Noragami - Férias de Natal

Capitulo 30 - O que aconteceu à Hiyori?

Ruas da Cidade, 16h30...

Yato

A Hiyori continuava a correr e eu também continuei a ir atrás daquele fantasma, estava pronto para tentar atacar com aquela criatura mais uma vez, mas a Hiyori chamou-me e desconcentrei-me. "Yato!" Ela gritou e olhou para mim. "Tem calma, eu já o apanho." Informei (enquanto me referia ao fantasma), mas por alguma razão ela pareceu ignorar-me. "Apanha!" Ela gritou mais uma vez e quase não acreditei no que vi.

Não, ela não o tinha feito. Pelo amor de Deus, ela não o tinha feito. Espera, ela tinha mesmo... Onde raio é que ela tem a cabeça? Quem é que atira um bebé (e ainda por cima tão pequenino) pelos ares e sem qualquer tipo de segurança enquanto espera que eu o apanhe? Isto é de loucos...

"Mas que...?!" Reclamei incrédulo e parei de correr, deixando instintivamente o Yukine cair ao chão (na forma de duas espadas). "O que raio te passou pela cabeça?" Reclamei estupefacto depois de apanhar o bebé e enquanto ela corria sei lá para onde, mas o fantasna parou de ir atrás dela e olhou para mim. "Cheiro... Bom..." Aquela criatura feia repetiu a frase de antes e arqueei a sobrancelha.

Espera, afinal quem é o "cheiro bom"? O bebé, a Hiyori, ou eu? Antes a Hiyori tinha o bebé e era o alvo, e agora eu tenho o bebé e sou eu o alvo. Ou seja, o "cheiro bom" é o bebé, fantástico... Agora tinha que me proteger a mim, à Hiyori, ao Yukine, e ao bebé...

"Maldição..." Acabei por grunhir enquanto o fantasma se aproximava de nós os 3 (eu, o Yukine e o bebé). Como o bebé estava a ocupar os meus braços no meu colo não ia conseguir lutar a sério, mas se o devolvesse à Hiyori o fantasma ia atrás dela outra vez, e isso estava sem duvida fora de questão.

Preparei-me para mesmo assim tentar lutar contra o fantasma, mas ao fim de alguns segundos a Hiyroi começou a correr feita maluca até mim e confesso que fiquei confuso, o que é que ela tem na cabeça desta vez? Ou está simplesmente a tentar fugir?

O fantasma esticou um dos seus tentáculos em direção a mim, ao Yukine e ao bebé, por isso preparei-me para tentar enfrentar aquela criatura horrível com apenas um braço, sendo que ela se preparava para me atingir com um dos seus tentáculos. Mas quando estava prestes a tentar defender-me desse mesmo ataque a Hiyori apareceu à minha frente com os braços esticados um para cada lado.

Ao inicio confesso que não percebi muito bem o que estava a acontecer, só conseguia ver a Hiyori à minha frente e com os seus cabelo castanhos compridos espalhados pelo ar.

Vi o tentáculo do fantasma aproximar-se dela e aí é que percebi o que se estava a passar. Ela estava a tentar fazê-lo outra vez: estava a tentar defender-me a mim e ao Yukine do inimigo, tal como tentou fazer quando apareceu aquela Regalia misteriosa.

Aquele tentáculo nojento atingiu o uniforme lilás da Hiyori e arregalei só olhos assim que o vi sair pelas suas costas, isto não podia estar a acontecer...

A rapariga que se erguia à minha frente deu um pequeno grito mas o mesmo desapareceu rapidamente quando a sua voz falhou, provavelmente ela estava a perder as forças e os sentidos depois de ser atingida.

Alguns salpicos de sangue espalharam-se pelo ar e o corpo da Hiyori atingiu o chão rapidamente, revelando uma mancha vermelha ao redor do seu uniforme e uma pequena poça de sangue que surgia no chão. Os olhos da rapariga em causa estavam fechados e com lágrimas nos cantos enquanto eu segurava naquele pequeno bebé e no Yukine e olhava incrédulo para o chão, ainda não tinha a certeza do que tinha acontecido.

A única coisa que sabia era que aquele maldito fantasma tinha feito mal à Hiyori, à minha Hiyori, e eu jamais poderia perdoar isso.

