1- Adeus Vida Escolar

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Setembro de 1995

Estava começando mais um ano letivo. Sinceramente? Eu realmente não tinha estômago pra isso. Esse ano eu seria caloura — e, para os veteranos, nada além de um bichinho de estimação, se não me encaixasse. Resumindo: o ensino médio ia me engolir viva.

Trabalhei nas férias na loja de vinil do meu tio. Agora, trabalho lá todo sábado de manhã. Diferente da maioria das pessoas da minha idade, eu não ganhava mesada. Não que eu precisasse exatamente de dinheiro — minha mãe sempre dava um jeito de suprir tudo que eu precisava. Mas eu gostava de estar cercada por música. A loja existe desde a década de 70 — a melhor década da música, segundo meu tio, que falava isso com todas as convicções do mundo. Hoje, pra minha geração, é só uma loja vintage.

Tenho um irmão dois anos mais velho que eu. Finn. Ao contrário de mim, ele é absurdamente popular — capitão do time de futebol, sorriso colgate, cabelo bagunçadamente perfeito... o pacote completo. Ele parece ter saído de um filme do John Hughes: o herói quarterback, ou seja lá o nome disso — não entendo nada de esportes.

E eu? Nada popular, socialmente desastrada e com uma única amiga: Cake. A melhor amiga que alguém pode ter. Engraçada, leal, um pouco louca — do tipo que esconderia um corpo por você. Não que eu vá precisar disso... eu acho.

— Ei, idiota, não vou te dar carona. — Finn grunhiu, com a boca cheia de cereal, como se vivêssemos numa tribo de selvagens e ele fosse o mais bárbaro deles.

Estávamos no café da manhã.

— Como se eu quisesse entrar naquela lata velha! Cheira a perfume barato e cigarro. — Sorri ao ver a expressão dele. Aquele carro era tudo pra ele. O amor era tão incondicional que, se você prestasse atenção, quase dava pra ouvir Frank Sinatra tocando quando ele olhava apaixonadamente pro carro.

Antes que ele pudesse retrucar, minha mãe entrou na cozinha apressada, vestida com seu uniforme de aeromoça, coque impecável e exalando seu perfume poderoso da Lancôme. Sempre parecia atrasada. Provavelmente porque sempre estava mesmo.

— Cigarros? — ela arqueou uma sobrancelha.

— Ah, não é nada! A Fionna tá falando besteira de manhã cedo — Finn me lançou um olhar fulminante. Amor fraternal: nada como começar o dia com ele.

Ela se sentou à mesa com a gente. — Vamos mudar de assunto, por favor?

Sorri forçadamente e balancei a cabeça. — Já estou indo pra escola, senão me atraso.

— Finn não pode te levar? — ela perguntou, com aquele tom de mãe prestes a dar bronca.

— Eu não quero entrar naquela lata de sardinha. — respondi antes que ela começasse o sermão.

Saí da cozinha rápido, como uma dama... ou como alguém desajeitada tentando escapar de um interrogatório. Eu podia ouvir mentalmente The Impression That I Get, dos Mighty Mighty Bosstones, mesmo que ela não estivesse realmente tocando. Por mais que eu detestasse essa coisa de "caloura", eu sabia que, se não ficasse perto do meu irmão, seria invisível de novo.

Fui de bicicleta como sempre. Passei na casa da Cake, um quarteirão depois da minha. Ela já me esperava e veio pedalando na minha direção, acenando como uma louca.

— BOM DIA, OTÁRIA! SOMOS OFICIALMENTE DO ENSINO MÉDIO! — gritou, quase desequilibrando da bicicleta. O entusiasmo era real.

— E?

— E? Somos do ENSINO MÉDIO agora! — ela fez questão de pronunciar cada sílaba. — Estamos um passo mais perto da vida adulta! Precisamos nos destacar!

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeWhere stories live. Discover now