Suspirei e encostei a bicicleta no portão. "Ah, que se dane." Caminhei até a porta principal e toquei a campainha. Não demorou para que a porta se abrisse, revelando a Sra. Nilda, a empregada da família.
— Fionna? — ela abriu um sorriso caloroso. — Nossa, quanto tempo! Ainda lembro de você correndo aqui pelo jardim com o Finn e o Marshall.
— Pois é... — sorri sem jeito, desconfortável com a lembrança. — Ele tá?
— Está na garagem com a banda, como sempre. — Ela se afastou para me dar passagem. — Venha, eu levo você até lá.
— Obrigada, Nilda! — sorri para ela e entrei.
A casa não tinha mudado nada. Cada quadro, cada vaso, cada detalhe... tudo no mesmo lugar. Era chique, com aquele ar de "revista de decoração", o oposto absoluto da minha casa, onde qualquer objeto sobrevive por pura teimosia.
— Sempre vejo seu irmão por aqui — Nilda voltou a falar, com o mesmo sorriso. Eu tinha esquecido como ela gostava de conversar. — Pensei que nunca mais veria você. Compreendo que as crianças crescem, mas achei que estava enganada... ainda é amiga do nosso garoto.
Sra. Nilda, uma coisa você errou. A gente nunca foi amigos nem quando éramos crianças, mas vou deixar você acreditar que éramos sim. Ela é muito gentil para ser interrompida.
O corredor tinha aquele cheiro leve de madeira polida e café fresco, exatamente como eu lembrava. A cada passo, parecia que o passado e o presente se misturavam — mas antes que eu me afundasse nesses pensamentos, chegamos à porta lateral que dava para a garagem.
A música vinha mais alta agora, vibrando pelo chão de madeira e subindo pelas pernas como se quisesse me puxar pra dentro. Nilda abriu a porta e se afastou discretamente, me deixando ali.
A garagem estava meio escura, tomada por um caos organizado: cabos enrolados no chão, amplificadores conectados com os instrumentos e uma grande caixa de som ao lado. Também tinha um sofá de couro, duas poltronas, um frigobar ao lado e também não posso esquecer os posters das bandas de rock coladas nas paredes.
Irônico ser uma garagem sem um carro dentro.
Marshall estava no centro, de costas, com o baixo pendurado no quadril. O cabelo caía sobre o rosto enquanto ele balançava a cabeça no ritmo. O baterista, um garoto de cabelos roxos, batia tão forte que parecia querer quebrar as baquetas. O guitarrista — alto, com camiseta dos Ramones — fazia caretas exageradas a cada acorde.
Eu encostei discretamente na porta, sem entrar. Eles não me viam, e por um instante fiquei só observando. Não era exatamente o tipo de música que eu costumava ouvir — aquilo era mais sujo, mais intenso, mais... Marshall.
Quando a última nota morreu, ficou um silêncio pesado por um segundo, quebrado pelo som abafado do baterista largando as baquetas no colo. Marshall tirou a correia do baixo, passou a mão no cabelo e, com um tom sério, começou:
— Isso está bom, mas a gente pode melhorar. Eddie, tenta se soltar mais no solo...
Ele foi interrompido pelo baterista, que girou uma das baquetas nos dedos e apontou diretamente para mim.
— Acho que você tem visita, cara.
Marshall virou a cabeça devagar, como se não tivesse pressa nenhuma em confirmar quem era a tal "visita". Quando finalmente me viu, arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada.
— Ah... oi? — falei, e soou mais como uma pergunta do que como um cumprimento.
Ele não respondeu de imediato, apenas passou o baixo para o lado e se aproximou alguns passos. O sorriso dele era daquele tipo que não dizia se ele estava feliz em me ver ou irritado por aparecer em seu ensaio.
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Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
12 - Ensaio na Garagem
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