Outubro de 1995
No sábado passado, na festa de Bonnibel, fui embora mais cedo. Afinal, depois dos acontecimentos com o Flame, não estava mais no clima de ficar rodeada de adolescentes bêbados que possivelmente poderiam executar um incêndio florestal a qualquer momento por causa da fogueira (o que, graças a Deus, não gerou nenhuma manchete sobre um incêndio florestal por adolescentes bêbados no dia seguinte).
E como eu fui embora? Edward aparentemente é um cara bem legal; ele me deu carona para voltar para casa. Ele e Cake queriam passar em uma lanchonete, não estavam no clima para ficar na festa, mas não porque tinham os mesmos motivos que eu. Em volta deles havia uma atmosfera colossal de flertes e sorrisos perfeitamente bobos.
Sabem quais são os sinônimos de apaixonado? Afeiçoado, amoriscado, amorudo, atraído, caído, enamorado, enfeitiçado, fascinado, gamado — e, para mim, o melhor de todos: louco. É mais no sentido figurado, ligado à intensidade emocional — arrebatado pelo sentimento. Poético.
E acredito que, no caso deles, é o que mais encaixava. Como podiam mal se conhecer e já parecer loucos um pelo outro?
Obviamente, Cake me contou todos os detalhes dos momentos que passaram juntos depois que me deixaram em casa. Como sentaram em um canto mais escuro e afastado propositalmente, conversas profundas e toques propositais, mas com o receio de ultrapassar os limites... Mas quando chegou o final da noite, ele a beijou nas escadas na frente da porta de casa.
Comemoramos juntas.
Com todos esses detalhes que ela confessou para mim, fui obrigada a contar sobre o plano...
Primeiramente, ela achou que fosse uma piada, riu muito. Mas, quando percebeu que eu não estava rindo junto, a ficha dela caiu e não acreditou no que tinha acabado de ouvir. Não a julgo; a vida inteira eu falei mal de Marshall Lee até os cotovelos para, depois de anos, juntarmos nossas forças.
Ela disse que não deixava de ser cômico, mas que não se meteria no nosso "grande plano de gênio" — palavras que disse carregadas de ironia. Mas parecia que ela tinha gostado, como se fosse uma telespectadora assistindo seu seriado favorito na TV.
Andava pelo piso de linóleo na escola, brilhando sob as luzes fluorescentes do corredor, e meus passos ecoavam mais altos do que eu gostaria. Ou talvez fosse só minha cabeça, ainda zunindo no sábado passado. A escola parecia barulhenta, mas, ao mesmo tempo, distante — como se o mundo tivesse dado um passo pra frente e eu tivesse ficado para trás, empacada por causa do sorriso gentil do Flame... que foi dado igualzinho para a Lumpy.
Legal. Bem feito pra mim.
Eu estava trocando de sala quando senti uma mão agarrar meu braço com força suficiente para me assustar, mas não o bastante para doer. Antes que eu pudesse reagir, fui puxada bruscamente para dentro de uma sala vazia — alguma antiga sala de reuniões, agora usada para guardar cadeiras empilhadas.
A porta se fechou com um clique, e lá estava ele.
Marshall.
— Caralho! — soltei, levando a mão ao peito. — Quer me matar do coração?
— Dramática — ele disse, encostando as costas na porta. — Você anda por aí com cara de quem vai explodir a qualquer momento. Achei melhor agir logo.
Cruzei os braços, desconfiada.
— O que você quer?
— Negócios — ele respondeu, erguendo uma sobrancelha. — Ou melhor... treinamento. Nosso projeto. Operação: fisgar o Flame, lembra?
Revirei os olhos.
— Depois de sábado, estou considerando abandonar essa operação.
— Por isso mesmo a gente precisa intensificar — ele se aproximou, com aquele sorrisinho de quem sempre tem uma carta escondida na manga. — E eu tive uma ideia. Um método novo. Prático. Só que vai exigir um pouco de... sigilo.
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Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
