Capitulo 12 - Mancha

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Casa da Hiyori, 13h10...

Hiyori

Depois de me vestir enviei uma mensagem ao "Deus com IPhone" a dizer-lhe que só ia para casa da Kofuku ajudá-los depois do almoço, se voltasse a ir comer fora os meus pais iam ficar desconfiados, por isso acabei por ficar em casa a almoçar com eles.

Falamos de tudo e mais alguma coisa: das minhas notas nos exames, do Natal, da noite de Ano Novo que se aproximava e do novo membro da família, o gato que o Yato me tinha dado e ao qual eu ainda não tinha dado um nome. Pensei em chamar-lhe Yaboku, para nunca me esquecer do verdadeiro nome do Yato, mas talvez não fosse o mais apropriado para um gato.

"Yaboku? Isso parece o nome de um Deus." A minha mãe comentou quando falamos do gato. "É engraçado, mas acho que um nome de Deus para um gato é estranho." O meu pai comentou e enfiei alguma comida na minha boca.

"Eu até gosto, porque existe um Deus chamado Yaboku que foi criando sendo um Deus da Calamidade, que só trazia desastre e morte para a vida das pessoas. Mas decidiu que se tornaria um Deus da Sorte e que iria trazer o bem aos seus seguidores." Fiz de conta que tinha visto esta história em algum lado, quando na realidade era mais ou menos um resumo da vida do Yato (ou melhor, da parte da vida do Yato que eu conhecia...).

"Interessante... Eu acho que Yaboku até lhe fica bem." A minha mãe apoiou-me e o meu pai olhou para o prato dele. "Podem escolher o nome à vontade, para mim é indiferente." Ele disse e colocou o seu garfo na boca.

Depois do almoço ajudei a minha mãe a lavar a loiça e a seguir saí de casa, inventando que ia ter com a Ami e a Yama. Dirigi-me até casa do Daikoku e da Kofuku enquanto via todas as mensagens que o Yato me tinha enviado. Felizmente não se teletransportou para minha casa sem dizer nada, Graças a Deus...

"Cheguei!" Saudei assim que entrei em casa da Kofuku e do Daikoku. "Hiyorin!" A Kofuku disse e saltou para cima de mim, abraçando-me pelo pescoço. "Boa tarde." O Yukine deu-me um grande sorriso assim que me viu e reparei que o Yato estava sentado no chão a mexer num cubo mágico.

"Onde está o Daikoku?" Perguntei e a Kofuku sorriu-me. "Ele foi comprar uns enfeites para lá para fora novos, os do ano passado estavam estragados." Ela comentou. "Yukine, ajudas-me a enfeitar o sótão, por favor?" A Kofuku pediu e o mesmo assentiu, subindo os 2 lá para cima.

Fiquei sozinha com o Yato na sala mas ele estava demasiado concentrado no cubo magico para poder falar comigo. "O que estás a fazer?" Perguntei e ajoelhei-me ao seu lado, era obvio que já sabia que ele estava a tentar fazer o cubo magico, mas queria que ele falá-se comigo.

Ao ajoelhar-me ao lado dele pousei a mão na parte de trás do seu pescoço para me apoiar nele, mas quando já estava ajoelhada senti algo queimar e magoar a minha mão, por isso retirei-a de imediato do seu pescoço. Ao olhar para a mesma vi que as pontas dos meus dedos estavam roxas, cobertas por uma camada de fuligem que ia queimando e alastrando pelos mesmos.

"Uma mancha? O Yukine manchou-te?" Perguntei preocupada enquanto ele olhava para a minha mão com os olhos arregalados. "Senti algumas dores por ele ontem estar chateado comigo, em relação a ti, mas não dei conta que estivesse manchado." Ele explicou rapidamente e fiquei a olhar para a minha mão enquanto a mancha ia alcançando a palma da mesma, rumo ao meu pulso.

"Anda, temos de ir cuidar disso." Ele disse e puxou-me pelo braço, que por agora ainda não estava manchado. Corremos (ou melhor, o Yato arrastou-me) até à fonte de água benta mais próxima e assim que lá chegamos mergulhou a minha mão na água.

