durante um pouco. "Pode ser uma boa desculpa para mandar a Maki embora... Muito bem, eu alinho." O Yukine deu-me um sorriso traquina e dei-lhe um outro em resposta.

"Muito bem, vou tentar encontrar o cheio do Yato mais uma vez." Informei e o rapaz acentiu. Parei de andar, fechei os olhos e concentrei-me em encontrar o cheiro do Yato, mas mesmo assim tinha dificuldades em encontrá-lo. Voltei a tentar e desta vez esforcei-me ao máximo, acabando assim por finalmente encontrar o cheiro dele. Corei assim que o senti e abri os olhos lentamente, encontrando o Yukine a olhar para mim.

"Estás bem?" Ele perguntou e acenti. "Encontrei o cheiro dele." Sorri e o loiro também retribuiu o sorriso. "Vamos por aqui!" Informei e comecei a andar com passo apressado enquanto o Yukine me seguia. Fomos virando de rua em rua e sentia o cheiro do Yato cada vez mais próximo, até que paramos de andar para espreitar para a rua seguinte, antes de virar, apenas para ver se o Yato e a Maki estavam lá.

O Yukine aproximou-se da esquina e espreitou, dando sinal positivo para avançar. Ou seja, a Maki e o Yato não estavam na rua seguinte. Voltamos à nossa caminhada e andamos durante mais uns 5 minutos, até que encontramos mais uma esquina para virar.

Mais uma vez foi o Yukine quem foi espreitar, mas o Yato e a Maki também não estavam lá, por isso continuamos a andar mais um bocado.

Mais uma esquina surgiu e desta vez decidi ser eu a espreitar, visto que o cheiro do Yato estava tão próximo. Assim que espreitei pela esquina, lá estavam eles os 2, a Maki e o Yato, sentados num banquinho de jardim que havia naquela rua enquanto comiam gelado. Fantástico... E tinha mesmo que ser eu a espreitar nesta maldita esquina...

"Eles estão aí?" O Yukine perguntou-me num sussurro e acenti em confirmação. "Então vamos chamar o Yato." O loiro disse e tentou passar por mim, mas agarrei a sua mão e puxei-o para trás, de volta para o meu lado. "O que foi?" Ele perguntou confuso e fiz-lhe sinal para fazer silêncio.

"Shhh... Vamos ouvir a conversa deles." Disse num sussurro. "Mas isso é errado." O Yukine tentou fazer-me mudar de ideias. "Teoricamente mentir ao Yato para o separar da Maki também é errado." Atirei e ele desviou o olhar, acabando por suspirar e concordando com a minha ideia de ouvir a conversa.

"Eu gosto de estar contigo, Yato." Ouvi a Maki dizer e o Yato riu-se em resposta. Começava já a arrepender-me de estar a ouvir as conversas daqueles 2. "Eu também, eu também..." Ele retrocou e desta vez quem se riu foi a Maki.

"Hey, Yato..." Ela disse num tom de voz muito mais baixo e sério. "O que foi?" O mesmo perguntou, confesso que nem eu tinha percebido o porquê da mudança do tom de voz dela. "A Bishamon contou-me o segredo que tens com ela..." A Maki disse e arregalei os olhos. Ela referia-se àquele segredo que o Yato não me contava? Aquele segredo que uma vez quase fez a Bishamon matar-me?

"D-Do que estás a falar?" O Yato perguntou. "Tu sabes... Do segredo sobre a Hiyori..." A Maki disse e fiquei ainda mais atenta à conversa. "Explica-te." O Deus pediu. "Estou a falar do segredo que tens com a Bishamon, sobre a situação da Hiyori... A Bishamon quer que cortes os laços com ela pois não é suposto uma humana interagir com os Deuses e saber dos seus segredos, só que tu recusas-te a cortar os laços com ela." A Maki começou a dizer e arregalei os olhos, finalmente sabia qual era o segredo, mas não me agradava.

"Ouviste isto, Hiyori?" O Yukine perguntou-me num sussurro, os seus olhos também estavam arregalados, tal como os meus. Acenti em confirmação e voltei a prestar atenção à conversa daqueles 2. "Por que é que ela te foi contar isso?" O Yato perguntou com uma voz preocupada. "Ela tem esperanças de que eu te consiga convencer a mudar de ideias e que cortes os laços com a Hiyori." A Maki retrocou e apertei a minha saia.

"Ela disse que caso não cortasses os laços, ela teria de a matar..." A Maki continuou e surgiu um aperto na minha garganta. "Mas eu já falei com ela sobre isso e disse que ia cortar os laços, ela só me precisa de dar tempo para o fazer..." O Yato retrocou e arregalei os olhos mais uma vez enquanto os sentia aquecer.

"O quê...?" O Yukine deixou escapar e a minha primeira lágrima caiu. "O Yato tinha dito que não o ia fazer..." O loiro disse baixo e contive-me para não soluçar enquanto limpava os olhos, já cheios de lágrimas.

"Não te devias ter envolvido tanto com ela, agora vai ser mais difícil para ti cortares os laços." A Maki continuou a conversa. "Mas eu tenho de o fazer, certo? Então é isso que vou fazer." O Yato respondeu e tapei de imediato a minha boca enquanto chorava cada vez mais. Isto não podia estar a acontecer...

"Ele não pode..." O Yukine disse enquanto olhava para o chão e as suas primeiras lágrimas também começaram a cair, por isso peguei na mão dele e comecei a correr de volta para casa. Ambos choramos durante o caminho e antes de chegarmos ao nosso destino resolvi parar para acabarmos de chorar.

"Não vais contar nada disto à Kofuku, está bem?" Pedi ao Yukine e ele limpou os seus olhos molhados mais uma vez. "Não vou contar? Como é que queres que não conte? a Kofuku é das únicas pessoas que pode impedir o Yato de cortar os laços contigo!" O loiro gritou de forma preocupada enquanto mais lágrimas caiam dos seus olhos.

"Eu sei, mas não lhe vais contar nada disto! Tens que me prometer isso, Yukine!" Pedi ao rapaz e ele fechou os olhos enquanto chorava. "Prometes?" Perguntei enquanto os meus olhos também ganhavam água, mas ele acentiu em resposta e acabei por abraçá-lo.

"Vai ficar tudo bem, eu prometo." Disse baixo e ele soluçou pela milionésima vez. "Eu gosto muito de ti... E gostei muito de te conhecer. Nunca te esqueças disso." Disse-lhe e ele limpou os olhos, acabando ambos por nos afastar e secar as lágrimas. "Certo, vamos voltar para casa da Kofuku e do Daikoku como se nada tivesse acontecido." Disse-lhe e ele desviou o olhar sem me dar nenhuma resposta.

Assim que abrimos a porta de deslizar a Kofuku estava a ler uma revista, deitada de barriga para baixo sobre muitas almofadas e quase a mostrar as cuecas. "Então, encontraram o Yatinho?" Ela perguntou enquanto se sentava. "Não, mas os meus pais ligaram-me agora e disseram que eu tinha que ir imediatamente para casa, por isso já vou andando." Informei e o Daikoku arqueou a sobrancelha.

"Gosto muito de todos vocês." Sorri-lhes e acenei-lhes, pegando nas minhas coisas e abrindo a porta de deslizar, saindo rapidamente enquanto corria pelas ruas fora.

Preferia ser eu a esquecer-me de todos eles do que ser o Yato a cortar os laços. E assim diria pelo menos a todos eles que gosto muito deles uma última vez.

Eu tinha que esquecer os meus amigos... Era a minha única opção.