19 - Halloween Parte 2

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Narrativa Marshall

Passava quase das dez horas da noite. Era praticamente impossível fechar no horário, porque muitas pessoas gostariam de pedir sempre mais uma música para nossa banda. O senhor Mertens, quando viu o horário, desesperadamente prometeu para os clientes que nos traria de volta para mais um show.
Algumas garotas hesitaram, mas saíram frustradas da loja. O senhor Mertens deu tapinhas leves no meu ombro, como se dissesse "você dá um trabalho". Eddie, Ellis e eu estávamos guardando os instrumentos, mas não me contive em olhar para o outro lado da loja.

Ela era muito linda.

Fionna ria de alguma coisa que Cake falava; meus ouvidos nem se deram ao trabalho de ouvir o que parecia tão engraçado. Meus olhos só se focaram nela — eu facilmente me perderia na sua expressão.

Ultimamente, ficava mais nítido que eu não conseguia mais negar minha atração por Fionna, então desisti. Eu me rendi completamente.

Eu juro, tentei negar com todas as minhas forças. Não é como se eu nunca soubesse o quão bonita ela é — sinceramente, sempre achei. Eu só fui me tocar que não era tão certo pensar assim da irmã de um dos meus melhores amigos quando entrei na puberdade e tive mais consciência das coisas.

Mas não era tão fácil assim aceitar minha "redenção". Além de ser a irmã do Finn, ela também estava a fim de outro grande amigo meu: Flame. Então acho que o jeito mais fácil é guardar pra mim. Não é difícil se ela não souber.

Porém, não consigo mais resistir em flertar descaradamente com ela. Ver aquela carinha confusa fazia eu ganhar meu dia. Essa seria a única linha que eu poderia cruzar com Fionna, pois ela também era uma grande tapada e não entendia que eu estava flertando com ela.

— Ei, filho. — O senhor Mertens abriu a porta dos fundos, o escritório dele. Acenou para eu entrar.

Então tirei meus olhos de Fionna e entrei na sala. Ele fez um sinal para eu me sentar na cadeira de frente à sua mesa, e foi o que fiz.

— Tome. — Ele me entregou várias notas de dinheiro. — Esse é o cachê da banda.
— É sério...?
— Óbvio que é sério. Achou mesmo que não pagaria nada? — Ele deu uma risada, mas parecia um insulto. — Você tem talento. Você e sua banda.
— Obrigado. — Olhei para aquele dinheiro; era o primeiro cachê oficial que recebia pela nossa banda. Não consegui esconder o sorriso genuíno.
— Espero que possamos negociar para tocar outras vezes aqui. — Ele deu um sorriso, relaxando a postura na cadeira. — Tem mais uma coisa... Eu vi um olheiro na loja. Uma pessoa que fazia anos que não encontrava.
— Quem? — Não consegui conter minha curiosidade.
— Imagino que conhece o pai da Fionna, não? — Ele fez uma careta, cheia de desgosto. — Ele é meu irmão. Um grande produtor musical, trabalha em uma empresa grande na Califórnia, sabe? Mas não conte que ele esteve aqui pra ela...
— É, eu sei que é um assunto delicado. — Interrompi. — O conheci quando era criança.
— Pois é. Ela não chegou a ver... Não deixei. Tive uma conversa breve com ele. A princípio, quando entrou na loja, queria tentar falar com ela. Mas, quando viu vocês, ficou muito interessado. Disse que fazia tempo que não via um talento assim. Ele me pediu pra entregar um cartão. Eu não gosto das escolhas da vida dele, mas reconheço que ele é muito bom no que faz. Fique com o cartão. Ligue ou jogue fora... Mas é uma grande oportunidade.

Olhei para o cartão nas minhas mãos — preto, minimalista, com o nome "Martin Mertens" gravado em dourado.

— Ele pediu pra eu não comentar com ninguém, principalmente com a Fionna — o senhor Mertens continuou, apoiando os cotovelos na mesa. — Disse que preferia manter o lado profissional separado do pessoal.
— Então ele... quer produzir a gente? — perguntei, ainda tentando entender.
— Talvez. — O senhor Mertens deu de ombros. — Disse que vocês têm talento. Que a banda tem "matéria-prima boa". Foram as palavras dele.
— Isso soa... impessoal. — soltei, sem pensar.
— É. — O velho concordou. — Ele não parece do tipo que mistura família com negócio. Falou disso como se vocês fossem só mais uns artistas promissores que ele esbarrou por acaso.

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeDonde viven las historias. Descúbrelo ahora