Capitulo 22 - Busca

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Ruas da Cidade, 16h30...

Hiyori

Parei de andar assim que ouvi um estrondo atrás de mim, o que me obrigou a olhar para trás. "Yato!" Gritei assim que vi que tinha sido ele a cair ao chão, provavelmente desmaiado. "Hey, Yato." Chamei ajoelhada ao seu lado mas o mesmo tinha os olhos fechados. Pousei a mão na sua testa mais uma vez e agora tinha a certeza de que ele estava a arder em febre.

"Oh, não..." Deixei escapar baixo e o mesmo abriu os olhos lentamente, o que me deixou ligeiramente menos preocupada. "Hi... Yori..." O mesmo disse baixo e voltei ao mesmo estado de preocupação de à pouco. Ele estava tão mal que quase não conseguia falar como deve de ser... "Achas que te consegues levantar?" Perguntei baixo e o mesmo acentiu em confirmação.

Acabei por ter de o ajudar a levantar-se do chão e enquanto andávamos tive que servir de apoio para ele. "Já estamos quase a chegar." Disse na esperança de animá-lo, mas ele não se manifestou devido ao mau estar. Atravessamos mais umas 2 ou 3 ruas enquanto andávamos bem devagar e o rasto do cheiro do Yukine chegou ao fim, mas não havia sinal dele.

"Não consigo encontrar mais o cheiro dele... Mas deve estar perto, tendo em conta que o rasto acaba aqui." Comentei enquanto ouvia a respiração do Yato mais acelerada do que o normal, provavelmente por causa da febre.

Uma espécie de faísca azul passou entre nós os 2 rapidamente e o Yato acabou por cair ao chão, separado de mim por aquela faísca. Surgiram mais outras 2 faíscas que me encurralaram dentro de uma espécie de triangulo. Resumindo, uma Regalia tinha lançado 3 barreiras contra mim de forma a fechar-me num triângulo, tal como aconteceu no ritual de purificação do Yukine.

"Yato!" Chamei depois de ver que ele continuava no chão. Acabei por colocar as minhas mãos num dos lados daquele triângulo e os meus dedos ficaram cortados, ótimo... "Quem está aí?" Perguntei de imediato, só uma Regalia podia fazer uma coisa destas.

"S..." O Yato começou a falar e voltei a olhar para ele. "Sekki!" O mesmo chamou com todas as suas forças e duas espadas surgiram nas suas mãos. Boa, eu sabia que o Yukine estava perto! "Yukine... Tudo bem?" O Yato perguntou com uma voz trémula.

"Não... Eu tenho frio..." O mesmo disse e tentei passar pelo triângulo que me rodeava, mas a única coisa que consegui foi ganhar mais uns cortes nas mãos. Eu acho que estou a ficar mais burra a cada minuto que passa... "Achas mesmo que consegues lutar, Deus Yato?" Uma voz feminina surgiu, eu já tinha ouvido esta voz em algum lado, mas não conseguia perceber de quem era.

"Eu vou..." O Yato tentou falar e levantou-se do chão, erguendo as suas espadas (o Yukine). "Não consegues fazer nada nesse estado!" Avisei enquanto via as suas mãos tremerem, naquele estado não conseguia perceber como é que ele se mantinha em pé. A sua situação era critica: todo o seu corpo tremia, os olhos lacrimejavam e estavam vermelhos, e as mãos também tremiam bastante.

"A tua amiga tem razão, mais vale enfrentares a morte e deixar que toda a gente te esqueça." A mesma pessoa de à pouco falou e alguém com uma capa negra que lhe cobria todo o corpo surgiu vindo sei lá de onde.

Espera, ser esquecido? É verdade... Teoricamente, um Deus pode morrer quantas vezes quiser porque volta sempre a ressuscitar, apenas perde as memórias da sua ressurreição/ vida anterior. Mas isto só acontece com os Deuses bastante conhecidos e com vários seguidores. No caso do Yato, quase ninguém sabe da existência dele (apesar de ser muito forte) e tem muito poucos seguidores, por isso acaba por ser esquecido facilmente e assim não é capaz de ressuscitar inúmeras vezes.

Ou seja, na situação do Yato, se ele morrer agora, não haverá ninguém que se lembre dele, por isso ele não irá ressuscitar. Era por isso que aquela pessoa estava a dizer todas aquelas coisas ao Yato, o que não me agradava nada.

"Ainda há... Uma pessoa..." O Yato gaguejou enquanto tentava continuar a erguer a sua espada no ar. Espera, há uma pessoa? Quem é? De quem é que ele estava a falar? Acabei por deixar estas questões de lado tendo em conta a situação em que nos encontrávamos.

"Para com isso, não vês que ele não pode lutar?" Tentei fazer aquela pessoa mudar de ideias, mas acho que não estava a resultar. Lembrei-me de que estava a usar o meu verdadeiro corpo, ou seja, ainda não o tinha perdido por aí algures. Boa, era a minha chance de conseguir salvar o Yato e o Yukine!

Concentrei-me um pouco e depois de alguns segundos desta maneira senti o meu verdadeiro corpo cair ao chão. Aproveitei a chance para trocar de posição com o mesmo, deixando-o dentro do triângulo e saindo do mesmo apenas com a minha forma de meia-fantasma (ou seja, a forma com cauda (ou melhor, linha de vida)).

"Mas que...?" A pessoa que se erguia à nossa frente deixou escapar, provavelmente surpreendida com o que eu tinha feito. Coloquei-me à frente do Yato e do Yukine (que ainda estava em forma de arma) e estiquei os braços para os lados como forma de proteção. "Não vou deixar que lhes toques!" Informei determinada e reparei que as minhas roupas pareciam estar meias queimadas ou gastas, provavelmente por ter passado pelo triângulo de barreiras.

"Ah, claro... Achas mesmo que me consegues deter? Não tenho quaisquer problemas em matar-te." Aquela pessoa informou e vi-a preparar-se para lançar uma nova barreira até mim, se aquilo me acertá-se eu ia ser cortada ao meio, virando assim carne picada em questão de segundos.

Numa situação normal o Yato já estaria a berrar comigo por me estar a arriscar (ou melhor, sacrificar) desta maneira, mas, precisamente por ele não o estar a fazer, era óbvio que ele não estava mesmo nada bem. Mas agora não era altura para ter dúvidas quando à minha decisão, ia defender o Yato e o Yukine pela primeira vez e sem pensar 2 vezes na minha escolha.

"Adeus, pequena Hiyori." Aquela pessoa disse e fiquei um bocadinho confusa, como é que ela sabe o meu nome? A rapariga uniu os seus 2 dedos (o indicador e o dedo grande) e traçou uma linha à minha frente, originando assim uma nova faísca azul, mais conhecida como "barreira".

Era agora que ia ser cortada ao meio e virar carne picada, tinha a certeza...

Noragami - Férias de NatalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora