Era começo de noite quando chegamos. O céu já estava escurecendo, mas ainda restava um resquício de azul esmaecido no horizonte. O vento soprava leve, fazendo as folhas secas dançarem pelo chão.
Tinha pegado carona com o meu irmão. Ele achou estranho eu querer ir com ele numa festa de sábado à noite, em vez de preferir ficar em casa maratonando mais um episódio — religiosamente — de Barrados no Baile.
E, é claro, Cake veio me acompanhar.
A trilha sonora, quando chegamos, era Can't Stop, do Red Hot Chili Peppers, tocando no boombox. Os compartimentos atrás de algumas camionetes estavam abertos, com cobertores e algumas pessoas lá dentro — outras simplesmente jogadas na grama ao redor, enroladas em mantas. Quase todos com latinhas na mão, conversando e rindo.
Mais adiante, enfeites simples balançavam entre duas árvores — luzes natalinas reaproveitadas e uma faixa escrita à mão: "Bonnibel's Fall Bash".
Só tinha visto festas assim em filme (e não apenas os de terror).
Gumball já estava rindo alto com Jake. Perto do porta-malas de um carro aberto, onde algumas bebidas ficavam num cooler de isopor. Jake olhou na nossa direção e acenou. Finn quase foi correndo até ele e os cumprimentou.
— Trouxe o álcool? — Jake perguntou para Finn.
— Sim. — Ele mostrou o galão de álcool 70% nas mãos.
— Não acredito que a gente esqueceu. — Gumball deu um tapa na própria testa. — Ah, oi, meninas!
Jake veio me abraçar e bagunçar meu cabelo logo em seguida, o que me fez quase fazer uma careta — seus dedos estavam frios por causa da latinha. Mas eu gostava demais dele pra reclamar.
Para Cake, ele só acenou. Gumball também nos cumprimentou com um aceno.
— Vamos montar aquela fogueira logo, antes que a Bonnibel tenha um surto e arranque nossos fígados com a unha — disse Finn, se afastando do carro com Gumball e Jake. Mas ele olhou brevemente para trás, para mim. — Vão ficar bem sozinhas por enquanto?
— Sim. — Fiz um movimento com a mão para ele ir logo.
Ele revirou os olhos, mas sorriu.
As conversas iam se sobrepondo. Risos, barulhos de latinhas sendo abertas, um ou outro grito vindo de algum grupo mais animado perto das árvores. A fogueira ainda não tinha sido acesa, mas o amontoado de lenha no centro do campo improvisado já chamava atenção — como se todos estivessem esperando por um momento específico para isso acontecer. O céu escurecia de vez, puxando aquele azul esmaecido para um tom mais profundo, quase roxo.
Enquanto isso, eu estava de vela. Pois, não tinha dado nem 5 minutos quando Finn se foi, o Edward (o garoto misterioso, que já não era mais tanto assim) apareceu ao nosso lado, especificamente de Cake. Eles pareciam que estavam no próprio mundo, mas às vezes me incluíam porque não queriam me fazer se sentir excluída.
Sentia uma pitada de inveja — uma inveja boa. Cake não precisou se esforçar para o Edward notá-la, ao contrário de mim, que fiz um acordo com o inimigo.
O som da música se misturava com o estalar das folhas secas sendo pisadas por tênis e coturnos.
Foi então que os olhares começaram a se voltar para um ponto mais alto, perto do início da trilha do penhasco.
Bonnibel.
Usando um casaco rosa claro sobre um vestido com estampa xadrez, e botas combinando. O cabelo estava solto, simplesmente longo e sedoso. Segurava uma sacola com algumas lanternas e um pacote de marshmallows.
YOU ARE READING
Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
