Dei um passo para trás, me sentia desnorteada pela intensidade das ações de Marshall.
O olhar dele ainda estava ali, cravado em mim. Aqueles olhos... fizeram perder os compassos do meu coração. Marshall parecia uma tempestade de verão, um gesto curto que fazia um estrago onde passava. O quarto ficou pequeno, apertado, quase sem ar. O som da minha respiração era alto demais nos meus ouvidos, e por um segundo eu quis dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas nada saía.
E então ele piscou devagar, desviando o olhar. O silêncio ficou entre a gente, suspenso no ar. Até que ele quebrou.
— É assim que se faz.
A voz dele foi baixa, descontraída, mas tinha um tom firme, quase ensaiado. Como se ele estivesse lembrando a si mesmo do papel que devia cumprir. Ele se afastou, com passos curtos, para se sentar novamente na cama.
— Uau... Você é muito bom nisso! — tentei me recuperar, tentando parecer que aquilo não tinha efeito nenhum, como se fosse natural.
— Você queria aprender, não queria? — Ele deu um riso baixo e balançou a cabeça, mas ergueu o olhar para mim novamente. — Eu sou muito bom nisso, anote no seu caderninho.
Revirei os olhos, mas saiu uma leve risada de mim.
Me sentei na cama ao seu lado, mas virei totalmente meu corpo para ele, com as pernas cruzadas na "posição de índio". Ele virou apenas o rosto para mim, parecia curioso com minha proximidade repentina.
— Posso fazer uma pergunta que não seja relacionada à nossa lição?
Ele levantou uma sobrancelha, desconfiado.
— Depende.
— Por que você é tão bom nisso? Apenas mulherengo ou já gostou de alguém?
— Primeiro: isso são duas perguntas. — Ele deu um sorriso, parecia que estava se divertindo.
— Segundo: desde quando falamos intimidades um para o outro?
— Bom... desde que minhas intimidades foram expostas primeiro por você? — dei de ombros, me aproximando como se esperasse uma super fofoca. — Qual é, Marshall?
Ele pareceu pensativo por alguns segundos, mas suspirou.
— Não sou mulherengo... Embora eu não vá negar que seria bom no papel. — Ele deu um sorriso convencido. — Acho que é um talento natural?
— Hum... modesto. — ironizei, mas sem conseguir evitar o riso.
— E sim... — ele desviou o olhar por um segundo, como se fosse medir a reação que teria — Acho que já gostei de alguém.
— Acha? — fiz uma cara confusa, afinal não fazia sentido para mim não ter certeza se gosta ou não. — Quem?
— Não acha que está sendo intrometida demais?
— Por favor, Marshall! — tentei fazer a melhor cara de cachorro pidão que consegui e juntei as mãos num pedido.
— Tá. — Ele suspirou. — Até porque não é nada demais. Eu era um pirralho. Eu meio que gostava da Marceline quando eu era pequeno. Tipo, eu era uma criança e achava que garotas eram chatas... A Marceline era chata sim, mas depois comecei a achar ela a garota mais maneira da minha sala. Tipo, imagina como minha cabeça ficou ao saber que ela andava de skate, sabia tocar baixo e gostava de desenhos de luta. Ela também estava nem aí para mim, me esnobava sempre que podia. Isso é um prato cheio para ser minha primeira paixonite.
— Ah, então o seu tipo é garotas que te tratam mal e estão nem aí para você? — dei um sorriso, achando divertido.
— É, acho que gosto de pessoas que não estão interessadas em mim. — Ele deu uma risada baixa, parecia refletir sobre a própria história. — Definitivamente é meu tipo.
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Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
