15 - Enfeite de Halloween

Start from the beginning
                                        

Revirei os olhos. — Você é sempre tão otimista.

Ele ergueu a sobrancelha e deu um meio sorriso. — Não é pessimismo, eu sou realista.

Bufei, mas antes que eu pudesse insistir, ele endireitou o corpo e estendeu as mãos como se a solução fosse óbvia.

— Eu te levanto.

Pisquei algumas vezes, achando que tinha entendido errado. — Hã? Como assim "me levantar"?

— Assim. — Ele se aproximou de mim e, sem pedir permissão, segurou firme na minha cintura. Seus dedos longos foram direto para as minhas coxas por cima da calça jeans para me endireitar no seu ombro. Ele me levantou como se eu não fosse nada. — Você segura o esqueleto, eu seguro você. Trabalho em equipe.

Meu coração deu um pulo tão alto que quase deixei o pobre esqueleto cair.

— Você só pode estar de brincadeira...

Com uma mão, agarrei firmemente seu outro ombro, com medo de cair a qualquer momento. Afinal, ele tinha colocado todo o meu peso em um ombro só, e mesmo parecendo que ele conseguia me segurar como se eu fosse uma pena, me senti insegura.

— Marshall! — Sibilei, tentando não me debater. — Se você me derrubar, juro que vou te assombrar pelo resto da vida.

— Relaxa, você é leve. — Ele riu. — Só coloca logo esse treco no teto.

Respirei fundo, sentindo o cheiro dele — era fresco, como se fosse cítrico. Era uma combinação estranha e que, de alguma forma, fazia todo o sentido para Marshall. Tentei ignorar o fato de que minha coxa estava firmemente pressionada contra seu ombro e que minha mão se agarrava ao tecido da sua camisa preta como se minha vida dependesse disso. Porque, no momento, parecia que dependia.

— Se apresse. — A voz dele soou um pouco abafada, vindo de baixo. — Você não é pesada, mas meu ombro não é uma prateleira.

— Cala a boca, estou tentando alcançar. — Estiquei o braço livre, o gancho do esqueleto balançando a centímetros do alvo. O gancho no teto estava um pouco mais longe do que eu previra. — Mais para... para a esquerda. Não, a minha esquerda!

Senti o corpo dele se mover, um ajuste suave e preciso que me fez balançar perigosamente. Um grito agudo escapou da minha garganta.

— Ei, eu te segurei. — A mão dele subiu um pouco mais na minha perna para me dar mais estabilidade, e o simples toque me fez prender a respiração. — Para de se mexer tanto.

— Eu não estaria me mexendo tanto se estivesse me segurando direito!

Fiz mais uma tentativa, esticando o corpo todo. Meus dedos roçaram o metal frio do gancho. Só mais um pouco. Inclinei-me para a frente, apoiando mais peso no ombro dele, e finalmente consegui encaixar o esqueleto. Ele ficou lá, pendurado de forma meio patética, balançando com o movimento.

— Consegui! — exclamei, mais aliviada do que orgulhosa. — Pode me descer agora. Com cuidado!

A descida foi mais lenta do que a subida. Marshall me girou no ar com uma facilidade desconcertante, suas mãos firmes na minha cintura até que meus pés tocassem o chão. Por um instante, mesmo já estando segura no piso de madeira, ele não me soltou.

Fiquei parada, olhando para cima, para o rosto dele. Aquele sorriso zombeteiro tinha sumido. Seus olhos negros me analisavam com uma intensidade que fez meu estômago dar um nó. Estávamos perto. Perto demais. O mundo pareceu encolher, e tudo que existia era o silêncio da loja e a respiração dele.

Ele piscou, e o momento se quebrou.

Marshall me soltou e deu um passo para trás, passando a mão pelo cabelo como se estivesse sem graça. Ele olhou para o esqueleto.

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeWhere stories live. Discover now