O dia amanhecia com Basket Case do Green Day nas caixas de som penduradas pelas paredes da loja de discos do meu tio. Era uma manhã de outono com pouco sol, mas tipicamente com um clima gelado e úmido.
Eu estava batucando minha caneta nas páginas do meu caderno de matemática avançada. Sempre que me sobrava um tempo na loja, aproveitava esses minutos para deixar todas as minhas tarefas em dia. Eu me preocupava menos com as atividades da loja, pois Marshall estava aqui diariamente.
Desde que ele fez eu e Flame dançarmos na festa do Prismo, ele realmente se esforçou para nos deixar próximos. Em reconhecimento ao seu esforço, conversei com o meu tio sobre o álbum da banda de Marshall, que eu escutei e achei muito bom, e permitimos que ele trouxesse quantos CDs quisesse. Mas, aparentemente, junto com os CDs vinha o pacote completo: ele.
Ele começou a ficar mais na loja. Não entendia o porquê, mas ele começou a "trabalhar" aqui, mesmo que não fosse fichado ou ganhasse algo em troca. Como posso defini-lo? Intrometido? É, acho que isso o resume.
— Fionna, você precisa pedir para o seu tio comprar mais papel-toalha, está acabando nos banheiros. — Ele se encostou no balcão com um sorrisinho característico dele. Hoje ele vestia uma camiseta do Led Zeppelin, o que me fazia perguntar quantas camisas de banda de rock ele tinha no guarda-roupa.
— Você sabe que não trabalha aqui, não é? — Desviei minha atenção do caderno para olhar para ele.
Ele deu de ombros, como se não tivesse ouvido minha observação.
— Sei, mas alguém tem que manter a ordem nesse lugar. — Pegou uma das canetas que estavam no balcão, girando-a entre os dedos como se fosse dele.
Revirei os olhos.
— Marshall, você nem sabe onde fica o estoque direito.
— Claro que sei. — Ele apontou para a porta dos fundos com a maior confiança do mundo. — É ali, ó. Já sou um especialista.
— Especialista em quê? — arqueei uma sobrancelha. — Ficar rondando por aqui sem ser pago?
— Especialista em ser útil. — Ele se inclinou sobre o balcão, diminuindo a distância entre nós.
— Você está tão entediado assim?
— O que é tudo isso? x e y... — Ele pegou o meu caderno, ignorando totalmente minha irritação. — E números que me dão dor de cabeça só de olhar.
— Você é uma peste! — Puxei meu caderno de volta. — É lição de casa, não é algo que você vai entender.
Ele ergueu as mãos, teatral.
— Uau, calma aí, doninha. Só queria dar uma olhada no que anda ocupando tanto a sua cabecinha.
— Não é da sua conta. — Cruzei os braços, estreitando os olhos. — Você devia estar ensaiando com a sua banda, não me enchendo a paciência.
— Ensaiei ontem. — respondeu, como se fosse óbvio. — Hoje é o meu dia de te atormentar.
— Maravilha. — retruquei, seca. — Que honra.
Ele riu baixo, satisfeito.
— Vai, admite. — estreitou os olhos, me analisando. — Você gosta quando eu apareço aqui.
Engasguei com a própria saliva.
— Gosto tanto quanto gosto de matemática. — rebati.
— Então é um amor secreto, escondido no fundo. — completou, convencido, pegando outra caneta do balcão só para me irritar.
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Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
