— Sigilo?

— Sigilo. Tipo, nível "não pode chegar aos ouvidos do seu irmão, senão ele surta e me soca". — Ele olhou em volta, como se alguém pudesse ouvir atrás das paredes. — Por isso pensei: hoje à noite. Sua casa. A gente "estuda". Literalmente.

Levantei uma sobrancelha.

— Estudar flerte?

— Exato. Você vai me mostrar como você daria em cima de alguém, e eu vou avaliar, ajustar, treinar você.

Arqueei a sobrancelha mais ainda.

— Isso é ridículo.

— E é exatamente por isso que vai funcionar — ele sorriu, satisfeito consigo mesmo. — Topa ou vai fugir?

Fiquei em silêncio por um segundo. Era uma péssima ideia. Uma daquelas ideias que só podiam acabar em confusão, constrangimento ou... pior. Mas, no fundo, uma parte de mim queria.

Suspirei.

— Tá. Mas você entra pelos fundos, escondido.

— Não precisa, deixa sua janela aberta que eu entro por lá.

— Marshall, meu quarto fica no segundo andar.

— E acha que eu não sei? — Ele deu uma risada debochada.

— Aparentemente descobri a verdadeira identidade do Homem-Aranha... Ok, às oito.

— Combinado — ele sorriu satisfeito.

— Você tem sérios problemas.

— E você não tem nada a perder.

Ele piscou e saiu da sala.

Fiquei ali, na sala vazia, encarando a porta ainda meio aberta.

É. Nada pode dar errado nessa noite.

Absolutamente nada.


(...)





Eu estava de pijama, mas um pijama escolhido intencionalmente para não ser atraente.

Já era estranho o suficiente toda essa situação. Tipo: "nada demais, só o Marshall vindo aqui no meu quarto pra me ajudar a flertar. Tranquilo." Como se qualquer parte dessa frase fizesse algum sentido em alguma dimensão, então minha camisa meio surrada do Nirvana serviria propriamente nesse momento.

Olhei para o meu quarto ansiosamente. Tinha limpado tudo, o que me irritava duplamente — primeiro, porque eu nunca ligava para a bagunça. Segundo, porque agora tudo parecia montado demais. Tipo um cenário.

Olhei para o relógio pela sexta vez. O ponteiro parecia zombar de mim. Ele estava atrasado? Não, eu que estava adiantada. É, acho que estou nervosa.

Suspirei. Puxei o travesseiro para o colo. Afundei o rosto nele.

— Isso é tão idiota — murmurei, abafada.

O barulho veio primeiro. Um estalo metálico, depois o som abafado de um "merda" bem colocado.

Levantei num pulo e fui até a janela. E lá estava ele.

Marshall, de moletom preto, equilibrando-se na beirada do telhado do andar de baixo como se fosse absolutamente normal invadir casas por janelas alheias. Ele me encarou com um meio sorriso, os cabelos bagunçados pelo vento, e ergueu uma sobrancelha.

— Não vai me deixar entrar, não?

Cruzei os braços, tentando disfarçar o mini infarto que ele tinha causado.

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeWhere stories live. Discover now