"Hiyori!" O Yukine gritou ao ver o corpo da rapariga no chão e coberto de sangue. "Maldito fantasma!" Gritei irritado e corri até ele, que se preparou para fazer comigo o mesmo que tinha feito com a Hiyori. Eu estava completamente a arder em raiva...

Mas consegui desviar-me do tentáculo que ele tinha lançado na minha direção e o mesmo apenas passou na minha cara de raspão, deixando um pequeno corte na minha bochecha. Nada de grave.

Deixei o bebé num telhado de uma casa ali perto para assim poder distrair o fantasma, o que deixou o mesmo hipnotizado a olhar para o bebé, por isso aproveitei aquela oportunidade para dar cabo dele de uma vez por todas.

Aproximei-me das suas costas cheias de olhos e apesar de os mesmos me conseguirem ver, acabei por conseguir cortar o fantasma em 2. O mesmo desapareceu rapidamente e fui buscar o bebé, que tinha deixado no telhado da tal casa.

"Yato, a Hiyori..." O Yukine alertou-me e olhei para a mesma, que continuava estendida no chão. "Hiyori!" Chamei enquanto corria até ela. Assim que a alcancei vi que já havia uma pequena quantidade de sangue ao seu redor. Isto não era nada bom...

"Precisamos de a levar à residência da Bishamon, para o Kazuma e os outros tratarem dela com as ervas medicinais deles." O Yukine disse após voltar à sua forma humana.

"As ervas medicinais deles não vão fazer nada neste tipo de ferimento. A única opção que temos é levá-la a um hospital para poderem tratar dela devidamente." Informei e peguei no telemóvel da Hiyori.

"Segundo me lembro, os pais dela são médicos, por isso é só ligar-lhes a dizer que encontramos a filha deles a sangrar e inconsciente. Como eles não nos conseguem ver, podemos ir com eles na ambulância e ficar no quarto do hospital com a Hiyori o tempo todo." Expliquei o meu raciocínio ao Yukine enquanto ouvia os "pi's" da chamada.

"Estou?" A voz da mãe da Hiyori soou pelo telemóvel. "Peço muita desculpa, mas acho que encontrei a sua filha na rua. É uma jovem com um uniforme lilás e com cabelo castanho comprido que está inconsciente e a sangrar." Fiz de conta que era um desconhecido.

"Oh meu Deus! Eu vou já para aí com uma equipa médica." A voz da mulher era muito preocupada. "Ok, obrigado." Agradeci e desliguei a chamada assim que lhe dei a nossa localização.

"Será que ela vai ficar bem?" O Yukine perguntou com uma voz tremula. A verdade é que nem eu tinha a certeza, a única coisa que via era sangue e mais sangue, por isso confesso que também estava assustado com o que poderia acontecer à Hiyori.

"Eu não sei, mas o pai dela é um bom médico. Tenho a certeza de que tudo vai correr bem." Tentei convencer-me mais a mim próprio.

"Espero bem que sim... Por que é que ela se atirou para a nossa frente daquela maneira? Ela queria proteger-nos, era isso? Morrer por nós?" O Yukine reclamou e as suas primeiras lágrimas caíram, o que me fez sentir algumas dores vindas das costas.

"Desculpa... Estás com dores?" O loiro perguntou-me enquanto tentava desesperadamente limpar as suas lágrimas, que continuavam a cair sem parar.

Confesso que também tinha vontade de chorar, a verdade é que ele tinha razão. Quando eu e o Yukine ficamos doentes a Hiyori tentou fazer o mesmo de hoje, tentou proteger-nos da única forma que podia: sacrificando-se. Só que dessa vez o Kazuma e a Bishamon apareceram milagrosamente e felizmente não aconteceu nada à Hiyori.

Quando lhe perguntei por que é que ela o tinha feito, ela explicou que só nos estava a tentar proteger.

Compreendo que ela esteja farta de ser protegida e de não poder proteger os outros, mas isto está fora de questão! Um sacrifício? E ainda por cima vindo dela? Não quero que ela se arrisque a uma coisa dessas... Eu devia ter tido mais cuidado, devia ter estado mais atento ao que ela andava a fazer e a pensar.

Se é para isto que ela está connosco, então prefiro cortar os laços com ela.

Agora, cá está ela. Sem sentidos e com o seu uniforme lilás coberto de sangue, com um pequeno bebé no meio disto tudo e com o um fantasma morto.

Espero que ela fique bem...