Capitulo 33 - As Tendas

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Acampamento, 17h30...

Hiyori

"Então, já conseguiram pescar algo?" Perguntei ao Yato e ao Yukine. "Nem por isso..." O loiro foi o único a responder-me. Também não esperava que o Yato fosse dizer alguma coisa... "Estou com tanta fome..." Murmurei baixinho enquanto olhava para os meus livros, ainda não tinha conseguido estudar quase nada.

"E-Eu estou cheia d-de f-frio..." A Kofuku queixou-se enquanto os seus dentes batiam uns nos outros. Ela e o Daikoku tinham saído da água à uns 10 minutos e como já estava a ficar escuro era normal que tivessem frio, embora a Kofuku fosse a única que se queixava.

"Eu disse que devíamos ter saído da água mais cedo, agora não te vais conseguir secar facilmente." O Daikoku reclamou enquanto se aproximava da Kofuku e cobria a mesma com uma manta, o que foi adorável da parte dele. Quem me dera que o Yato também me viesse cobrir com uma manta... Espera, o que raio estou a pensar?

"Eu desisto! Estou farto de tentar apanhar um peixe!" O Yukine reclamou num berro e pousou a sua cana de pesca na relva de forma brusca. "Acho que também vou desistir..." O Yato anunciou de forma desanimada.

"M-Mas então e o jantar?" Acabei por perguntar de forma dramática, o que o fez olhar para mim durante alguns segundos. Mas aquela troca de olhares terminou assim que o Yato sentiu algo puxar a sua cana, o que deixou toda a gente num silêncio total.

"Yato, puxa a cana!" O Yukine disse de forma ansiosa e o mesmo acentiu, dando um puxão e revelando assim um grande peixe preso na sua cana. Acho que nunca tinha visto um peixe tão grande como aquele, era enorme!

"Já temos jantar!" A Kofuku guinchou enquanto se tapava com a manta que o Daikoku lhe tinha dado. "Mas aquele peixe não chega para 5 pessoas." O mesmo comentou e acabei por concordar com ele. Mas de seguida a cana do Yukine, que ainda estava pousada na relva, também começou a vibrar e algo tentou puxá-la para dentro de água.

Larguei os meus livros rapidamente e corri até à cana de pesca, segurando-a com toda a força que tinha. Felizmente do Yukine apareceu ao meu lado e também me ajudou a puxar a cana para fora do rio. "Puxamos aos 3." Ele disse e acenti.

"1." Comecei a nossa contagem. "2." Ele continuou. "3!" Guinchamos ao mesmo tempo e puxamos a cana para fora de água, revelando assim um peixe quase tão grande quanto o do Yato. "Não acredito!" A Kofuku também se juntou a nós e todos nos começamos a rir, o que foi bastante engraçado. Esta tinha sido uma pescaria em grande!

"Muito bem, vou acender uma fogueira para podermos cozinhar os peixes." O Daikoku informou-nos e fiquei a olhar para os nossos peixes, que estavam agora dentro de um balde e abanavam um pouco a sua cauda.

"E nós vamos secar-nos e mudar de roupa. Anda, Yukine." O Yato disse e puxou o loiro de volta para as tendas, que estavam um pouco mais ao longe. Assim, tínhamos sobrado apenas eu e a Kofuku.

"Ainda não consegui estudar lá grande coisa." Confessei à Deusa dos cabelos cor-de-rosa. "Lamento." Ela disse e suspirei, meia chateada. "Tu tinhas prometido que vocês não me iam chatear enquanto eu estivesse a estudar, mas no entanto o Yato passou o tempo todo a gritar e a gozar comigo e com o Yukine." Reclamei magoada.

"Estás enganada. Eu prometi que eu não te iria chatear enquanto estivesses a estudar, e não chateei. Mas eles não te prometeram nada, tu é que interpretaste mal o que eu te disse." Ela analisou a situação e abri a boca em surpresa. Ela tinha razão, no final das contas, a Kofuku tinha sido a única a prometer-me que não me iria chatear. E de facto não chateou. Às vezes sou muito burra...

"Fantástico: para além de não ter conseguido estudar nada, ainda descobri que sou burra." Reclamei e virei a página do livro que tinha no meu colo. "Não te preocupes, depois do jantar eu arranjo maneira de entreter o pessoal, e tu aproveitas para estudar ao máximo." Ela sorriu-me e acabei por também lhe sorrir. Ela é tão boa pessoa...

"Obrigada, Kofuku." Agradeci de forma doce. "De nada, minha Hiyorin!" Ela guinchou e deu-me mais um dos seus abraços calorosos. Ela é mesmo amável.

