Capítulo 4

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Nina Novaes.

Depois do banho e de um café reforçado, me dirigi ao hospital normalmente. Passei pela entrada vestindo meu jaleco e cumprimentei alguns dos médicos que lembrava de ter conversado ontem. Ao chegar à recepção, Fernanda me recebeu com um abraço rápido e com a simples e aterrorizante frase:

- Seu mentor quer que você o acompanhe em todas as cirurgias hoje. Talvez precise ficar um pouco depois das seis horas. Boa sorte!

Meu segundo dia e eu já iria pra sala de cirurgia? Não sabia se comemorava ou se chorava.

Me dirigi à ala de pediatria e me encontrei com as enfermeiras de ontem.

- O Dr. Alex não chegou ainda? - perguntei tentando parecer o mais profissional possível.

- O Dr. Alex chega apenas as dez hoje, tinha um compromisso. O Dr. Roberto, que faz o turno da noite, está cobrindo ele por enquanto. Quer conhecê-lo?

- Claro!

Fui apresentada ao tal Roberto, que aparentava ter uns cinquenta anos. Graças ao bom Deus, imagine euzinha com dois mentores novos e gatos? Era demissão na certa!

Estava ajudando o Dr. Roberto com alguns prontuários de pacientes até sentir um braço sobre o meu ombro me fazendo pular de susto.

- Sentiu saudades, anjo?

- Puta, que susto! - coloquei a mão sobre a boca ao perceber o que falara, enquanto Alex apenas ria. Olhei para Roberto, que me olhava com a testa franzida, dando um sorriso sem graça.

- Obrigado por me cobrir, Roberto. Pode deixar por minha conta agora.

- De nada, Alex. Bom trabalho. Pra vocês dois - assenti com a cabeça envergonhada e o vi sumir no corredor.

- A Fernanda te avisou das cirurgias de hoje?

- Avisou sim. Estive olhando o quadro e são três ao total, certo?

- Certo! E a primeira é daqui a meia hora, por isso, acho melhor você me seguir para começar os procedimentos necessários.

- Ok - disse simplesmente, guardando os prontuários e o seguindo.

Ele tinha belas costas...

(...)

- Então vamos à prática, Dra. Nina - Alex me disse já dentro da sala de cirurgia. Eu estava bem concentrada, mas não conseguia deixar de pensar o quão atraente ele estava todo compenetrado. Qual era o meu problema? - Como devo começar?

A cirurgia em si era bem simples. O bebê havia nascido com lábio leporino e Alex iria corrigir.

- Com... - olhava todos os instrumentos na mesa e sinceramente, não fazia a mínima ideia. - Esse daqui? - apontei um qualquer.

- Vou te ajudar. Começo com esta lâmina aqui - quase! Errei por pouco - Quero então saber o porquê preciso usá-la - disse já iniciando o procedimento no menino. Observava tudo atentamente.

"Porque você pode fazer o que quiser, gato." Acho que não era uma boa resposta, embora fosse o que veio na minha cabeça prontamente.

- Porque... ele é um... bebê?! - franzi a testa, frustada.

Olhei para Alex que segurava o riso, concentrado no coitado e anestesiado menino.

- Sim. Boa resposta, doutora. Vou te fazer uma bem mais simples, então. O que te fez beber todas na sexta-feira?

Deixei sair uma exclamação assustada. O que?! Bom, por essa eu não esperava. Pensei que ele iria apenas esquecer o fato de já termos nos visto.

Anjo (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora