Capitulo 23 - Resgate

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Ruas da Cidade, 16h50...

Hiyori

"Adeus, pequena Hiyori." Aquela pessoa disse e fiquei um bocadinho confusa, como é que ela sabe o meu nome? A rapariga uniu os seus 2 dedos (o indicador e o dedo grande) e traçou uma linha à minha frente, originando assim uma nova faísca azul, mais conhecida como "barreira".

Era agora que ia ser cortada ao meio e virar carne picada, tinha a certeza...

Pensei mesmo que estava acabada, mas eis que uma nova faísca azul surge vinda sei lá de onde e corta a barreira que me tinha sido lançada. Fiquei a olhar para o nada, surpreendida com o que tinha acabado de acontecer, tal como a Regalia que me tinha lançado a barreira.

"Hiyori!" Ouvi o Kazuma chamar e abri a boca em surpresa. "Kazuma?" Deixei escapar ao ver uma das Regalias da Bishamon aparecer. Espera, a Bishamon também estava com ele? Por que é que a Deusa que me tinha tentado matar à algumas semanas estava agora a salvar-me? Bipolaridade...

Bom, talvez ela esteja a fazê-lo a pedido do Kazuma, visto que ele não tem nada contra nós. Muito pelo contrário, até gosta bastante do Yato e de todos os outros, provavelmente por causa da sua longa história com eles.

"Estás bem?" O Kazuma perguntou-me depois de se aproximar de mim enquanto a Bishamon tratava daquela Regalia misteriosa. "Sim, mas o Yato..." Olhei para trás, encontrando-o a ele e ao Yukine (já na sua forma humana) deitados no chão.

"Hey, rapazes." O Kazuma ajoelhou-se ao lado deles, tal como eu. "Eles estavam bastante constipados e com tudo o que aconteceu ainda ficaram piores." Expliquei rapidamente enquanto o rapaz observava os 2. "Eles estão a arder em febre." O mesmo exclamou preocupado e voltei a olhar para a Bishamon.

Vi que a mesma travava uma grande luta com aquela Regalia misteriosa, estavam as duas ao mesmo nível, mas por alguma razão a rapariga secreta fugiu sem olhar para trás. "Veena, eles..." O Kazuma tentou falar após a sua Deusa dar como terminada a luta de à pouco mas a mesma interrompeu-o antes que ele acabasse a frase.

"Nem penses que eles vão para a minha residência!" A loira avisou num tom de voz agressivo. "Mas..." O Kazuma deixou escapar baixo, acho que estávamos ambos com caras demasiado fofas porque a Bishamon corou um pouco. "Só vão ficar até estarem recuperados!" A mesma disse de forma autoritária para não parecer que tinha sido "derrotada". Boa, acho que tenho que começar a ser fofa mais vezes.

Fomos teletransportados para a residência da Bishamon em questão de segundos e vi o quão era grande, cheia de Regalias que olhavam para nós com caras surpreendidas. "Não é aquele Deus que matou toda a gente?" Ouvi uma senhora perguntar a outra enquanto olhava para o Yato. O mesmo era carregado pelo Kazuma, e eu carregava o Yukine, ambos nas nossas costas.

"Não ligues ao que dizem." O rapaz de óculos disse depois de perceber que eu tinha ouvido aquele comentário. "Como é que sabiam onde é que eu e o Yato estávamos?" Resolvi perguntar para mudar um pouco o tema de conversa. "A Kofuku ligou à Veena e pediu-lhe para vos procurar. Ao inicio ela rejeitou mas eu consegui convencê-la a ajudar. Depois foi só usar o Kuraha para encontrar o teu cheiro e o do Yato, e pelos vistos chegamos mesmo na hora certa." O rapaz explicou e acabei por concordar. Se não estava errada, o Kuraha era aquela Regalia que se transformava em leão.

"Deixem-nos nuns quartos quaisquer. Eu vou dizer à Kofuku que já estão comigo." A loira informou de forma desinteressada e entrou no seu escritório, por isso segui o Kazuma até um quarto qualquer.

Depois de deixarmos os pacientes nas suas respetivas camas fui ajudar a fazer alguns remédios especiais que as outras Regalias da Bishamon sabiam fazer, eles são todos bastante simpáticos.

"Tens feridas nas mãos." A Tsuguha (uma rapariga que usava óculos e um chapéu esquisito) comentou e lembrei-me das feridas que tinha feito quando tentei passar pelo triângulo de barreiras. "Oh, é verdade..." Deixei escapar baixo enquanto olhava para as minhas mãos e ela sorriu-me. "Vamos tratar disso." A mesma disse e acenti, dando-lhe outro sorriso. Fomos as duas até uma sala que parecia uma espécie de pequena enfermaria, e assim a Tsuguha tratou dos meus cortes (que ainda eram bastantes) e depois cobriu-os com ligaduras.

"Já está." A mesma sorriu-me e voltamos para junto do Kazuma e dos outros. "Ele foi ter com o Yato e o Yukine ao quarto." O Kuraha informou-me assim que vi que o rapaz dos óculos já não estava na divisão. Acabei por ir ter com ele ao quarto e encontrei-o a dar o remédio que tinha feito com ele e as outras Regalias ao Yukine.

"Acho que depois disto a febre vai baixar rapidamente." O mesmo informou-me enquanto eu o via a dar o remédio. "Eu também pedi ao meu pai um medicamento, mas quando voltei a casa da Kofuku e do Daikoku o Yukine tinha desaparecido." Contei e mechi nos cabelos loiros do rapaz em causa, que dormia com uma cara de cansaço.

"A Veena disse-me que a Kofuku e o Daikoku já estão a vir para cá, podes ficar descansada." O Kazuma informou-me e levantou-se do banco onde estava sentado. "Eu vou indo, tenha alguns assuntos para tratar." O mesmo disse com uma expressão determinada e fiquei curiosa, será que ele sabe alguma coisa sobre o que se passou com o Yukine? Será que ele tem algum palpite acerca da identidade da Regalia que nos atacou?

"Tudo bem." Acabei por acentir e o mesmo saiu do quarto, deixando-me sozinha com os 2 rapazes. Peguei no banco onde o Kazuma tinha estado e fui para junto do Yato, sentando-me junto a ele. O seu estado estava agora bem pior do que o do Yukine, visto que se tinha esforçado demasiado.

Acabei por pegar na mão dele e suspirei, acabava por ter alguma culpa desta situação. Afinal, fui eu quem lhes pegou a constipação...

Não conseguia explicar porquê, mas estava mais preocupada com o Yato do que com o Yukine. Bom, talvez não estivesse menos preocupada com ele, mas... Podia ser por o Yato estar pior do que o Yukine, mas acho que não era apenas por isso. Era outro tipo de preocupação que não conseguia explicar por mais que tentasse, o que há de errado comigo?

Sempre tive uma grande amizade com o Yato, mas nunca me preocupei com ele desta maneira antes, e também nunca pensei em beijá-lo, coisa que já me passou pela cabeça várias vezes... E mesmo sendo só um pensamento, acabamos mesmo por nos beijar 2 vezes... Será que eu gosto dele? Será que me apaixonei pelo Yato?

Não, não pode ser isso... Mas, e se for? Se fosse esse o caso explicaria muito bem toda a preocupação que sentia, para além da necessidade de estar perto dele.

Noragami - Férias de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora