Outubro de 1995
Sexta-feira, 19 horas e 30 segundos. Onde estou? No lugar mais improvável que imaginaria passar por toda minha adolescência: arquibancada do campo de futebol americano, sentindo cotovelos me batendo e berros enlouquecedores com vuvuzelas no meu ouvido.
Na verdade, até que o lugar é mais aceitável, comparado ao fato de que agora eu participo de festas, mas não estava acostumada com o caos, a paixão ardente e os berros estridentes ao meu redor. Vamos dizer que futebol americano... ou qualquer esporte, não é a coisa que mais combina comigo.
Estava assistindo ao jogo do meu irmão, afinal ele é o quarterback e também o capitão do time. Então, basicamente, estou apoiando-o, juntamente com a minha mãe (por um milagre ela conseguiu tirar folga para um final de semana e ficar com a gente), Cake e o novo namorado dela.
Sim. Cake e Edward estão namorando. Bizarramente rápido, diga-se de passagem. Mas, sei lá... acho que o importante é a conexão, né?
Cake estava praticamente derretendo ao lado do Edward, com aqueles olhares de "casal recém-formado" que fariam qualquer um perder a vontade de comer algodão-doce por umas boas semanas. Minha mãe, por outro lado, estava genuinamente animada, vibrando a cada jogada como se tivesse decorado todas as regras do jogo só para impressionar o Finn (mas sabemos que ela estava mais perdida que eu).
— Esse esporte é basicamente uma desculpa para homens se jogarem uns contra os outros, né? — resmunguei para mim mesma, mas Cake, com a audição seletiva de quem está apaixonada, nem me ouviu.
Tentei focar no jogo só um pouquinho. Finn correu, passou a bola, alguém caiu, a multidão levantou em um uníssono de gritos e buzinas que me fez tampar os ouvidos. O pior é que, no meio de todo o barulho, eu quase não percebi quando alguém parou no degrau logo abaixo de mim.
— Surpreendente. Achei que nunca ia te ver em um jogo de futebol, doninha. — A voz carregava aquele deboche preguiçoso que eu já reconhecia de longe.
Marshall Lee, claro. De calça preta, jaqueta de flanela amarrada na cintura. Revirei os olhos, tentando disfarçar o fato de que meu coração deu um mini pulo só de ouvir a voz dele.
— A vida é cheia de surpresas, Marshall.
Ele riu baixo, apoiando o braço no encosto do banco logo atrás de mim, como quem não tinha pressa de sair dali.
— E aí, já aprendeu a diferença entre Touchdown e First Down?
— Sei que um ganha pontos e o outro me faz querer arrancar meus ouvidos fora.
O sorriso dele se abriu ainda mais. E, por algum motivo, naquela confusão toda, eu não conseguia deixar de notar que, mesmo em um estádio cheio de gente gritando, o Marshall conseguia fazer parecer que só existia nós dois.
Cake parecia que tinha desfocado por um momento do seu romance para lançar um sorriso malicioso em minha direção, já a minha mãe ficou maravilhada com Marshall Lee entre a gente.
— Quanto tempo, querido. — Ela lhe deu um abraço como cumprimento, o mesmo retribuiu. — Como está?
— Estou bem, senhora Menters. — Marshall sorriu educado. — A senhora está cada vez mais bonita toda vez que a encontro.
— Deixa de ser um bajulador, garoto. — Ela lhe deu um leve tapa em seu braço.
Claro que minha mãe estava caindo direitinho no charme dele. Sempre que Marshall aparecia, ela ficava nesse estado — como se estivesse revivendo a adolescência e vendo um galã de revista dos anos 70 de perto. Ele era malditamente educado e gentil na frente dela também para piorar.
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Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
