12 - Ensaio na Garagem

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-Pensei que a gente tinha combinado às 17h. - Ele levantou umas das sobrancelhas.

-E combinamos, é às 17:10 agora - Mostro meu relógio de pulso para ele.

-Hum. - Ele fez um som de desaprovação e olhou para o resto. - Acho que se perdemos na hora, vamos encerrar o ensaio.

O guitarrista — que eu agora sabia se chamar Eddie — soltou um suspiro quase teatral, desligando o amplificador.
— Justo agora que iríamos acertar o tom — murmurou, mas com um sorriso de canto, como se não se importasse de verdade.

O baterista bateu levemente nas bordas do prato, fazendo um som metálico ecoar, e lançou um olhar rápido para mim. Não era hostil, mas carregava aquela curiosidade típica de quem está se perguntando "quem é essa aí?".

— Não vai apresentar sua amiga? — O garoto de cabelos roxos levantou um olhar malicioso para Marshall Lee.

— Não começa — Marshall se pronunciou.

— Então eu vou me apresentar — disse ele, pegando minha mão de forma galanteadora. — Ellis P, milady.

Depositou um beijo na minha mão.

— Sério? — O guitarrista se aproximou, apertando a mão no ombro de Ellis e o puxando bruscamente. Minha mão foi solta na hora. Eddie era intimidador com sua altura. — Não liga pra ele, não. Ele é um sem-noção.

— É... não consegue ficar um segundo sem dar em cima de uma mulher no ambiente — Marshall falou com um tom ríspido, como se estivesse irritado.

— E você não consegue ficar um segundo sem bancar o estraga-prazeres — retrucou Ellis, rindo sozinho, mas se afastando até o banquinho da bateria.

Eddie voltou para o amplificador, mexendo nos cabos, mas jogou um olhar rápido para mim, como se quisesse ter certeza de que eu não tinha ficado desconfortável.

— Meu nome é Fionna Menters — respondi, dando um sorriso sem graça.

— Muito prazer, Fionna — Ellis respondeu com uma piscadinha.

Eddie revirou os olhos para o garoto de cabelos roxos, mas acenou para mim de forma educada, enquanto Marshall pegava um dos travesseiros do sofá e jogava na cabeça de Ellis P.

— Enfim... — suspirou, e apesar do tom de cansaço, havia algo mais ali, talvez irritação. Ele deu alguns passos, se colocando tão perto que eu pude sentir o cheiro leve de amaciante em seu moletom. — Vou mandar eles irem embora e a gente começa.

Assenti rapidamente, sem saber se estava mais ansiosa pelo "começar" ou pelo fato de ele estar próximo o suficiente..

Marshall não precisou falar duas vezes.

— Bora, seus inúteis — fez um gesto com a cabeça em direção à porta.

— Não ensaiamos o suficiente — Ellis retrucou, girando a baqueta entre os dedos. — Mas já entendi... visita importante. — Ele ergueu as sobrancelhas para mim, um gesto mais curioso do que insinuante.

— Não é visita — Marshall cortou, rápido demais. — É... trabalho.

Eddie, que até então estava agachado mexendo nos cabos, se levantou, avaliando a cena com a expressão de quem ainda não tinha certeza se acreditava no que ouvia. Passou por mim, ajeitando o cabo enrolado no ombro, e fez um aceno breve, quase educado.

Ellis, no entanto, demorou um pouco mais para sair. Deu dois passos até a porta, mas se virou, apontando a baqueta na minha direção.

— Seja lá o que for, boa sorte com ele. — O tom não era de quem sabia de algo, mas de quem reconhecia que lidar com Marshall não era tarefa fácil.

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeWhere stories live. Discover now