2 - Balada dos Anos 80

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Setembro de 1995

Estava completamente entediada na aula de gramática. Com certeza eu estava quase dormindo, mas me forçava a manter um estado de alerta constante. Durante metade da aula, ouvi sussurros e senti olhares em minha direção. Eu sabia que me envolver com os garotos não era uma boa ideia (não que eu tivesse tido escolha). Eles me tratavam como uma irmã mais nova a ser protegida — todos, exceto o anticristo em forma humana: Marshall Lee.

Eu só queria manter a paz que sempre tive no fundamental, mas aparentemente o universo tinha outros planos.

— Ah, graças a Deus que acabou essa aula — disse Cake, vindo até minha mesa. — Não entendi nada.

Enterrei o rosto entre os braços e soltei um suspiro. — Tudo que eu passei o verão inteiro dizendo que não queria que acontecesse... aconteceu nos primeiros trinta minutos de aula.

— Ah, é por isso que você tá assim? — Cake sentou-se à minha frente. — Eu sinto que esse ano vai ser divertido. Não foi de todo mal...

Lancei um olhar mortal.

— Qual é, Fionna? Ia ser muito chato se nada mudasse. Sai da sua bolha de conforto, garota! Não é como se eles estivessem com uma arma na sua cabeça.

— Mas eu gosto da minha bolha...

— São só garotos bonitos. Eles não podem ser tão perigosos assim...

— Até você foi enfeitiçada? Minha fiel guerreira se foi! — Levantei o rosto e encarei Cake, incrédula. — Se as meninas conhecessem eles como eu conheço, não achariam nada encantadores.

— Ah, você adora eles. Não tenta me enganar. São idiotas, mas você ama essa galera como uma grande família — disse ela, rindo e me dando tapinhas no ombro. — Vamos pro intervalo?

— Vamos... — suspirei, derrotada. Cake sempre tem razão.

Fomos para o refeitório. Era dia de tilápia e a merendeira estava vestida de peixe — uma tentativa bizarra da escola de incentivar alimentação saudável. Nos sentamos e observei os grupos espalhados: teatro, challengers, time de futebol, e claro, a realeza. O ensino médio era basicamente uma monarquia disfarçada.

— Acha que eu sou uma piranha?! — gritou uma garota de cabelos pretos intensos, de pé sobre uma cadeira.

Achei que fosse uma briga, mas logo percebi: era o clube de teatro em ação. Ela encarava um garoto com a mesma intensidade. Ele subiu numa cadeira também, igualando o olhar.

— Eu sei que você é, uma piranha. Dormiu com outro!

— Dobra tua língua! — ela desceu da cadeira e marchou até ele. — Quem lhe contou tais inverdades?

— Em teus sonhos tu revelas a infidelidade! — ele avançou.

— Fato! Mas sonhadores sonham... com homens e garotos querendo me levar pra cama!

— DISSIMULADA! — ele gritou, e fingiu se esfaquear com uma faca da cantina.

Ela gritou "NÃO!" e também fingiu cortar o pescoço com um garfo.

Silêncio total. Eles levantaram.

— Cena. — O garoto se curvou. — Sou Prismo.

— E eu, Marceline Abadeer.

Todos do refeitório bateram palmas. A apresentação foi estranha, mas curiosamente boa. Cake estava hipnotizada — certeza que vai se candidatar no final da aula.

-Testes para o Tio Vânia próxima quarta no auditório! Podem ser vocês. - Prismo dizia. Enquanto tirava panfletos de um mochila com o nome da peça.

— Faremos os papéis principais, mas há vagas para papéis menores e equipe técnica! - Marceline disse.

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeWhere stories live. Discover now