O silêncio caiu entre nós. Minha cabeça girava. Eu tinha acabado de fugir da situação com o Flame, para cair em um segredo muito maior.

— Eu não vou contar a ninguém — eu disse, com uma voz mais suave do que eu pensava. — Eu... juro. Eu entendo.

Apesar do meu nervosismo, queria transmitir confiança.

Marceline deu um sorriso, largando meu braço. Ela e Bonnie trocaram olhares, mas Bonnie não parecia acreditar nas minhas palavras e estava levemente tremendo. Marceline tentou encontrar a mão de Bonnie, onde ela recuou um pouco, mas acabou cedendo.

— Tudo bem, eu acredito em você — Marceline finalmente se pronunciou, largou a mão de Bonnie e andou até mim. — Isso não pode sair daqui, sabe? Muita coisa está em jogo. Bonnie é líder de torcida, está focada em vários projetos na escola e está tentando entrar em Yale. Isso deixaria uma marca e complicaria sua vida social, entende? 1995 ainda não é receptivo para pessoas assim...

— Eu juro, Marce — minha voz saiu com mais confiança, determinada. — Eu não tenho nenhum problema com isso. Eu jamais prejudicaria alguém por algo assim. Eu não sou escrota. Eu também sou superapoiadora da causa. Afinal... eu sou fã das The Runaways, amo David Bowie, inclusive acho Freddie Mercury um gênio, Janis Joplin é incrível e também acho o musical The Rocky Horror Picture Show um ícone da cultura pop... Até gosto um pouquinho do Elton John.

Minhas palavras saíam igual uma metralhadora.

— Está bem, está bem, eu acredito! — Ela deu uma risada, achando graça no meu nervosismo.
Bonnie até parecia ter sido acalmada também, pois estava rindo.

— Então, esse vai ser o nosso segredinho — Marceline piscou pra mim e voltou para perto de Bonnie.

Suspirei profundamente.

— Só quero que saibam que não tenho nenhum problema com isso. Jamais julgaria vocês por algo que também não é da minha conta...

— Obrigada, Fionna — Bonnie falou diretamente comigo, pela primeira vez na situação. Ela sorriu.

Apenas acenei com a cabeça.

— Então eu vou indo... — retribuí seu sorriso.

Quando viro as costas, bati minha testa em algo duro. Marshall segurava meus ombros; ele não tinha se movido um centímetro do lugar, mesmo eu batendo com tudo nele. Quando olho pra cima, ele me encarava com um grande ponto de interrogação.

— O que está fazendo aqui?
— Eu... o que você está fazendo aqui? — Retribuo sua pergunta.

— Ei, Marshall, está tudo bem — Marceline falou. — Ela já sabe e prometeu manter segredo. Não precisa pegar pesado.

Ele suspirou, desfazendo sua pose defensiva.

Marceline o chamou.

Ele tinha um pacote cheio de marshmallows com ele, mas deu um meio sorriso e foi até elas. Eu observei os três interagirem por alguns segundos — o jeito como Bonnie encostava de leve no braço da Marceline, como Marshall sorria pequeno, mas sincero pra elas, como se aquilo não fosse novidade.

E talvez não fosse. Talvez só fosse novidade pra mim.

Ele deixou o pacote com elas e se virou para mim.

— Vamos, Fionna — Marshall pegou no meu braço e me puxou com ele.
Eu apenas deixei ser arrastada.

— Eu tiro meus olhos um segundo de você e você consegue se enfiar em lugares mais inacreditáveis. Você não teria que estar com o Flame agora?

— E eu estava... até acontecer um probleminha.

— Probleminha?

Finalmente, tínhamos saído atrás daqueles arbustos. Por sorte, ninguém tinha percebido... ou teria alguma ideia errada. Marshall olhou ao redor, vendo Lumpy se jogando em cima do Flame, flertando descaradamente.

— Ah, entendi o "probleminha" agora — ele segurou a risada. — É, o Flame tem uma fila enorme de garotas aos seus pés. Escolheu justamente o garoto disputado.

— É, eu percebi — falei em um tom seco, enquanto olhava a interação dos dois.

— Dá um tempo, Mertens. Se lembra? Hoje era só um teste. Precisava ver se você tinha habilidade suficiente para se virar em uma conversa. Vamos dar uma pausa nessa missão. Amanhã a gente pensa no próximo passo.

— E se eu quiser desistir?

— Aí eu vou dizer que você tá sendo covarde. Mas também vou respeitar — Ele deu de ombros. — Só acho que você tem potencial. De verdade.

Levantei uma sobrancelha.

— Isso foi um elogio?

— Não se empolga, Mertens — ele riu. — Digamos que foi... um incentivo.




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Obrigada por ler até o fim, de verdade. Você é incrível 🧡

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeWhere stories live. Discover now