— É... até que não ficou tão ruim. — admitiu ele, a voz um pouco mais baixa que o normal.
Ajeitei minha roupa, sentindo o rosto quente e evitando seu olhar.
— É. Trabalho em equipe. — repeti as palavras dele, e um pequeno sorriso cínico voltou ao seu rosto.
— Viu? Meu plano era bom.
Antes que eu pudesse pensar em qualquer resposta espirituosa, o sininho da porta tocou de novo.
O som me fez recuar um passo rápido, como se tivesse sido pega no flagra em algo que nem eu sabia exatamente o que era. Marshall apenas se afastou com naturalidade, mas ainda parecia haver uma eletricidade estranha no ar.
— Voltei! — a voz animada do meu tio preencheu a loja. Ele entrou com as mãos ocupadas por uma pilha de panfletos recém-saídos da gráfica. — Crianças! Tenho os panfletos! Ficaram incríveis, a gráfica fez um traba...
Ele parou no meio da frase, olhando para cima. Seus olhos se arregalaram ao ver o esqueleto pendurado. — Uau! Mas vocês são rápidos! Ficou perfeito ali! Como conseguiram colocar tão alto?
Senti o olhar de Marshall em mim, com um sorriso travesso nos lábios. Corei e desviei o rosto.
— A gente deu um jeito. — murmurei, me afastando do balcão para parecer ocupada com outra coisa.
Foi quando uma segunda pessoa passou pela porta, logo atrás do meu tio. Cabelos loiros, camiseta azul e uma mochila pendurada em um ombro só.
— Finn! — O alívio na minha voz foi instantâneo.
— E aí. — Meu irmão sorriu, mas seu olhar passou de mim para Marshall, e depois para o esqueleto, e então para nosso tio. Ele ergueu uma sobrancelha, curioso. — Vim te dar uma carona para ir pra casa. O que está rolando aqui?
— Evento de Halloween na loja. — O Mertens mais velho disse. — Quero te ver no próximo sábado aqui, seu rostinho atrai cliente.
— Tio... — Ele revirou os olhos, mas logo deu uma risada leve. — Ok, eu vou aparecer.
— E aí, cara. — Marshall cumprimentou com um aceno de cabeça, sua postura relaxada de sempre voltando como uma segunda pele.
— E aí. — Finn respondeu no mesmo tom, porém com um sorriso. Ele se virou para mim. — Legal. Mas vamos? Já está ficando tarde.
— Sim, vamos! — Falei rápido demais, pegando minha bolsa de trás do balcão. A desculpa perfeita para escapar.
— Já vão? — meu tio perguntou, finalmente desviando o olhar dos panfletos. — E Fionna, não se esqueça de pensar na sua fantasia!
— Tchau, tio! Tchau, Marshall! — gritei por cima do ombro, sem ousar olhar para trás.
Quando o sininho da porta soou de novo, anunciando nossa saída, não pude resistir. Dei uma última espiada pela vitrine. Meu tio mostrava os panfletos animadamente para Marshall, que ouvia com um sorriso satisfeito. Ele parecia perfeitamente em casa ali. Mas seus olhos levantaram em direção a mim, e por algum motivo que eu não queria — ou não podia — admitir, aquilo me incomodou mais do que qualquer provocação que ele tivesse feito o dia inteiro.
(..)
Acredito que o grupo social mais crítico da nossa escola é o clube do teatro. Me fizeram refazer alguns cenários, pois ainda não estava da forma que eles imaginavam. Isso porque o Prismo disse que só queria ajuda com os detalhes. É, aparentemente, o conceito de "detalhes" para ele é algo bem aprofundado.
Enquanto eu estava pintando minha décima parede, Cake veio em minha direção, saltitando, aparentemente animada. Ela se agachou e sentou ao meu lado, com um sorriso mais iluminado que as luzes do palco.
— Conta-me a novidade. — Fui direta ao ponto, pois parecia que ela queria muito me contar alguma coisa.
— Você não vai acreditar. — Cake quase explodiu, batendo palmas baixinho, como se fosse guardar segredo só até o momento seguinte. — Descobri que o Flame está indo mal em matemática...
— E por que isso seria algo bom, Cake? Isso é cruel.
— Não entendeu? — Ela bufou. — Eu disse que ele está indo mal em matemática. Quem é a pessoa que a gente conhece que está na aula avançada de matemática da professora Betty Grof?
— Eu?
— Touché. — Ela deu mais palminhas. — Então, espero que saiba que ele está precisando de um tutor. E quem seria melhor para dar tutoria do que você? Essa é a sua chance!
— Você é brilhante, Cake! Brilhante! — Larguei meu pincel para longe, dando palminhas animadas também. — Mas como eu chego nele? Tipo... "descobri que você vai reprovar, então quer minha ajuda?"
— Tipo isso, mas não tão direto... — Ela coçou a nuca. — Ele vai passar na sua casa esta semana?
— Talvez na quarta, por causa do jogo do Dallas. Os meninos vão assistir ao jogo.
— Então, peça ajuda do Marshall. Ele que está dando uma de "cupido", não? Acredito que ele consiga arranjar uma solução astuta para dar uma brecha para o Flame descobrir que você é um gênio da matemática.
Fiz uma careta, mas fazia sentido, já que ainda temos uma operação para cumprir.
— É, eu já disse que eu te amo?
— Inúmeras vezes.
Olá pessoal, mais um capítulo saindo!
Vou dar uma pausa de alguns dias, então espero que aproveitem esse capítulo! 🧡
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Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Novela JuvenilFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
15 - Enfeite de Halloween
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