"Meninas, o peixe já está pronto!" Ouvimos o Daikoku chamar-nos e levantamo-nos do relvado. Assim que nos juntamos aos rapazes à volta da pequena fogueira que o Daikoku tinha acendido, começamos a dividir os 2 grandes peixes que tínhamos conseguido pescar, e quando os comemos vimos que estavam muito bons!

O jantar foi bastante animado e houve alguma bebida alcoólica à mistura, por isso o Daikoku e o Yato já não estavam no seu perfeito juízo. Mesmo com tudo isto, a Kofuku e o Yukine conseguiram arranjar maneira de os distrair para eu ir estudar um pouco mais.

Abri os livros, peguei nas folhas e nas canetas e iniciei o meu estudo. Concentrei-me ao máximo para tentar perceber e decorar os conteúdos, pois sabia que não iria ter muito tempo de paz e sossego para poder estudar. Felizmente, aquelas horas serviram para alguma coisa e consegui entender maior parte da matéria, por isso tinha a certeza de que não tirava uma negativa neste teste. Boa, já não ia ser morta pelos meus pais!

Assim que terminei de rever toda a matéria comecei a arrumar as minhas coisas, mas enquanto o fazia surgiu uma pequena rajada de vento que levou uma das minhas folhas. Arrumei o resto das minhas coisas rapidamente e corri juntamente com os meus livros atrás daquela folha fugitiva, até que a mesma entrou numa das tendas do nosso pessoal.

Já todos estavam a dormir, mas a Daikoku e o Yukine tinham ficado numa tenda, a Kofuku noutra (provavelmente ia ficar comigo), e o Yato na última tenda que restava. Já eram 00h10 e portanto todos eles dormiam calmamente nas suas tendas.

É claro que, com a sorte que eu tenho, a folha voadora tinha mesmo que entrar na tenda do Yato. Juro que eu tenho mesmo azar. Bom, talvez por causa da bebedeira ele estivesse agora a dormir que nem uma pedra, e por isso não fosse acordar com a minha presença.

Espreitei cuidadosamente para dentro da tenda e a folha estava mais afastada do Yato, o que queria dizer que não me teria de aproximar muito dele para a ir buscar. Pousei os meus outros livros cuidadosamente dentro da tenda e fechei-a para o Yato não ter frio, embora eu ainda tivesse que sair outra vez, para ir embora.

Preparei-me para pegar na minha folha mas olhei para o Yato, não conseguia ver o seu rosto por completo porque uma grande parte dos seus cabelos o cobria. Não resisti e tentei mexer cuidadosamente no cabelo do Yato, mas quando estava prestes a tocar-lhe ele agarrou a minha mão e puxou-me para baixo, deixando o seu braço pesado sobre mim, impedindo-me de me mexer.

"Y-Yato!" Guinchei depois de me assustar com o puxão dele. "Hmmm...?" Ele perguntou de forma ensonada, como quem diz "O que queres, chata?".

"Deixa-me sair daqui!" Reclamei, mesmo não querendo sair. "Vou-te fazer uma coisa, e não a vou fazer por causa da bebedeira. Não estou assim tão bêbado quanto isso." Ele avisou e levantou-se do chão, tirando o seu braço de cima de mim.

Do nada, ele virou-me de barriga para cima (ou seja, de costas contra o chão) e deu-me mais um beijo. Confesso que já tinha perdido a conta à quantidade de beijos que já tínhamos trocado, mas mesmo assim cada um deles parecia melhor que o outro.

Ele tinha-me avisado antes de o fazer. Tinha-me dito que o que iria fazer a seguir não era por causa da bebedeira. Ou seja, este beijo foi intencional, e não um ato inexplicável de um bêbedo.

"Diz-me a verdade, Hiyori." Ele pediu assim que afastou os seus lábios dos meus, juntando-os outra vez logo de seguida, para meu espanto. "Explica-me." Ele separou os nossos lábios e voltou a uni-los mais uma vez. "Explica-me por que é que tenho esta necessidade de te beijar." Ele voltou a falar e a beijar-me. Confesso que estava a gostar disto, só era pena não o conseguir agarrar devido à posição em que tinha ficado.

"Explica-me porque tenho esta necessidade de te tocar. De sentir o teu cheiro. Explica-me." Ele insistiu enquanto me ia beijando uma e outra vez, interrompendo os beijos apenas para falar. A velocidade a que me beijava começava a aumentar, acho que nunca me tinha sentido tão feliz na minha vida.

"Estou tão louco por ti." Ele disse e consegui afastá-lo um pouco, puxando-o outra vez para mim para desta vez poder ser eu a beijá-lo.

Ele limitou-se e agarrar-me e a ficar deitado sobre mim enquanto prolongavamos esta experiência o máximo possível.

Noragami - Férias de NatalWhere stories live. Discover now