Ardeu um pouco e deixei escapar alguns gemidos, mas a mancha estava a desaparecer sem problemas. "Aguenta só mais um bocadinho." O Yato pediu e eu acenti em confirmação. Ficamos mais uns 5 minutos a ver a mancha desaparecer até que a minha mão ficou normal, completamente limpa, como se nada tivesse acontecido.

'"Finalmente..." Suspirei depois daqueles minutos a ser levemente torturada. O Yato continuou a segurar na minha mão enquanto a observava bem para ter a certeza de que não tinha mesmo nada da mancha. "Não te preocupes, já não sinto dor." Disse e ele olhou para mim.

"De certeza?" Ele quis confirmar e acenti, o que pareceu deixa-lo bastante mais relaxado. Em seguida fiquei a secar a minha mão enquanto o Yato tirava a camisola para tratar da sua mancha. Esta já estava em quase todo o seu pescoço e um pouco pelas costas, era bastante extensa.

Acabei por me aproximar dele para o ajudar, fazendo uma conchinha com as mãos e deixando cair a água que recolhia nas suas costas. Com as dores ele acabou por se sentar no chão e depois de eu arranjar uma toalha para trazer mais água até às costas dele também acabei por me sentar com ele no chão, de frente para as suas costas. Fui mergulhando a toalha na fonte e ia torcendo a mesma por cima da zona manchada que preenchia o seu corpo.

Aquela fuligem roxa foi desaparecendo muito lentamente enquanto o Yato ficou durante uns 10 ou 15 minutos a deixar escapar gemidos e a prender o ar, com o tamanho daquela mancha ele devia ter bastantes dores.

Assim que toda a mancha desapareceu ele suspirou e pousei a mão no seu ombro, agora limpo. "Já acabou." Acalmei-o e ele passou a mão no seu pescoço. "O Yukine manchou-me outra vez..." Ele deixou escapar.

"Mas agora nós já estamos bem, por isso ele vai acalmar-se." Relembrei e ele olhou para o chão. "Não percebes... Ele manchou-me outra vez por te teres afastado de nós durante 1 ou 2 dias." Ele disse e fiquei confusa. "E então, qual é o problema?" Perguntei e ele apertou as suas calças.

"Sabes que um dia teremos de cortar os laços contigo, porque vais continuar a crescer e nós não, por isso teremos de nos afastar de ti e tu vais-te esquecer de nós e vais deixar de nos ver." Ele comentou e senti os meus olhos aquecerem só com a ideia de me afastar deles.

"Por isso, se ele me manchou por causa de te teres afastado uns dias, imagina quando tivermos de nos separar de vez." O Yato disse baixo e senti os meus olhos ganharem água.

"Eu não quero cortar os laços com vocês!" Gritei e abraçei o Yato pelas costas enquanto ainda estavamos ambos sentados no chão. Ouvi-o prender o ar e deixei escapar um soluço, não queria de forma alguma afastar-me deles. Senti a minha roupa ficar molhada por me ter encostado às costas ainda com água do Yato, mas não quis saber.

"Não me quero afastar. Sei que se cortarmos os laços vou-me esquecer de quem vocês são e por isso não vou sentir a vossa falta, mas vou ter sempre a sensação de que me falta algo." Disse com a minha voz trémula enquanto o Yato continuava calado que nem um rato.

Fiquei a abraçá-lo pelas costas durante bastante tempo enquanto deixava escapar alguns soluços e ele permanecia calado, até que as minhas lágrimas secaram e fiquei simplesmente perto do Yato.

"Temos de ir para casa." O mesmo disse depois de uns 10 minutos de silencio. Queria largá-lo mas precisava de estar perto dele para ter a certeza de que ele não fugia de mim...

"Não te quero largar." Admiti e ele afastou-me um pouco para se virar de frente para mim, dando-me um abraço depois de o fazer. "Não penses mais nisso." Ele disse baixo e limpei os meus olhos, afastando-me dele.

Levantamo-nos do chão e ele vestiu a camisola outra vez, e acabamos assim por voltar para casa depois deste episódio estranho.

Noragami - Férias de NatalWhere stories live. Discover now